90 – Francisco Cândido Xavier
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VERDADES E FANTASIAS
“Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.”
Jesus (JOÃO, 8: 45)
O mundo sempre distingue ruidosamente os expositores de fantasias.
É comum observarse, quase em toda parte, a vitória dos homens
palavrosos, que prometem milagres e maravilhas. Esses merecem das criaturas
grande crédito. Basta encobrirem a enfermidade, a fraqueza, a ignorância ou o
defeito dos homens, para receberem acatamento. Não acontece o mesmo aos
cultivadores da verdade, por mais simples que esta seja. Através de todos os tempos,
para esses últimos, a sociedade reservou a fogueira, o veneno, a cruz, a punição
implacável.
Tentando fugir à angustiosa situação espiritual que lhe é própria, inventou o
homem a “buenadicha”, impondo, contudo, aos adivinhadores o disfarce dourado
das realidades negras e duras. O charlatão mais hábil na fabricação de mentiras
brilhantes será o senhor da clientela mais numerosa e luzida.
No intercâmbio com a esfera invisível, urge que os novos discípulos se
precatem contra os perigos desse jaez.
A técnica do elogio, a disposição de parecer melhor, o prurido de caminhar
à frente dos outros, a presunção de converter consciências alheias, são grandes
fantasias. É necessário não crer nisso. Mais razoável é compreender que o serviço de
iluminação é difícil, a principiar do esforço de regeneração de nós mesmos. Nem
sempre os amigos da verdade são aceitos. Geralmente são considerados fanáticos ou
mistificadores, mas... apesar de tudo, para a nossa felicidade, fazse preciso atender
à verdade enquanto é tempo.
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