segunda-feira, 15 de outubro de 2018

33 - LEMBRANDO A PARÁBOLA - IRMÃO X

33 - LEMBRANDO A PARÁBOLA
Ao enviar três servos de confiança para servi-Lo em propriedade distante, onde outros
milhares de trabalhadores, em diversos degraus da virtude e da sabedoria, lavravam a
terra em louvor de, tua grandeza divina, o Supremo Senhor chamou-os à sua presença e
distribuiu com eles preciosos dons.
Afagado o primeiro, entregou-lhe cinco “talentos”, notificando:
– Conduze contigo estes tesouros da alegria e da prosperidade. São eles a Saúde, a
Riqueza, a Habilidade, o Discernimento e a Autoridade. Multiplica-os, aonde fores, em
benefício dos pneus filhos e teus irmãos que, em situação inferior à tua, avergados ao
solo do planeta a quem levarás minhas bênçãos, se esforçam mais intensamente.
Ao segundo servidor passou dois “talentos”, acentuando:
– Transporta contigo esta duas preciosidades, que se destinam ao esclarecimento e
auxílio do mundo a que te diriges. São ambas, a inteligência e o Poder. Estende estes
patrimônios respeitáveis às minhas construções eternas.
Ao terceiro, confiou apenas um “talento”, aclarando, cuidadoso :
– Apossa-te desta lâmpada sublime e segue. É a Dor, o dom celeste da iluminação
espiritual, Acende-a em teu campo de trabalho, em favor de ti mesmo e dos semelhantes.
Seus raios abrem acesso aos tabernáculos divinos.
Em seguida fixou os três colaboradores que partiam e explicou:
– Aguardá-los-ei de regresso, para as contas.
O tempo correu, célere, e veio o dia em coque os mensageiros voltaram ao pátrio lar.
O Soberano esperava-os no pórtico, esperançoso e feliz.
Findas as saudações usuais, o primeiro enviado adiantou-se e entregou-lhe dez
“talentos”, relacionando :
– Senhor, eis tuas dádivas multiplicada. Deste-me cinco e restituo-as em dobro.
Respeitando a Saúde, adquiri o Tempo ; espalhando a Riqueza, aliciei a Gratidão ;
usando a Habilidade, recebi a Estima; movimentando o Discernimento, conquistei o
Equilíbrio, e distribuindo a Autoridade em teu nome, ganhei a Ordem. O teu plano de
júbilo e evolução foi executado.
O Senhor o abençoou-o e explicou :
– Já que foste fiel nestes negócios de pouca monta, conceder-te-ei a intendência de
importantes interesses de minha casa.
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Aproximou-se o segundo e depositou-lhe nas mãos quatro “talentos”, informando:
– Senhor, recebe teus haveres multiplicados. Elevando a Inteligência obtive o Trabalho e,
submetendo o Poder à tua vontade sábia, atraí o Progresso. A tua expectativa de
instrução e ajuda no meu setor de atividade foi atendida.
O Pai louvou-lhe a conduta e falou, contente:
– Já que revelaste lealdade no “pouco”, ser-te-á conferido o “muito” das grandes tarefas.
Logo após, acercou-se o terceiro e último servo da expedição e, devolvendo, intacto, o
patrimônio que recebera, notificou:
– Senhor, recolhe de volta a indesejável herança que me deste... Sei que és austero e
exigente, que colhes o que não semeias e que ordenas por toda parte... Experimentando
enorme dificuldade para agüentar a carga que me puseste nos ombros temendo-te o
juízo, escondi-a na terra e reponho-a, agora, em tuas mãos... Esta dádiva é um fardo
difícil de carregar... Constituiu-se desagradável recordação por onde passei, estorvou-me
os desejos e, de modo algum, desejaria possuí-la, outra vez.
É impossível obter lucros ou vantagens com semelhante obstáculo. Retoma, pois, teu
estranho e insuportável depósito!...
O Poderoso contemplou-o, triste, e falou, enérgico:
– Servo mau e infiel, como poderias multiplicar minha benção se nem ao menos te deste
ao esforço de examiná-la? Como iluminar o caminho se mantiveste a lâmpada apagada?
Tua ociosidade transformou alguns gramas de serviço benéfico em várias toneladas de
angústia que doravante pesarão sobre ti. Criaste fantasmas que nunca existiram,
multiplicaste preocupações e receios que te levaram a gritar e espernear como simples
tolo, no avançado círculo de minhas obras... Por fim, atiraste-me o tesouro ao pântano do
desespero e da revolta e vens comentar o temor e o zelo que minha presença, te infunde,
quando foste tão somente preguiçoso e insensato! A Dor era a tua oportunidade sagrada
e única de iluminação ao próprio caminho, para que a tua claridade amparasse os
companheiros de luta regenerativa e salutar. Repeliste o dom que te confiei... Volta,
portanto, à sombra e à desesperação que abraçaste!...
E o servo, que se perdera pela imprevidência e pela inconformação, somente entendeu o
sublime valor da lâmpada do sofrimento quando se viu sozinho e desamparado, nas
trevas exteriores.

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