sexta-feira, 28 de setembro de 2018

16 - A PERDA IRREPARÁVEL - Irmão X

16 - A PERDA IRREPARÁVEL
A frente dos candidatos à nova experiência na carne, o instrutor espiritual esclarecia,
paternalmente :
– Não percam a tranqüilidade em momento algum, na reconstrução do destino. Em plena
atividade terrestre, é imprescindível valorizar a corrigenda. O erro não pode constituir
motivo para o desânimo absoluto. O desengano vale por advertência da vida e, com a
certeza do Infinito Bem, que neutraliza todo mal, após aproveitar-lhe a cooperação em
forma de sofrimento, o espírito pode alcançar culminâncias sublimes. O Pai somente
concede a retificação aos filhos que já se apropriaram do entendimento. Usem, pois, a
compreensão legítima, em face de qualquer provação mais difícil. A queda
verdadeiramente perigosa é aquela era que nos comprazemos, entorpecidos e
estacionários. Reerguer-se, por recuperar a estrada perdida, será sempre anão meritória
da alma, que o Tesouro Celeste premiará com o descortino de oportunidades
santificantes. A serenidade deve presidir aos mínimos impulsos de vocês na tarefa
próxima. Seria as fontes da ponderação individual, o rio da paz jamais fertilizará os
continentes da obra combativa. É indispensável, por isso, recordar o caráter precário de
toda posse na ordem material. O tempo, que é fixador da glória dos valores eternos, é
corrosivo de todas as organizações passageiras, na Terra e noutros mundos. Todas as
formas, com base na substância variável, perecerão no que se refere à máscara
transitória, dentro dos jogos da expressão.
Conservando-se atentos aos imperativos de marcha pacífica, não se esqueçam,
sobretudo, de que todo o equipamento de recursos humanos é substituível. Todos os
quadros que vocês integrarão se destinam ao processo educativo da alma. Em breve,
estarão soterrados nos séculos, como todos os espetáculos de que participamos nas
paisagens que se foram...
A lei de substituição funciona diariamente para nós todos.
Cada testemunho incompleto, cada lição imperfeita, serão repetidos tantas vezes quantas
forem necessárias.
A própria Natureza, na Crosta do Mundo, instruí-los-á diferentemente ao vaivém das
situações e das coisas.
Primavera e inverno renovam-se para a comunidade dos seres terrestres, nos diversos
reinos, há milhares de anos. As influências lunares se rearticulam, de semana a semana,
difundindo o magnetismo diferente da luz polarizada. Nos círculos planetários, infância,
juventude e velhice dos corpos funcionam igualmente para todos.
Qual ocorre na zona das formas temporárias, prepondera a substituição na ordem
espiritual.
Quem não dispõe de parentes consangüíneos, com boa vontade encontrará família maior
nos laços humanos, Se vocês não puderem suportar o clima de uma bigorna, encontrarão
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acesso à carpintaria e, em qualquer casa de ação edificante, desde que se inspirem no
ideal de servir, serão aquinhoados com as possibilidades de realizar intensivamente, na
sementeira e na seara do bem.
Nas artes e nas ciências, receberão todos vocês a benção de aprender e reaprender, de
experimentar e recapitular incessantemente.
Nas circunstâncias, aparentemente mais duras, ninguém entregue o espírito ao
desespero. Tal qual a alvorada que faz a luz resplandecer além das trevas, a
oportunidade de reajustamento, reabilitação e ascensão brilhará sempre sobre os
abismos nos quais nos precipitemos, desavisados e incautos... Guardem a paz
inalterável, porquanto, ao longo do problema esclarecido e do caminho trilhado pelos
seres mortais, tudo será reformado e substituído...
O orientador mostrou diferente brilho nos olhos e acrescentou:
– Há, porém, no decurso de nossas atividades uma perda irreparável. Com exceção dos
valores prevalecentes na jornada evolutiva, é esse prejuízo a medida que define a
distância entre o bom e o mau, entre o rico e o pobre, entre o ignorante e o sábio, entre o
demônio e o santo. Semelhante lacuna é impreenchível. Deus dispôs a Lei de tal modo
que nem mesmo a justiça d’Ele consegue remediá-la, em benefício dos homens ou dos
anjos. Ante a expectação dos ouvintes, o instrutor esclareceu:
– Trata-se da perda do dia de serviço útil, que representa ônus definitivo, por distanciar-
nos de todos os companheiros que se eximem a essa falha.
E enquanto os aprendizes se entreolhavam, admirados, o mentor paternal concluiu:
– Ajudando-nos na preservação da paz, Jesus: recomendou-nos: “contemplai os lírios do
campo!”
Entretanto, para que não zombemos do profundo valor das horas, foi Ele mesmo quem
nos advertiu:
“Caminhai enquanto tendes luz!”

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