sexta-feira, 24 de julho de 2020

102-O CRISTÃO E O MUNDO

102-O CRISTÃO E O MUNDO
“Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão cheio na espi-
ga.” — Jesus. (MARCOS, capítulo 4, versículo 28.)
Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à elevação
espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da Natureza, favo-
recendo-nos a compreensão.
A erva está longe da espiga, como a espiga permanece distanciada dos
grãos maduros.
Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que deseja seguir o
Salvador, é o próprio mundo.
Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidades da
existência terrestre, ninguém lhe examina os passos. Suas atitudes não
interessam a quem quer que seja. Todavia, em lhe surgindo no coração a erva
tenra da fé retificadora, sua vida passa a constituir objeto de curiosidade para a
multidão. Milhares de olhos, que o não viram quando desviado na ignorância e
na indiferença, seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com acentuada
vigilância. O pobre aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda não passa
de folhagem promissora e já lhe reclamam espigas das obras celestes;
conserva-se ainda longe da primeira penugem das asas espirituais e já se lhe
exigem vôos supremos sobre as misérias humanas.
Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde os companheiros
não os vejam.
Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se acham nas
primeiras esperanças e, por isso mesmo, em disputas mais ásperas por
rebentar o casulo das paixões inferiores na aspiração de subir; dentro da velha
ignorância, que lhe é característica, a multidão só entende o homem na
animalidade em que se compraz ou, então, se o companheiro pretende elevar-
se, lhe exige, de pronto, credenciais positivas do céu, olvidando que ninguém
pode trair o tempo ou enganar o espírito de seqüência da Natureza. Resta ao
cristão cultivar seus propósitos sublimes e ouvir o Mestre: Primeiro a erva,
depois a espiga e, por último, o grão cheio na espiga.

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