quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Histórias da Cabalá – A Concubina

Histórias da Cabalá – A Concubina
Essa é uma história do Zohar sobre um grande rei que estava com vontade de deixar o trono. Ele tinha um desejo intenso de que seu filho o pudesse suceder como rei, portanto decidiu testar seu caráter. Pediu à concubina mais bonita do reino para acompanhá-lo numa jornada por toda a extensão de suas terras, e também que usasse todos os seus artifícios femininos de sedução para conseguir tentá-lo ao longo dessa viagem. Ao longo da jornada, todavia, o jovem príncipe, conseguiu respeitar seus preceitos, resistindo a ela. Com isso, na volta, depois que o rei ficou sabendo do que acontecera, deu-se por satisfeito, e entregou ao filho seu reino, com a certeza de que ele seria um sucessor digno. E realmente, foi o que aconteceu.
O Zohar pergunta: quem foi o responsável pelo jovem príncipe tornar-se rei?
Foi a concubina, agindo como o Oponente dele. Se o príncipe não tivesse tido a oportunidade de ser testado, não teria sido elevado ao posto de rei.
Nosso Oponente é tanto interno quanto externo. A força externa cria as situações nas quais podemos escolher entre reagir ou não. E é a força interna do Oponente (que chamamos de Ego) que muitas vezes nos faz escolher o caminho mais fácil. É como se dissesse: “Não sou culpado por essa situação, são os outros.  Não sou culpado por não ser feliz: os outros é que são. Não tenho poder sobre minha vida, sou limitado e não sou capaz de criar minha felicidade”.
(Rav Yehudah Berg)
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O Presente da Serpente
Tudo diz respeito ao nosso merecimento, que é conquistado ou não... por nós mesmos, segundo nosso Julgamento e Consciência. Adão recebeu a Imagem e Semelhança (Tzelem... nosso recipiente divino, o Livre Arbítrio) porém só foi capaz de exercê-lo quando foi tentado pela Serpente. Foi como se ela tivesse vindo para que recebêssemos e exercêssemos, pela primeira vez, nosso Presente Divino.
Adão foi criado entre as dádivas do Paraíso, mas usufruía tudo sem ter feito nada para merecer esse estado de graça e perfeição. Só depois de ter saído do Paraíso, é que teve essa consciência e ficou em situação de conquistar essa dádiva, através do merecimento. De forma similar à história do príncipe e seu pai, a intenção do Oponente não é “fazer o mal”, e sim nos trazer uma oportunidade para acordar e realizar uma transformação interna, para nos tornarmos melhores aos nossos olhos, e assim cumprir nosso destino, segundo nosso próprio merecimento.
Ao compreendermos a profundidade dessa história do Zohar, mudamos nosso conceito sobre assumir a responsabilidade sobre por destino, e sobre o “bem” e o “mal”, que não encontram apenas fora de nós, mas dentro, segundo nosso próprio julgamento e merecimento.
Ao realizar essa tarefa, nosso Oponente torna-se a causa de nossa felicidade. Torna-se o anjo que nos traz a oportunidade de realizar uma mudança interna, nos tornando melhores e cumprindo a missão de nossas almas.
“Quando não há inimigo interno, os inimigos de fora não nos podem fazer mal”.

 

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "9 Concubina"

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