Bahir – O Paraíso é na Terra
A Criação, a palavra ‘ET’ e o Segredo do Paraíso
31 – Perguntou o Rabino Amorai: ‘Onde é o Jardim do Éden?’
Ele respondeu: ‘Na terra’.
32 – O Rabino Ismael explicou ao Rabino Akiva:
‘Qual o significado do versículo: “No princípio Elohim criou (et) o céu e (et) a terra” (Gênesis 1:1) [Por que a palavra ‘et’ é acrescentada em ambos os lugares?]
Se a palavra ‘et’ (preposição intraduzível que liga um verbo transitivo ao seu predicado) estivesse ausente, pensaríamos que ‘céu’ e ‘terra’ eram deuses. [Pois poderíamos ler assim o versículo: “No princípio Elohim, o céu e a terra criaram...” tomando todos os três nomes como sujeitos da sentença.]
Ele respondeu: Pelo Serviço Divino! Podes ter buscado o significado verdadeiro, mas não o encontraste, e por isso falas dessa maneira. Mas {no caso de ‘céu’} a palavra ‘et’ surge para incluir sol, lua, estrelas e constelações, enquanto {no caso da terra} surge para acrescentar árvores, plantas e o Jardim do Éden.
33 – Disseram-lhe: Está escrito: “Do céu, Ele precipitou sobre a terra a beleza de Israel” (Lamentações 2:1). A partir daí, concluímos que caiu.
Ele respondeu: Se leste, não relestes, e, se relestes, não vos detivestes sobre isso uma terceira vez. A que isso se assemelha?
Um rei tinha uma bela coroa e um belo manto sobre seus ombros. Quando pressentiu marés malignas, tirou a coroa de sua cabeça e o manto de seus ombros.
Esclarece Aryeh Kaplan:
31 – A pergunta (sobre o lugar do Éden) alude ao significado espiritual. A resposta foi de que o Jardim do Éden se encontra na terra, era físico e não apenas uma entidade espiritual. O conceito é que se encontra na sefirá Malchut-Reino (o último Hei do Tetragrama Sagrado).
O Hei final é a recompensa máxima, o propósito supremo da Criação, a ‘obra que estava no primeiro pensamento.” Isso é realizado através de Malchut-Reino (nosso mundo físico).
32 – A palavra ‘ET’ é formada por Alef, Taf, ou seja, a primeira e a última letra do alfabeto hebraico, indicando uma Transição do Começo ao Fim.
33 – Nesse parágrafo, a ‘coroa’ do Rei representa a sefirá Keter-Coroa, e o manto está indicado pelo versículo: “Ele se cobre de Luz como num manto” (Salmos 104:2). O manto representa a Luz de Chochmá-Sabedoria e Biná-Compreensão, quando descem para proteger dos males as sefirot inferiores.
(Bahir – 31,32,33)
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Aqui o Livro da Iluminação faz uma alusão à Lei das Oitavas: Keter está em Malchut e Malchut está em Keter (o divino está no físico, e o físico está no divino), numa referência ao propósito da Criação.
Malchut é a sefirá que permite absorver e transformar a energia divina, enviando-a às sefirot superiores.
Isso ocorre quando nossas ações proativas aqui, as “águas femininas” (que sobem a Árvore da Vida), através de orações, atitudes e atos, conseguem enviar a energia divina manifestada para todos os mundos superiores, fechando o circuito.
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