domingo, 15 de outubro de 2017

11 – CAMINHO, VERDADE E VIDA (pelo Espírito Emmanuel) INTERPRETAÇÃO DOS


“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação.”
(I PEDRO, 1: 20)
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os
milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte
séculos.
Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe
modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução
multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que
avivar­lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das
oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos
desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados.
Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas;
todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer
disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao contacto do Mestre Divino.
Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos
suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação
interior para a vida eterna.
No propósito de valorizar o ensejo de serviço, organizamos este humilde
trabalho interpretativo 1, sem qualquer pretensão a exegese. Concatenamos apenas
modesto conjunto de páginas soltas destinadas a meditações comuns.
Muitos amigos estranhar­nos­ão talvez a atitude, isolando versículos e
conferindo­lhes cor independente do capítulo evangélico a que pertencem. Em certas
passagens, extraímos daí somente frases pequeninas, proporcionando­lhes
fisionomia especial e, em determinadas circunstâncias, as nossas considerações
desvaliosas parecem contrariar as disposições do capítulo em que se inspiram.
Assim procedemos, porém, ponderando que, num colar de pérolas, cada
qual tem valor específico e que, no imenso conjunto de ensinamentos da Boa Nova,
cada conceito do Cristo ou de seus colaboradores diretos adapta­se a determinada
situação do Espírito, nas estradas da vida. A lição do Mestre, além disso, não
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Algumas destas páginas, já publicadas na imprensa espiritista cristã, foram por nós revistas e
simplificadas para maior clareza de interpretação — Nota de Emmanuel.
12 – Francisco Cândido Xavier
constitui tão somente um impositivo para os misteres da adoração. O Evangelho não
se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro imprescindível para a legislação e
administração, para o serviço e para a obediência. O Cristo não estabelece linhas
divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo
de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá­lo nas igrejas e menoscabá­lo nas ruas é
que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares,
portanto, podem ser consagrados ao serviço divino.
Muitos discípulos, nas várias escolas cristãs, entregaram­se a perquirições
teológicas, transformando os ensinos do Senhor em relíquia morta dos altares de
pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converter­lhe o evangelho de
Amor e Sabedoria em companheiro da prece, em livro escolar no aprendizado de
cada dia, em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no trabalho comum e
em código de boas maneiras no intercâmbio fraternal.
Embora esclareça nossos singelos objetivos, noto, antecipadamente, ampla
perplexidade nesse ou naquele grupo de crentes.
Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no Caminho, para adquirir a
Verdade e a Vida na significação integral.
Compreendemos o respeito devido ao Cristo, mas, pela própria
exemplificação do Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel constitui­se de
adoração e trabalho, de oração e esforço próprio.
Quanto ao mais, consola­nos reconhecer que os Textos Sagrados são
dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo, aqui nos reportamos às
palavras sábias de Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação.”
Emmanuel
Pedro Leopoldo,  2 de Setembro de 1948 

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