quinta-feira, 31 de maio de 2018

CAPÍTULO 30 - Não fuja

CAPÍTULO 30-
Parecia um filme de terror com requintes mórbidos. Enquanto eu caía em uma queda
infinita, a película da realidade se desmanchava ao meu redor e começava a definir um cenário
de pavor, conflito e destruição. A luz se fora e meu corpo mergulhava com velocidade dentro
de um mar de névoa quente e escura.
Malazar gargalhou alto mais uma vez.
Foquei minha visão e, acima de mim, a simpática casinha de tijolos brancos e marrons se
desintegrava em labaredas de fogo e se transformava nos imensos cristais das Dunas de
Vento. Antes disso, no entanto, ela rodopiou em torno do próprio eixo e as duas portas
espelhadas trocaram de posição com perfeição.
A inimaginável descoberta me fez sufocar com o próprio ar.
Como não fui capaz de perceber a maldita farsa?
Agora estava tudo tão óbvio! As peças se encaixavam: a tonteira momentânea que senti
quando entrei na pequena casa; a mesa branca bem no meio do ambiente e o vaso
centralizado sobre ela que serviriam como um proposital ponto de referência; a atmosfera
branca e ofuscante e as portas espelhadas de frente uma para a outra.
Tudo fazia parte de um jogo!
De fato, um truque simples, de mestre! Em uma fração de segundo, Malazar havia feito o
chão da casa girar cento e oitenta graus em torno do próprio eixo quando coloquei os pés
dentro dela, mas mantivera seu centro imóvel, de forma que o vaso e a flor não se mexeriam
e, consequentemente, não despertariam as minhas suspeitas. Eu pensaria, como de fato
aconteceu, que tinha sofrido uma simples tontura. Só que, a partir daquele momento, todas as
posições tinham sido alteradas!
Malazar havia trocado as portas espelhadas de lugar e, sem que eu percebesse, ele
havia colocado a vertente de saída de Chawmin atrás de mim e a porta pela qual eu havia
entrado à minha frente!
Durante todo o seu teatro, ele ardilosamente apontava e pedia para que eu abrisse a
porta errada! Aquela era a vertente de entrada de Chawmin e não a de saída, como me fez
acreditar. Astuto, ele já havia me estudado. Sempre soube que eu não a abriria por vontade
própria. Toda a conversa tinha sido pura encenação. A verdadeira porta de saída estava atrás
de mim o tempo todo e não à minha frente. Além disso, minhas suspeitas acabavam de se
confirmar: sua catacumba nunca pertenceu ao Vértice! Ela estava dentro da terceira dimensão,
em uma pequena área dentro das Dunas de Vento!
Contra a minha vontade, eu havia feito exatamente o que o diabo planejara: eu tinha
aberto Chawmin, liberado Malazar, e acabava de decretar o extermínio da segunda e da
terceira dimensões!
Refutei a palavra “amaldiçoada” para longe da minha mente e não permiti meu espírito
ser assolado pelo sentimento de culpa. Caindo ainda mais rápido, forcei meu raciocínio ao
extremo, buscando com todas as minhas forças encontrar uma solução, uma saída
minimamente razoável para todo aquele horror.
Malazar se lançava no ar, vitorioso, seguido de perto por um exército de espectros
agonizantes.
Céus! Aqueles eram os Umbris?!
As almas atormentadas tinham a aparência cadavérica e uivavam ainda mais alto do que
as raivosas rajadas de vento. O demônio, apesar da pele vermelha e órbitas completamente
negras, ainda mantinha seu disfarce humano e, com um sorriso triunfal, acelerou seu voo em
minha direção.
— Argh! — Por sorte, meu corpo se chocou contra um amontoado de terra na base da
montanha e rolou com velocidade a parte final da descida, esfolando rosto, mãos, braços e
pernas. Quando o mundo parou de girar, respirei aliviada ao perceber que não havia quebrado
nenhum osso.
Mas agora era a minha razão que rodopiava.
O vento violento das dunas cessou e, de repente, escutei bramidos de cólera, berros de
dor, relinchar de cavalos e tilintar de espadas. A noite era escura. O lúgubre ambiente era
iluminado apenas pelas tochas e a claridade dos espectros. Novo baque: a grande névoa ao
redor da arena havia desaparecido e, em seu lugar, presenciei uma sangrenta batalha entre os
zirquinianos dos quatro clãs e suas sombras.
Ah, não! O caos já havia começado! Zyrk estava em guerra!
A multidão de pessoas maltrapilhas avançava sobre os exércitos dos clãs, que, apesar
de superiores em armas e preparo, eram em número bem menor e iam tendo baixas
expressivas. A força dos magos era colocada à prova e, a julgar pelo que acontecia bem
diante dos meus olhos, sua magia não suportaria aquele ataque por muito tempo. Os soldados
de branco do Grande Conselho recuavam. As sombras miseráveis, os filhos desprezados de
Zyrk, estavam ganhando a guerra, assim como Guimlel previra.
Novo estrondo altíssimo, e a terra tremeu com violência. A multidão de zirquinianos
congelou em choque, deixando punhais, espadas e outras armas paralisarem no ar. Só agora
eles foram capazes de enxergar a chegada de Malazar e de seus Umbris.
— Protejam a híbrida!— Era a voz de Sertolin dando comando enérgico aos magos que
se encontravam dentro da arena.
Em meio ao caos, muitos zirquinianos não conseguiram abandonar o lugar e fugir, sendo
cercados pelos Umbris. Os espectros demoníacos avançaram sobre as pobres vítimas e,
brigando entre si pelos pedaços das suas almas, arrancavam pele, membros e olhos,
drenando o elixir da vida enquanto torturavam seus corpos. Eles não tentaram atacar os cinco
condenados, provavelmente por se tratarem das oferendas de seu líder.
— Não estamos conseguindo! — berrou Braham nervoso à medida que ele e seu
grupamento de magos eram subitamente repelidos da arena. — Há uma energia poderosa nos
afastando da catacumba!
— Raça repugnante! — bramia Malazar. — Vou aniquilá-la assim que sair daqui!
— Isso não vai acontecer, maldito! — rebateu o pequenino Sertolin. —Não conseguirá
ultrapassar a barreira mágica!
— Será mesmo? — Malazar desdenhou em tom desafiador.
— Seus poderes são limitados aí dentro! — Apesar de manter a postura irredutível,
Sertolin não conseguiu camuflar o semblante de preocupação.
— Ah! Esse detalhe... — O demônio parecia se divertir com a situação.
— Nina, você tem que sobreviver. Tente retornar ao portal. Nele há também uma
passagem para a segunda dimensão que é bloqueada para os zirquinianos — Uma voz
telepática sussurrou em meus ouvidos, pegando-me de surpresa. Tinha a entonação diferente,
mas eu sabia a quem ela pertencia: Shakur!
— Eu não vou fugir dessa vez — pensei determinada.
— Não entende, Nina? Só você pode desequilibrar esse duelo de forças místicas. Tudo
faz parte de um jogo diabólico. Não existem oferendas. Você é a grande oferenda! A lenda
diz que Malazar precisa sair desta catacumba antes no nascer do sol, caso contrário será
novamente encarcerado no Vértice. Mas, para conseguir isso, ele terá que se despir de seus
disfarces, assumindo sua verdadeira identidade, e se apossar da sua poderosa energia. Ele
precisará te matar — alertava-me Shakur em pensamento.
— Quem disse isso? — bradou Malazar com espanto.
Droga! Ele havia escutado também!
— É um novo truque, Guimlel? — O demônio checava o lugar com a fisionomia perigosa.
— Gostou? — A voz em forma de tornado de Guimlel assumia o ato em alto e bom som.
— Muito. Aproxime-se, Guimlel.
— Não.
— Está se escondendo de mim, mago? — atiçou Satanás. — Não consigo enxergá-lo em
meio a essa multidão de mendigos.
— Mas eu o vejo perfeitamente. Aliás, enxergo mais do que isso. Agora tenho certeza de
que seus poderes aí dentro são irrisórios — a voz atrevida de Guimlel o enfrentava.
— Você quer jogar? — Malazar trovejou num misto de cólera e desafio e caminhou
lentamente até parar em frente à linha branca cintilante delimitada no chão da catacumba, mas
não ousou ultrapassá-la. — Ótimo! Porque é o que faço de melhor!
De costas para mim, o demônio soltou um ruído gutural, curvou o corpo para a frente e,
subitamente, jogou os braços para cima, esticando-os ao máximo.
— Cada um de vocês pagará pelos meus milhares de anos de exílio! Assistirão a uma
pequena amostra do que acontecerá com todos dessa dimensão maldita!
Então a mágica do horror aconteceu: a boca de Malazar abriu, assumindo proporções
assustadoras, e, no instante seguinte, os Umbris eram sugados, um a um, para dentro dela.
Os braços e pernas de Malazar se alongaram, a pele vermelho vivo escureceu e ganhou
escamas brilhantes e afiadas. Meu punhal dourado caiu aos seus pés quando o terno branco
deu lugar a um corpo monstruoso. Num piscar de olhos, escutei os uivos altíssimos do vento,
que ganharam um tom demoníaco quando suas rajadas ficaram abafadas, ininterruptas e com
forte odor pútrido. Os berros de pânico que apunhalavam meus ouvidos subitamente
desapareceram, como se tivessem sido propositalmente desligados. Quando a ventania
cessou, todas as tochas estavam apagadas e, dentro do oceano de escuridão e silêncio
absoluto, uma bruma fantasmagórica espalhava-se sorrateiramente.
Contraí as mãos e, quando dei por mim, esmagava o caco remanescente do vaso entre
os dedos. As feridas queimaram em minha pele e acordaram minha coragem e raciocínio.
Eu ia libertá-los!
O chão tornou a vibrar e arrepiei por inteira quando uma lufada de um vento quente e
mofado percorreu meu corpo. Tentei me afastar, dando passos lentos e meticulosos em
sentido contrário, mas minhas pernas paralisaram e meu cérebro entrou em estado de choque
ao escutar um uivo ensurdecedor seguido de um gemido abafado de pânico.
A bruma se dissipou em alguns pontos, eu me virei e entendi. Saindo lentamente por
detrás da melroada névoa, um titânico monstro de mais de cinco metros de altura guinchava
alto, jogando a cabeça de um lado para o outro sem parar. Seu surgimento aos poucos era
digno dos mais rebuscados filmes de terror. Com o corpo musculoso, andar cadenciado de um
felino e o dorso coberto por grossas escamas, sua cauda assemelhava-se à de um escorpião
e sua cabeça imensa parecia a de um abutre deformado, como se tivesse sido queimado vivo.
O mais assustador ainda estava por ser evidenciado. Ao dar seu ganido de advertência, o
animal abriu seu bico gigantesco e revelou o improvável: ele tinha enormes e afiados dentes,
completamente desalinhados, num emaranhado complexo como em uma descomunal
armadilha. Na verdade eles eram perfeitos para o seu intento: dilacerar e matar. Mordi os
lábios e meu estômago embrulhou ao identificar o corpo que vinha agarrado em suas garras
afiadas: era de Tom!
Não permitiria que a morte de Tom fosse em vão. Estava determinada a reparar de
alguma forma o mal que a minha existência havia causado àquela dimensão e a todos que me
estimaram. Eu não tinha culpa de que em minhas veias corresse o sangue daquela besta.
Nelas também havia o sangue do amor puro e desmedido de minha mãe. E, dentro do meu
peito, era meu coração quem bombeava esse sangue e definiria qual parte prevaleceria. O
mesmo coração que pulsava em gratidão pelas pessoas que, naquele momento, estavam
dando suas vidas para me salvar. O maior de todos os atos de amor.
Novo ganido me fez identificar pela pior maneira de onde vinha o cheiro de ferro que havia
sentido anteriormente: escorria sangue e uma grossa saliva por entre os caninos da fera. Ela
parou de uivar e se aproximou de onde eu estava com passadas lentas e hesitantes. A
estranha atitude me fez perceber um detalhe fundamental: suas córneas eram esbranquiçadas,
quase translúcidas. O animal era cego! Vibrei por um mísero momento, recordando-me em
seguida de que, quando a natureza nos priva de um sentido, ela aguça os demais. Nesse caso,
o olfato e a audição da besta deviam ser extremamente apurados. E, de fato, eram. Uma
pedrinha estalou sob as minhas sandálias e instantaneamente o monstro girou a cabeça na
minha direção. Fiquei imóvel, aflita com a espera interminável, até escutar um soluço abafado
às minhas costas.
Samantha?
No instante seguinte o chão tremeu com força e a fera passou como um raio por mim,
como se eu não estivesse ali, ganindo e avançando com o bico aberto em direção à pilastra
onde a loura estava amarrada. Ela ia matá-la!
Se era a mim que Malazar precisava matar, por que foi em direção à Samantha? Teria
sido pura sorte ou o animal não foi capaz de me sentir?
— Não! — berrei alto, chamando a atenção do monstro para mim e interrompendo seu
ataque. Samantha me encarava com os olhos arregalados quando desatei a correr em direção
contrária. A fera enfurecida girava a cabeça de um lado para o outro e, arrastando a garra no
chão, levantou uma nuvem claustrofóbica de poeira ao redor. Um plano bem arquitetado: o
monstro encontrara um jeito de dificultar a fuga de sua vítima. No caso, eu. Meus olhos ardiam
e, tateando o ar, corri o mais rápido que pude em sentido contrário.
— Você consegue me ouvir, não consegue? — indaguei acelerada por meio do
pensamento a Shakur.
— Sim, Pequenina — respondeu ele em minha mente.
— Caso eu consiga sobreviver, o que acontecerá com Zyrk depois que eu retornar à
segunda dimensão? — Não daria nomes, pois sabia que Malazar estaria nos escutando.
— Não sei. Esse é o grande mistério, Nina.
— Mas...
— Mas você terá ao menos poupado a segunda dimensão e derrotado Malazar,
encarcerando-o novamente no Vértice — Shakur me interrompia acelerado.
— Eu vou sobreviver e vou voltar para a segunda dimensão, mas só farei isso depois
de libertá-los. Então é bom você me dizer onde está.
— Eu já imaginava essa resposta — escutei seu murmurar telepático e sorri
intimamente. Havia mais orgulho em seu tom de voz do que reprovação. — Concentre-se no
som da minha respiração. Caminhe em silêncio pela penumbra e não pela poeira. A besta
está ficando nervosa. Além de cega, ela também não consegue captar a sua essência dentro
da catacumba. — E, após um segundo de hesitação, acrescentou: — Não tenho mais como
ajudar. Minhas forças acabaram, Pequenina.
— Eu sei, pai.
— Pai?! — estupefata, a voz grave de Malazar retumbava pela Catacumba e
bombardeava meus tímpanos. — Eu ouvi errado ou você disse mesmo essa palavra, Nina?
Aproveitei o momento em que o chão tremia com as gargalhadas furiosas do demônio
para correr em direção a Shakur. Muito abatido, ele abriu um sorriso tenso quando me viu.
Compreendi, emocionada, que ele havia me concedido um último presente: utilizara o que
restou de suas forças vitais para que eu e Rick pudéssemos ficar juntos. Abracei-o com
vontade e, sem fazer barulho, desatei a cortar as cordas com a minha arma improvisada.
— Por que tenho a impressão de que não é a mim que você chama de pai, filha? — A
besta continuava a bramir e senti que o tremor ficava ainda mais forte.
Ela se aproximava.
As malditas cordas não cediam! Utilizei todas as minhas forças e nada. Aquele pedaço
de cerâmica não era a ferramenta apropriada e o tempo não seria suficiente. Droga! Eu não ia
conseguir.
Então, como mágica, algo brilhou na escuridão: meu punhal! Ele estava a uma mínima
distância da cauda da besta, que se remexia em um perigoso movimento de vai e vem. Shakur
compreendeu minha intenção e, nervoso, começou a balançar a cabeça em negativa quando
coloquei o pedaço da cerâmica em suas mãos ainda amarradas.
— Nem pense nisso, Nina! — berrou em minha mente. — Não!
— Eu preciso, pai! Desculpe.
Antes que ele dissesse mais uma palavra, beijei-lhe o rosto com carinho e já estava
correndo em máxima velocidade. Jogando meu corpo pelo chão arenoso, deslizei em direção à
adaga e senti o aço frio do punhal preencher o espaço entre os meus dedos. Equilibrando-me
de qualquer maneira, coloquei-me de pé e continuei minha corrida em direção a Richard.
Desde que mergulhara naquela catacumba dos horrores, era a primeira vez que colocava os
olhos em meu amado e uma sensação ruim, uma mistura corrosiva de ácido e gelo,
estremeceu dentro de mim. Richard tinha o olhar distante, em uma tênue divisa entre o apático
e o sombrio. Rapidamente arranquei sua mordaça e desatei a cortar as cordas. Elas eram
muitas, mas a lâmina do punhal era afiada.
— Depois de tudo que passamos... Por quê? Por que você foi atrás dele, Nina? —
sussurrou com a voz grave e acusatória.
— Sinto muito, mas eu precisava de respostas, entender quem eu sou e compreender
meu destino, Rick — respondi acelerada.
Richard contraiu a testa e fechou os olhos, taciturno.
— E conseguiu?
— Sim, eu...
— Arrr! — Um berro abafado de dor me congelou.
John!
— Estou ficando cansado dessa brincadeira, Nina — bradou a voz satânica de Malazar.
— E agora? Você vai cooperar?
— Arrrr!
Todos meus músculos contraíram com os gemidos de dor excruciante. A poeira
assentara e a névoa se dissipava, permitindo visualizar a cena com perfeição. Amarrado às
cordas, o sangue se esvaía de uma ferida aberta no abdome de John. Nervoso, o monstro lhe
desferia bicadas, ferindo-o sem piedade no tórax e empurrando seu corpo de um lado para o
outro, como um boneco de pano. Irritado, o bicho balançava nervosamente o pescoço de um
lado para o outro. John estava entregue. O animal deu seu ganido de triunfo e curvou-se veloz
em direção à presa acuada.
Cristo Deus! Ele ia matar John!
— Nãooo! — berrei descontrolada e desatei a correr.
— Ninaaa! — Richard esbravejou às minhas costas.
Utilizando todas as minhas forças, tomei máximo impulso e, jogando-me no ar, finquei o
punhal na cauda da besta. Um som semelhante a um chocalho metálico cresceu nos meus
ouvidos. O chão tremeu e eu não estava mais nele. Ao girar de maneira abrupta, a pesada
cauda me lançou violentamente para longe. Sangue escorria por minha testa e bochechas e
minha visão embaçou. Eu queria berrar, queria me levantar, mas nenhum músculo respondeu
aos meus comandos. Minha cabeça zonza latejava e minha pele ardia. Senti meus dedos
vazios. Droga! Perdi o punhal! Em fração de segundos o monstro já estava guinchando sobre
meu corpo alquebrado, imobilizando-me com suas garras afiadas, seus dentes rangendo de
forma compulsiva a poucos centímetros do meu pescoço, a saliva nojenta caindo sobre minha
face, afogando-me.
— Merrrrrrda!
O epíteto transtornado de Richard confirmava que minha situação era péssima.

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