82 – Francisco Cândido Xavier
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PODERES OCULTOS
“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas
aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe
rogavam que os deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e
todos os que nele tocavam, saravam.”
(MARCOS, 6: 56)
Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitos a
procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes confira
posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchemse das
afirmativas de grande alcance.
O anseio de melhorarse, o desejo de equilíbrio, a intenção de manter a paz,
constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o aprendiz não se
entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o terreno dessas
cogitações com a cautela possível.
Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.
Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursos
desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocarlhe as vestiduras para que
se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos
paralíticos, a visão aos cegos. Entretanto, no dia do Calvário, vemos o Mestre ferido
e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágio divino, em
benefício da própria situação. Havendo cumprido a lei sublime do amor, no serviço
do Pai, entregouse à sua vontade, em se tratando dos interesses de si mesmo. A
lição do Senhor é bastante significativa.
É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de energias
espirituais, recordandose, porém, de que, antes do nosso, permanece o bem dos
outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que falará por nós a
Deus e aos homens, hoje ou amanhã.
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