segunda-feira, 22 de outubro de 2018

39 - A INDAGAÇÃO DO INSPETOR - IRMÃO X

39 - A INDAGAÇÃO DO INSPETOR
O agrupamento doutrinário, naquela noite, apresentou aspecto festivo. Duas semanas
antes, Abel, um dos orientadores espirituais da casa, anunciou a visita de um mensageiro
de Jesus, marcada para àquela hora. Viria de muito alto, não só trazendo a bênção do
Senhor, mas também no propósito de inspecionar a humilde instituição.
Deviam preparar-se os companheiros para a venerável presença e, em razão disso, a
pequena comunidade se desdobrou em serviço e carinho.
Nas paredes muito limpas viam-se tufos de flores odorantes. A luz derramava-se, profusa,
de lâmpadas bem cuidadas. Extenso tapete amortecia o rumor dos passos de quantos,
cautelosamente, penetravam o recinto e a atmosfera recordava o sagrado silêncio de um
templo antigo.
Quando os dez cooperadores encarnados se agregaram em torno da mesa simples e
acolhedora, a rogativa do diretor se elevou, comovente e cristalina.
Nós mesmos, ouvindo-a, registrávamos inefável emoção.
O grupo realmente, constituía-se de servidores da crença, sinceros e bem-intencionados.
Talvez, por isso mesmo, merecia a elevada deferência da noite.
Terminada que foi a oração de abertura, fomos notificados de que o embaixador de cima
não tardaria.
Com efeito, em dois minutos, inundou-se o ambiente de suave luz.
O emissário, como que cercado por vasta auréola de estrelas evanescentes, ingressou no
santuário, revelando expressão de sublime benevolência.
Cumprimentou-nos, afavelmente, incorporou-se ao médium mais apto e, demonstrando
avançada sabedoria e inexcedíveis virtudes, saudou a turma em serviço, comentando a
magnanimidade de Jesus que nos permitia o júbilo daqueles momentos reconfortantes.
Exaltou a expectativa da esfera superior, relativamente à colaboração humana, e, em
seguida, pediu que os amigos encarnados algo informassem, individualmente, com
referência ao Espiritismo cristão na existência de cada um deles.
Tínhamos a idéia de contemplar iluminado instrutor em delicada maratona, junto a
reduzida e estudiosa classe escolar.
Constrangidos pela generosidade e pelo carinho da solicitação, os companheiros
passaram a responder, começando pelo condutor da assembléia.
- Graças a Deus! – informou o presidente do grupo – tenho aqui minha luz confortadora. O
Espiritismo renovou-me os caminhos... Sou outro homem. Meu desagradável passado
desapareceu... Em tempo algum recebi tamanha claridade no coração! Sou feliz, meu
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grande benfeitor, e agradeço ao Supremo Pai a dádiva do conhecimento que tanta
ventura me trouxe!...
Logo após, falou D. Castorina, devotada cooperadora da organização:
- Encontrei nesta fé consoladora o meu refúgio de paz. Bendito seja Jesus, o nosso Divino
Mestre!...
Depois dela, o Senhor Câmara, médium em desenvolvimento, esclareceu, emocionado:
- A Nova Revelação é maravilhosa fonte de alegria para minha alma. Não posso
expressar a gratidão que me vibra no ser.
Calando-se o companheiro, o Senhor João Costa, admirável interprete das idéias cristãs,
explicou:
- Beneficiado que fui pelo Espiritismo, nunca mais sofri dúvidas. O Evangelho dá-me
agora definitiva segurança, pois reconheço que a Justiça Divina é perfeita e que o Espírito
é imortal.
A senhora dele, logo que o marido silenciou, tomou a palavra, assegurando:
- A doutrina é minha vida!...
Finda aquela assertiva breve, o Senhor Freitas, atencioso leitor de teses científicas e mais
loquaz que ou outros, comentou em fraseologia brilhante as ponderações “richeístas”,
referiu-se ao metapsiquismo europeu e terminou, afiançando:
- O Espiritismo é o único sistema que pacifica a inteligência. Nele, temos a crença, a
razão e a lógica perfeitamente atendidas.
Depois disso, D. Emerenciana enunciou:
- Nos princípios do Espiritismo cristão, achei a minha felicidade.
E D. Nair, ao lado dela, ajuntou:
- Eu também.
Por último, o Senhor Soares, fundamente concentrado na prece, exclamou:
- O Espiritismo é o meu farol definitivamente aceso... Sem ele, há muito tempo eu estaria
nas trevas do crime...
Retornando à quietude anterior, o emissário agradeceu a reverência e o carinho que
transpareciam das respostas ao pedido que formulara e acrescentou:
- Meus amigos, que a Nova Revelação é indiscutível mensagem do céu para os caminhos
humanos, estabelecendo o império do bem, provando a sobrevivência da alma além da
morte e oferecendo conforto positivo, não padece qualquer dúvida! Todos vos sentis
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edificados, esclarecidos e felizes!... Mas o que Jesus deseja saber é justamente o que
vindes realizando com essa bênção. Em verdade, o Espiritismo é vossa lâmpada... Que
tendes feito dela? É um ideal superior... Que proveito organizais com ele? É uma dádiva
celestial... Que benefícios produzis em vós outros ou em derredor de vossos passos,
usando semelhante graça?
Interrompeu-se o inspetor divino e, em vista de se calarem os circunstantes,
respeitosamente, a se entreolharem agora espantadiços, o venerando amigo despediu-se,
bem-humorado, e prometeu voltar breve.

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