Oito
Pergaminho Número Um
Hoje começo uma nova vida.
Hoje mudo minha pele velha que sofreu, por muito tempo, as
machucaduras do fracasso e os ferimentos da mediocridade.
Hoje renasço e meu berço é uma vinha onde há frutas para todos.
Hoje colherei uvas de sabedoria da mais cheia e produtiva videira
da vinha, pois elas foram plantadas pelos mais sábios de minha profissão
que me antecederam, geração após geração.
Hoje provarei o sabor das uvas destas videiras e, em verdade,
engolirei a semente do êxito incrustada em cada uva para que uma
nova vida possa germinar dentro de mim.
A carreira que escolhi é plena de oportunidades, embora repleta
de desgostos e desapontamentos e, se os corpos daqueles que
fracassaram fossem empilhados um em cima do outro, lançariam sua
sombra sobre todas as pirâmides da Terra.
Contudo, eu não fracassarei como os outros, pois em minhas
mãos tenho agora o roteiro que me guiará por águas perigosas às praias
que, ontem mesmo, pareceriam apenas um sonho.
O fracasso não será mais pagamento pelo meu esforço. Assim
como a Natureza não preparou meu corpo para tolerar a dor, também
não determinou que minha vida sofra o fracasso. O fracasso, como a
dor, é elemento estranho a minha vida. No passado eu o aceitei, como
aceitei a dor. Agora eu rejeito a ambos e estou preparado para a sabedoria
e os princípios que me guiarão das sombras para a luz da riqueza,
posição e felicidade, bem além dos meus sonhos mais extravagantes,
quando até mesmo as maçãs douradas do Jardim das Hespérides me
parecerão justa recompensa.
O tempo ensina tudo para quem vive eternamente, mas não tenho
o luxo da eternidade. Contudo, dentro do tempo que me foi concedido,
devo praticar a paciência, pois a Natureza jamais age apressadamente.
Para criar a oliveira, rainha de todas as árvores, cem anos são necessários.
Em nove semanas a cebola já está velha. Eu tenho vivido como uma
cebola. Isto não me agrada. Agora, desejo tornar-me a maior das oliveiras
e, em verdade, o maior dos vendedores.
E como se realizará isto? Pois não tenho nem o conhecimento
nem a experiência para alcançar grandeza e já tropeço na ignorância e
caio nas águas da lamúria. A resposta é simples. Começarei minha
jornada desembaraçado do peso de conhecimentos desnecessários e
de obstáculos da experiência sobre trabalhos sem resultados. A Natureza
sempre me forneceu conhecimento e instinto maior do que a qualquer
animal da floresta, superior até mesmo ao valor da experiência em geral
superestimado por velhos que parecem sábios, mas falam tolices,
Em verdade, a experiência ensina a fundo, porém seu curso de
instrução devora os anos dos homens e dessa maneira o valor das lições
diminui com o tempo necessário para adquirir-se sua sabedoria especial.
Seu objetivo desperdiça-se com a morte dos homens. Ademais, a
experiência é comparável à moda; uma ação que resulta em êxito hoje
poderá ser inaproveitável e impraticável amanhã.
Apenas princípios permanecem e estes eu agora tenho em meu
poder, pois as leis que me levarão à grandeza estão contidas nas palavras
dos pergaminhos. O que eles ensinarão será mais evitar o fracasso do
que obter êxito, pois o que é o êxito senão um estado de espírito? Dois,
entre mil sábios, se tanto, definirão o êxito nas mesmas palavras,
enquanto o fracasso é sempre descrito de apenas um modo. O fracasso
e’ a incapacidade do homem em atingir seus objetivos na vida, sejam
eles quais forem.
Na verdade, a única diferença entre aqueles que falharam e aqueles
que tiveram sucesso está na diferença de seus hábitos. Bons hábitos
são a chave do sucesso. Maus hábitos são a porta aberta para o fracasso.
Assim, a primeira lei que obedecerei é: formarei bons hábitos e me
tornarei escravo deles.
Quando criança, fui escravo de meus impulsos; agora sou escravo
de meus hábitos, como todos os adultos. Abri mão de minha vontade
própria, cedendo aos anos de hábitos acumulados e os últimos feitos
de minha vida já parecem estar marcados por um destino que ameaça
aprisionar meu futuro. Minhas ações são ditadas pelo apetite, paixão,
preconceito, avidez, amor, medo, ambiente, hábito, e o pior de todos
estes tiranos é o hábito. Se, portanto, devo ser escravo do hábito, que
seja um escravo de bons hábitos. Meus maus hábitos devem ser
destruídos e novos sulcos preparados para boas sementes.
Eu formarei bons hábitos e me tornarei escravo deles.
E como realizarei esse difícil feito? Através destes pergaminhos,
pois cada um deles contém um princípio que expulsará o mau hábito
de minha vida e nela recolocará outro que me conduzirá para mais perto
do sucesso. Pois é outra das leis naturais que apenas um hábito pode
dominar outro hábito. Assim, para que estas palavras escritas realizem
a tarefa escolhida, devo disciplinar-me ao seguinte, que é o primeiro de
meus hábitos:
Eu lerei cada pergaminho por trinta dias seguidos, da maneira
recomendada, antes de passar ao pergaminho seguinte.
Primeiro, lerei as palavras em silêncio, ao acordar. Depois, lerei
em silêncio, após almoçar. Finalmente, lerei de novo, antes de retirarme para o leito e, mais importante, nesta ocasião lerei em voz alta.
No dia seguinte, repetirei o processo e continuarei dessa maneira
por trinta dias. Tomarei, então, o pergaminho seguinte e repetirei esse
processo por outros trinta dias. Continuarei assim até viver com cada
pergaminho por trinta dias, e minha leitura se torne um hábito.
E o que será conquistado com esse hábito? Aqui está o segredo
oculto das conquistas humanas. Com a repetição das palavras
diariamente, elas logo se tornarão parte de minha mente ativa, porém,
mais importante, também se infiltrarão em minha outra mente, essa
misteriosa fonte que nunca dorme, que cria meus sonhos e
freqüentemente me faz agir de maneiras que mal percebo.
Assim que as palavras destes pergaminhos forem assimiladas pela
minha mente misteriosa, eu começarei a despertar, cada manhã, com
uma vitalidade que jamais conheci antes. Meu vigor aumentará, meu
entusiasmo se levantará, meu desejo de encontrar o mundo ultrapassará
qualquer medo que um dia conheci ao nascer do sol e serei mais feliz
do que jamais acreditei ser possível neste mundo de luta e tristeza.
Finalmente, encontrar-me-ei reagindo em todas as situações que
confrontar, como foi recomendado nos pergaminhos, e, logo, essas
ações e reações se tornarão fáceis de executar, pois cada ato, com a
prática, torna-se fácil.
Assim, nasce um novo e bom hábito, pois, quando um hábito se
torna fácil, através de constante repetição, é um prazer executá-lo e, se
é um prazer executá-lo, é da natureza do homem executá-lo
freqüentemente. Quando eu o executo freqüentemente, ele se torna
um hábito e eu me torno seu escravo; e desde que seja um bom hábito
é a minha vontade.
Hoje começo uma nova vida.
E juro solenemente a mim mesmo que nada retardará o
crescimento de minha nova vida. Não perderei um dia sequer destas
leituras, pois este dia não pode ser recuperado nem posso substitui-lo
por outro. Não devo, não quero quebrar o hábito de ler diariamente
estes pergaminhos e, em verdade, os poucos momentos passados cada
dia com este hábito são apenas um pequeno preço a pagar pela felicidade
e êxito que serão meus.
Ao ler e reler as palavras dos pergaminhos, nunca permitirei que
a brevidade ou a simplicidade de suas palavras me faça encarar a
mensagem como se fosse superficial. Milhares de uvas são amassadas
para encher uma jarra de vinho, e a casca da uva e sua polpa ainda são
bicadas pelos pássaros. Assim é com estas uvas de sabedoria das
gerações. Muito tem sido filtrado e abalado pelo vento. Apenas a verdade
pura permanece destilada nas palavras, para ser lembrada. Beberei
segundo as instruções e não perderei uma só gota. E absorverei a
semente do êxito.
Hoje minha pele velha se assemelha a poeira. Andarei altivo entre
os homens e eles me reconhecerão, pois hoje sou um novo homem,
com uma vida nova.
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