sexta-feira, 18 de maio de 2018

CAPÍTULO 20 - Não Fuja

CAPÍTULO 20
O amontoado de corredores escuros pelos quais Truman me conduzia em nada ajudava
meu intento de desvendar possíveis saídas. Marmon conseguia ser ainda pior do que Thron
porque ali não havia gente. Mas não eram apenas os caminhos escavados desordenadamente
nas rochas que criavam uma atmosfera traiçoeira. Havia uma névoa abafada, um ar pesado e
estático obstruindo minha garganta e embaçando meu raciocínio. Algo estranho nos envolvia e
eu quase podia tocá-lo.
Um eco rasgou o silêncio absoluto. O sangue congelou instantaneamente em minhas
veias. Reconheci a voz.
Mamãe!
Outros berros nervosos, indecifráveis e sem coerência, como grunhidos animalescos,
vieram a seguir e quase me derrubaram. Por que ela berrava daquele jeito estranho? O que
eles haviam feito com ela?
Truman praguejou e me puxou com mais força, mantendo-me sempre à sua frente. Meu
coração ricocheteava dentro da caixa torácica e minha cabeça rodopiava alucinadamente,
perdida no ciclone de emoções que avançava sobre meu espírito. Expectativa. Ansiedade.
Felicidade. Medo.
Começamos a subir uma íngreme escadaria esculpida na margem da gigantesca parede
rochosa. Meus batimentos cardíacos triplicaram de velocidade quando vi a névoa negra fazer o
papel de corrimão à direita, embaralhando ainda mais os degraus desnivelados e criando
passagem escancarada para o precipício abaixo de nós. Uma mão segurou minha cintura. O
calafrio de advertência passeou por minha espinha e meu corpo enrijeceu. Algo dentro de mim
sinalizava que era Truman, e não o abismo, o maior perigo por ali.
— Está com medo, híbrida? — ele aproximou o rosto do meu. Não recuei quando seu
nariz roçou a minha nuca. Qualquer passo em falso e meu fim chegaria bem antes do
programado, nas profundezas daquele cânion maldito. — Deixe-me sentir... — ele continuava
suas investidas. — Humm... Essa energia que vem de você é bem tentadora, sabia?
Instintivamente acertei uma cotovelada em suas costelas.
— Valente, hein? Quero ver se continuará assim quando eu acabar com sua mãe, garota.
— Olhei por sobre o ombro e vi o brilho da maldade refletido em seus olhos. Deus! Aquela
injeção não era para acalmar, mas sim para matar Stela! O horror se apoderava do meu
corpo a cada degrau logrado e minha pulsação entrava em níveis perigosos. Eu precisava agir
e tinha de ser o mais rápido possível!
Imediatamente me recordei do golpe que John havia me ensinado quando estávamos em
Storm. Respirei fundo e, tentando a todo custo controlar a adrenalina desvairada em minhas
veias, abaixei num rompante, girando rapidamente o corpo. Truman quase tombou, mas
conseguiu se equilibrar desajeitadamente nas reentrâncias da parede de pedras à sua
esquerda. Aproveitando-me do momento, desvencilhei-me dele e, mesmo com as mãos
amarradas, lancei as palmas abertas em direção ao seu rosto. Ele recuou, mas, para meu
infortúnio, não urrou de dor conforme eu esperava. Se eu estava com os nervos à flor da pele
e lutava com todas as forças pela minha vida, por que minhas mãos não funcionaram contra
ele? O que havia de diferente ali? Truman franziu o cenho e avançou de forma abrupta sobre
mim, espremendo-me com fúria contra a parede rochosa.
— Você podia ter nos matado, sua estúpida! — esbravejou ele. O peso do seu corpo
imobilizava o meu por trás.
— Me solta! — ordenei com ódio assim que a mordaça se deslocou e me permitiu falar.
A pele do meu rosto ardia nos pontos onde era espremida contra a muralha áspera. O homem
tinha quase duas vezes a minha largura.
— Sabe o que eu vou fazer com uma híbrida idiota como você? — sussurrou em minha
orelha. — Tudo! E a cela da sua mãe virá bem a calhar... — arfou. — Só não decidi se
primeiramente eu faço você assistir à eliminação definitiva dela ou se deixo isso para depois de
usufruir as sensações que seu corpinho híbrido pode me oferecer. Nesse caso será sua mãe
que vai assistir — soltou uma risada forçada e o sangue ferveu em minhas veias. Revirei o
rosto e meus olhos se depararam com o frasco de vidro que continha a seringa aprisionado no
seu cinto de couro.
— Você vai morrer, verme — rosnei.
Ele achou graça da minha ameaça e me espremeu ainda mais contra a parede.
— Quanto mais difícil, melhor.
— N-Ninnn...!? F-Filh...
Aquele chamado fez toda a diferença do mundo. Tive de segurar a emoção que ameaçou
rasgar meu peito em pedaços e conter as lágrimas que romperam como mágica em meus
olhos. Ela podia estar doente ou drogada, mas minha mãe me chamava! Mamãe era uma
receptiva e captara a minha presença. Talvez por isso tenha começado a berrar e causar toda
aquela confusão. Stela, a única certeza de amor na minha vida, meu porto seguro que julgava
perdido, estava ali, tão perto e chamando por mim.
— Merda de humana! — reclamou o sujeito, afastando ligeiramente seu corpo do meu.
Bastou.
Não podia esperar para ver se minhas mãos funcionariam. Elas ainda eram um mistério
para mim... Aproveitando-me do momento, e ainda sem poder fazer amplos movimentos,
consegui segurar o frasco de vidro e, desajeitadamente, o espatifei, batendo-o com força
contra a parede. Segurei a dor das fisgadas provocadas pelos cacos de vidro penetrando em
minha pele, mas em momento algum cogitei a hipótese de reabrir minha mão. Suportei o ardor
enquanto sentia a seringa de metal tomar forma entre meus dedos encharcados de sangue e
estilhaços de vidro. No intervalo menor que de uma pulsação, eu cravava a agulha na coxa do
infeliz que, agora sim, arregalava os olhos e urrava alto. Atordoado, ele me soltou. Foi tudo tão
rápido que, somente após alguns segundos, o homem conseguiu se dar conta do que havia
acontecido.
— Morra! — berrei.
— Sua... — Truman esbravejou e voou sobre mim. Dei um pulo para trás, subindo
desequilibradamente pelos estreitos degraus. — Eu vou... — praguejou e o vi bambear logo
abaixo de mim assim que suas pupilas começaram a dilatar.
— Você vai sim, seu verme! — arranquei o molho de chaves preso em sua cintura com
tanta força que o fiz tombar para cima de mim. — Você vai para o quinto dos infernos! —
bradei assim que senti as chaves seguras entre os meus dedos, chutando-o para longe com
todas as minhas forças. Ele arregalou os olhos, mas não fez resistência. Suas pupilas
acabaram de entrar em dilatação máxima e o infeliz estava morto antes mesmo de despencar
no terrível precipício. A droga era poderosa e o matara com uma velocidade impressionante.
Mais assustador ainda foi presenciar o corpo de Truman perder o tônus ainda de pé, e, como
um boneco inflável que acabara de ser furado, ir esvaziando de cima para baixo. Sua cabeça
apática pendeu sobre o peito que, em seguida, arqueou-se para a frente, tombando sobre as
pernas bambas e despencando no precipício atrás de si. Pobre criatura!
Guiada pelos grunhidos desesperados da minha mãe, subi correndo em direção à porta
de madeira maciça que vedava a cela onde ela estava. Lá de dentro sua voz continuava
enrolada e suas frases saíam incompreensíveis. Estanquei por um instante, mirando o molho
de chaves dentro da minha mão ensanguentada e lutando para refrear a enxurrada de
emoções contraditórias que bombardeava meu coração. Tentando controlar meus nervos,
fechei os olhos e encostei a testa no batente da porta. Eu tinha de abri-la, mas, ao mesmo
tempo, era paralisada pelo medo. A Stela que eu encontraria do outro lado da porta não seria
a mesma que eu havia visto pela última vez em minha antiga dimensão, há quase dois meses,
naquele teatro da Broadway. Ela havia mudado. Eu havia mudado. Tantas coisas tinham
acontecido naquele curto intervalo de tempo! Meu mundo antigo havia ruído, engolido pela
voraz escuridão das descobertas, despedaçado em milhares de fragmentos de dor, perdas e
mentiras, e dado lugar a um novo mundo, também repleto de conflitos e desafios, mas, acima
de tudo, um universo que alvorecia e permitia novas chances, como o renascimento de uma
nova Nina. Nesta nova dimensão, eu não era uma simples garota que precisava fugir, eu era
forte. Ali eu fazia a diferença e, mesmo diante da morte, sempre haveria uma alternativa que
havia sido desprezada até então: a esperança. Onde ela estivesse sempre haveria lugar para
a vida, para o amor.
Stela entenderia isso? Minha mãe compreenderia que agora eu queria ficar e lutar e
não mais viver fugindo para sempre?
Respirei fundo e, trincando os dentes para não permitir que meu coração saísse pela
boca e se jogasse naquele precipício, destranquei a porta. Stela parara de berrar. Havia
pressentido a minha chegada? Estaria tão emocionada quanto eu? Abri a porta lentamente e
então eu a vi. Deitada em posição fetal no chão, enrolada em um lençol encardido, e encolhida
em um dos cantos do fúnebre aposento. Mamãe levantou a cabeça em minha direção. Minha
alma congelou e lágrimas ininterruptas de felicidade, dor e pavor encharcaram minha face ao
ver seu estado decadente. Ela estava suja como um animal sarnento, tinha a aparência
abatida, o olhar perdido, e, ainda assim, tentou se arrastar, forçando seu corpo a vir em minha
direção, mas não conseguiu romper o torpor que a envolvia.
— Mãe, não! — engasguei atordoada e, jogando-me ao seu encontro, peguei sua cabeça
ferida entre as minhas mãos trêmulas e a coloquei sobre o meu colo. — Mãe!
— Mrrrrr.... Ellll..... — ela balbuciava olhando de maneira assustada para a porta.
Oh, Deus! Ela estava dopada ou haviam lhe causado algum dano mental?
— M-mãe, calma! V-vai ficar tudo bem, eu... — Em pânico com a recente descoberta,
comecei a afundar no lugar.
— Filh.... — Ela percebeu o horror em meus olhos e, mesmo em seu péssimo estado, vi
quando fez um esforço colossal para me tranquilizar, mas sua língua não obedeceu e caiu
frouxa para um dos cantos da boca. Ainda assim, o esboço de um sorriso se formou em seu
rosto. Com o olhar vidrado de emoção, soltou um suspiro alto e começou a soluçar.
— Eu sei, mãe. Eu sei.
Ela envolveu meu corpo em um abraço desesperado e chorei junto. O pranto das nossas
almas, da nossa felicidade, do seu escancarado alívio e do meu agradecimento por toda a sua
vida de amor e doação. Dor e desabafo. Entendimento. Não havia mais necessidade de
dizermos nada. O amor falava por nós.
— Precisamos sair daqui — disse por fim, utilizando todas as minhas forças para me
desvencilhar do aconchego do seu abraço, o melhor e mais seguro lugar do mundo, mesmo
nas condições mais inseguras.
Mamãe tornou a fechar os olhos, exaurida. Vasculhei ao redor na procura de algo que
pudesse utilizar em nossa fuga e meu estômago se revirou de tristeza ao detectar as péssimas
condições em que ela se encontrava. Uma caneca de alumínio com água pela metade jazia
largada no chão e a única fonte de iluminação do fúnebre lugar provinha de uma tocha presa
em uma reentrância na parede rochosa. Sem colchão, sem nada. Pobre Stela! Ela já havia
sido torturada o suficiente por minha causa e não suportaria vê-la sofrer nem por mais um
segundo sequer. Estremeci ao me recordar que Von der Hess poderia aparecer a qualquer
instante.
— Mãe, existe alguém que talvez possa nos ajudar.
Olhei para o molho de chaves e segurei a ânsia de tensão que subia pelo meu estômago.
Sabia que estávamos em uma situação muito ruim e a única pessoa que poderia nos ajudar
naquele momento talvez estivesse em condição ainda pior, mas algo me impulsionava a
arriscar. Ela segurou meu braço com seu resquício de forças, e, como que pressentindo algo,
arregalou os olhos. Traguei o ar com dificuldade ao vê-la tão preocupada.
— Eu sei o que estou fazendo. Confie em mim. Eu te amo — disparei num sussurro e
beijei sua testa. Ela soltou um grunhido em forma de murmúrio, mas, sem forças, tornou a
tombar a cabeça no meu colo. Fechou os olhos e, para minha sorte, eles estavam distantes
quando ela os reabriu, dando-me chances para sair rapidamente dali.
#
— Preciso da sua ajuda — disse de rompante assim que abri a porta da única cela além
daquela onde se encontrava mamãe, na extremidade da escadaria de pedras e ponto mais
alto do penhasco esculpido em uma das paredes que margeavam o grande cânion.
— Estou pronto — respondeu o líder de negro de bate-pronto. Ele guardou algo
repentinamente no bolso de sua calça antes de ajeitar o pedaço de pano que colocara no lugar
da máscara fraturada. Soltei o ar, num misto de surpresa e alívio.
— Richard! — corri acelerada ao seu encontro.
— Oi, Tesouro! — piscou ele, ainda sentado no chão. Ele tinha a voz arrastada e
aparentava estar num quadro de sonolência artificial. As cordas rasgadas no chão
comprovavam que Shakur havia conseguido se soltar e também liberar Richard.
— O quê... ?
— Estou tentando acordá-lo há algum tempo, mas não está reagindo. Ele vai precisar de
mais tempo — explicou o líder de Thron com tom de voz estranho.
— Como assim? Nós não temos esse tempo! — guinchei ao ver que Richard jamais
conseguiria descer os degraus que margeavam o precipício naquele estado letárgico. — Sua
magia não funciona aqui?
— Ela é inexistente em áreas de forças obscuras — explicou taciturno enquanto olhava
para o nada.
— Mas você é forte! Pode carregá-lo! — Eu quase implorava.
— Não se faça de tola porque entendeu muito bem o que quis dizer. Sabe que apenas
me colocarei em perigo nessa descida e que terei que abandoná-lo na próxima cela. A não ser
que resolva deixar a sua própria mãe aqui. — Sua insinuação mais do que clara me fez
arrepiar por inteira: teria de optar entre Rick e a minha mãe?
— Não! — rugi.
— Então a escolha está feita. Despeça-se dele e vamos embora — comandou Shakur de
forma enérgica ao me ver tentar desesperadamente despertar a tapas um Richard em estado
aéreo.
— Não vou deixar nenhum dos dois para trás! — esbravejei e poderia jurar que Shakur
disfarçou um sorriso mordaz.
— A matemática é simples: um morre, três sobrevivem — Shakur respondeu de cabeça
baixa e de costas para mim. — Só tenho como carregar um dos dois.
— Não! — Novo choro fino saiu por minha garganta.
— Então morreremos os quatro — rebateu ele com a voz fria. — Eu, Richard e sua mãe
em alguns instantes e você daqui a alguns dias, após Von der Hess a torturar até o último fio
de cabelo para conseguir dar cabo de seus planos diabólicos.
— E-Eu, eu...
Uma ideia cintilou em minha mente acelerada e, sem hesitar, segurei o rosto perfeito de
Richard entre minhas mãos ainda presas por cordas e tasquei um beijo em sua boca. Beijei-o
com vontade, apertando seu corpo contra o meu com aflição e desejo. Sorri aliviada ao vê-lo
empertigar no lugar, reabrir os olhos e inspirar profundamente, mas, no instante seguinte, ele
tornava a tombar, desorientado, na parede atrás de si.
— Não adianta. Não temos poderes aqui dentro — suspirou Shakur ao me ver em estado
de choque.
Como assim? Ele sabia dos meus poderes? Droga. Droga. Droga! Não podia ser assim!
Eu não podia abandonar minha mãe e muito menos Richard.
— Decida-se! — bradou nervoso e começou a esfregar a parte ainda intacta da máscara
de metal. — Nosso tempo está se esgotando!
— Então será meio a meio! Dois morrem, dois se salvam — engoli em seco e determinei,
decidida de que estava tomando a atitude correta.
— Hã? — ele interrompeu seu cacoete e começou a me estudar.
— Eu fico com Richard. Você salva a minha mãe — segurei na marra a dor que ameaçou
se alastrar pelo meu peito. Eu mal conseguira reencontrar Stela e acabara de abrir mão dela,
mas, apesar de tudo, algo me dizia que meu lugar era onde Richard estivesse. — Por favor,
cuide dela pra mim.
— Você vai... ficar... com ele? — Arregalados, os marcantes olhos azuis de Shakur se
destacaram na penumbra do ambiente. — Vai arriscar sua vida por um zirquiniano?
— Ele fez muito mais por mim — confessei sem sair de perto de Richard.
Shakur levou uma das mãos à boca. Quando a retirou, ele exibia um sorriso estonteante,
igual ao que vi na fotografia em que abraçava a mim e mamãe, e caminhava a passos largos
em nossa direção: — Vamos lá, garota! Ou morreremos todos ou sobreviveremos os quatro!
— vibrou ele, pegando-me novamente de surpresa.

meditação di´~aria (cecp) dia 18

Nenhum desassossêgo pode perturbar-me 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

29 - Eliminando o Ódio: Expurgando o veneno - YOD YOD RESH


29 - Eliminando o Ódio: Expurgando o veneno - YOD YOD RESH
Eu vi o inimigo, e somos nós. – Pogo -

REFLEXÂO:Toda forma de destruição, incluindo os desastres naturais, ocorre por um único motivo: o ódio da humanidade em relação a nossos semelhantes.
A Cabala ensina que furacões, enchentes, terremotos e doenças são gerados pelo ódio coletivo que arde em nossos corações.
Na verdade, não existe desastre natural, apesar do que está escrito em nossas apólices de seguro.
O comportamento e o coração humanos são os únicos fatores determinantes do que ocorre em nosso meio ambiente e entre as nações.
Aqui está o que os antigos cabalistas têm a dizer sobre este assunto-. Se uma pessoa testemunha qualquer forma de ódio - em sua própria rua ou em qualquer lugar do mundo -, isto significa que, em alguma medida, esta pessoa ainda tem ódio em sua própria alma.
Se nutrimos o mais diminuto ódio ou animosidade por outra pessoa - por qualquer motivo que seja, válido ou inválido, quer estejamos conscientes disto ou quer neguemos o fato para nós mesmos -trazemos destruição para o mundo.
Limpando o ódio de nossos corações, podemos remediar de imediato todos os problemas do mundo, eliminando sua causa.
AÇÂO:Seja dolorosamente honesto!
Reconheça todas as pessoas de quem você sente raiva, inveja a quem você deseja o mal ou por quem sente total aversão, ou uma combinação desses sentimentos.
Com a Luz deste Nome, jogue fora todos os sentimentos negativos com uma trouxa de roupa molhada.

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
AS IDÉIAS REPENTINAS QUE VÊM À MENTE SÃO IMPORTANTES.
 
Quem pretende realizar algum trabalho verdadeiramente grandioso deve estar sempre sintonizado com a Sabedoria de Deus. De vez em quando, você tem idéias maravilhosas que surgem repentinamente, não é? Essas idéias maravilhosas são a própria Sabedoria de Deus presente no Universo. Em outras palavras, sua fonte está na Imagem Verdadeira do Universo.

276 minutos de sabedoria

EVITE acusar e criticar.Procure, antes, colaborar, sobretudo com
seu exemplo digno e nobre.Tudo tem sua razão de ser na vida, embora
nem sempre saibamos compreender, porque não temos uma visão completa, jáque só podemos ver a superfície das pessoas e coisas. Deixe o julgamento Àquele que vê oscorações e que está dentro de cada um denós, lendo os mais secretos pensamentos e intenções.

17º Dia do Mês - exercícios de concentração

17º Dia do Mês
1. No dia 17 do mês enfoque sobre os elementos da realidade que, a partir de sua
própria perspectiva, sempre rodeiam, Estes são o espaço que o rodeia, o sol, a lua, as
constelações familiares e tudo o que existe em seu quadro do mundo. Concentre-se em
qualquer um desses elementos e mantenha, como sempre, o resultado desejado na sua
consciência para efetuar a sua realização.

2. Dígitos para Concentração
* Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1045421
* Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 891000111

3. Infinito, toda inclusividade, o campo de ponto zero e o princípio. Considere com os
olhos de vigília a ressurreição de tudo. Você verá que a reconstituição do mundo é a
realidade em que vive. Você vai sentir que você se encontra no mundo eterno.
Avance por este caminho, você vai reconhecer o caminho e as chamadas para você.
Tome este caminho e você verá o Criador, que é eterno e você poderá desfrutar de sua
eternidade. E esta alegria, esta é a eternidade de vida. E o Criador, este é o Criador, que
criou você. Seu amor é sem limites, a sua simplicidade é confiável. Ele é simples e
transparente como você imaginou, assim como você tem pensado nele antes. Ele é tão
benevolente e útil quanto você já sabia antes. Ele é seu Criador e ele lhe mostra o
caminho. Leve o seu caminho, porque seu caminho é o seu caminho.

111 - Louise Hay

111- “Cada dia é uma nova oportunidade. O ontem já passou. Hoje
é o primeiro dia do meu futuro.

CAPÍTULO 19 - Não fuja

CAPÍTULO 19
— Interessante...
Despertei com toques gelados em minhas bochechas. Dedos pontudos passeavam por
ela e se fixaram em meu crânio, movimentando-o de um lado para o outro, estudando-o.
Tarefa estúpida. Nem eu mesma sabia como entender o torvelinho de emoções, o
atordoamento de mente e espírito que me assolava. A nova informação. A inesperada
descoberta.
Pequenina.
Aquele apelido...
Uma única pessoa o havia utilizado em toda a minha vida: o homem que eu chamava de
pai nos meus sonhos. O sujeito de postura altiva e sorriso estonteante que fazia os olhos da
minha mãe cintilarem, que cuidava de mim com carinho paternal e que em nada se
assemelhava àquele ser de feições monstruosas e temperamento hostil. Se de fato Shakur era
Ismael, o que havia lhe acontecido de tão terrível? Por que ficara daquela forma? Em que
momento assumira o lugar do meu verdadeiro pai?
Uma parte dentro de mim ordenava que eu me afastasse daquele líder de vestes negras,
alertava-me do perigo de tê-lo por perto. Se minha mãe havia fugido dele durante todas as
nossas vidas, era porque algo de ruim havia com a sua aproximação. O que Shakur poderia
ganhar mantendo-me viva? Teria o mesmo vil interesse que Von der Hess? Seria esse o
receio estampado nos olhos de Richard?
Mas também havia a outra parte.
Aquela que afirmava que o homem por detrás daquele ser repugnante já poderia ter me
usado ou eliminado em outras ocasiões se assim desejasse, que, de alguma forma, ele se
importava comigo, que a sensação de acolhimento e plenitude que experimentei com o seu
contato eram reais.
— Pena que não teremos tempo. Até que seria interessante entender seu mecanismo,
híbrida. Minhas belezinhas nunca falharam antes — suspirou Von der Hess. De olhos fechados,
poderia jurar que a voz pertencia a uma mulher.
Pisquei várias vezes até conseguir me situar. Minhas mãos e pés estavam amarrados a
argolas de ferro fincadas em uma pilastra de pedra. O aposento em que me encontrava era
amplo e com paredes esculpidas na rocha calcária, provavelmente dentro de um dos grandes
cânions subterrâneos onde Von der Hess havia criado o novo reino de Marmon. O lugar se
assemelhava a um laboratório de ciências dada a grande quantidade de tubos de ensaio sobre
as bancadas de pedra branca e potes de vidro cheios de um líquido de cor âmbar, dispostos
em prateleiras de madeira presas às paredes rochosas. Eles continham toda a sorte de coisas
nojentas, como insetos de diversos tamanhos, que julguei serem os temidos Escaravelhos de
Hao, assim como uma enorme variedade de órgãos de animais e de pessoas, em especial
orelhas e cérebros.
— Seus escaravelhos não conseguiram ler a minha mente? — inquiri, perfurando-o com o
olhar. Seu maxilar tremeu.
— Por enquanto — acrescentou de forma áspera. — Como se sente?
— Muito bem — sorri desafiadoramente, tornando a vasculhar o lugar à procura de
alguma pista ou saída.
— Não encontrará nada do seu interesse por aqui, híbrida.
— Engana-se redondamente — rebati. — Onde está minha mãe?
— Ah! Acho que travaremos um diálogo interessante... — Ele abriu um sorrisinho falso e
perturbador. Por alguma razão, eu ficava com os pensamentos lentos na sua presença. — Por
que acha que ela estaria aqui em Marmon, híbrida? — fez graça da situação, mas as pupilas
permaneciam verticais.
— Eu vi a mecha de cabelo e a foto.
— Hum — mordiscou o lábio inferior. — Já cogitou a hipótese de ser uma montagem
fotográfica?
— Sim — rosnei, sem deixar de encará-lo. — Mas também vi a comoção que ela
provocou e sei que você lida com magia negra, então...
Ele me olhou com mais interesse do que antes.
— É uma conclusão razoável, garota. Adoraria ter tempo para estudar você.
Meu estômago revirou só em imaginar o que ele queria dizer por “estudar”.
— Onde ela está? — insisti, mas ele apenas ficou de costas para mim e nada respondeu.
— Eu sei que minha mãe foi apenas a isca. Era a mim que você queria desde o início.
— Vou responder porque gostei da sua postura. Em geral os humanos são tão covardes
diante da morte... — Ajeitou as vestes brancas e, com as mãos entrelaçadas, começou a
andar lentamente pelo lugar. — Sua mãe foi muito mais que uma isca para chegar a você,
garota. Ela esclareceu lacunas do meu passado.
— Onde ela está? — repeti engolindo em seco e segurando a onda de preocupação que
se agigantava em minhas veias. Ele estava demorando demais a responder.
— Descansando — disse de maneira enigmática.
Stela descansando? O que ele queria dizer com aquilo? Pairava uma aura de desafio no
ar. O bruxo albino queria me testar e estava claro que não seria suplicando ou deixando
transparecer meu medo que obteria algum resultado. Eu não precisava temer pela minha vida.
Não ainda. Ele precisava de mim para um objetivo maior. Respirei fundo e coloquei meu
cérebro para funcionar. Sentia que precisava levar Von der Hess aos seus limites e talvez
assim obtivesse as respostas de que tanto necessitava. Naquele momento não havia uma
única gota de medo dentro de mim.
— Há quanto tempo?
— Pergunta inteligente, híbrida. Gostei. — Ele deu batidinhas com a ponta dos dedos nos
lábios sem cor. — Digamos que desde que ela chegou a Zyrk.
— Que foi...?
— Assim que senti a sua presença nessa dimensão — esquivou-se ele, sem parar de
analisar meu comportamento. — Atirei no que vi e acertei no que não vi. Adoro esse ditado
humano — soltou animado.
— O que você não tinha visto?
— Ismael! — Repentinamente um sorriso de satisfação quase rasgou o rosto do bruxo ao
meio. — Foi tido como morto há mais de uma década. Uma morte súbita e incomum para um
mago do porte dele. Mas, no momento em que você entrou em Zyrk, levei um choque
inesperado ao detectar a energia dele reaparecer e, ainda por cima, em Thron! Não sei como,
mas ele conseguiu se esconder de mim por todo esse tempo.
— Se esconder? Como assim?
— Meus poderes para captação de energia são os melhores da segunda e terceira
dimensões. Assim que detectei a energia vibrante de Ismael em Thron e depois a senti
novamente naquela bolha do Grande Conselho eu tive a confirmação na hora: Ismael passarase
por Shakur! — vibrou.
— Por que não o denunciou ao Grande Conselho?
— E perder esse inesperado trunfo? — repuxou os lábios. — Apesar de não entender o
motivo, foi um golpe ousado, devo admitir. Ele eliminou o verdadeiro Shakur, o filho
destemperado de Prylur, e assumiu sua posição. Isso não seria difícil porque Shakur tinha o
hábito de cobrir o rosto e o corpo desde a infância devido a um defeito de nascença. Acho que
só os mais íntimos perceberiam a falcatrua, mas Ismael deve ter se encarregado de calar
esses infelizes também. Foi facílimo enganar até mesmo Collin, o herdeiro de Shakur. O
imbecil era uma criança na época e nunca teve cérebro mesmo — soltou uma risadinha falsa.
— É claro que eu não podia afirmar nada até sentir sua pungente energia dentro da bolha.
Como ter certeza se minhas teorias eram verdadeiras se Ismael permanecia enclausurado em
Thron? Como fazê-lo sair de sua fortaleza se ele já tinha a híbrida em seu poder? — O mago
gesticulava de maneira teatral.
— Minha mãe — as palavras me escaparam.
— Um pedaço dela — sorriu.
— A mecha de cabelo.
Seu sorriso se alargou.
— O meu poder criou o único convite que o faria sair de Thron! — Von der Hess bradou
com efusão. — O poder que o Grande Conselho e seus estúpidos integrantes ignoraram. Eu,
Von der Hess, o único mago de Zyrk capaz de transplantar uma humana para a nossa
dimensão. Um feito único e extraordinário!
Estremeci ao me recordar da reação de Shakur naquela noite em que invadi seu quarto
sorrateiramente. Lembrava-me perfeitamente bem do momento em que ele pegou o pequeno
embrulho das mãos do soldado e o abriu. A expressão mais que aturdida em sua hemiface.
Havia um misto de euforia e horror.
— Minha moeda de troca seria a humana que o enfeitiçou, que o fez se transformar
naquilo que ele é hoje. Pobre criatura... — ressaltou com asco. — E teria dado certo não
fosse você ter fugido para Storm.
— Ele ia me trocar por minha mãe?
— Ainda não percebeu que você é a carta mais valiosa do jogo, garota? Você poderia
ser trocada por qualquer coisa, dependendo apenas do interesse do jogador — ele repuxou os
lábios, segurando o sorriso de malícia.
Seria esse o motivo de Shakur querer me manter viva? Para me trocar?
— Dei mais sorte que o colega da rodada anterior.
— “Rodada anterior”? Quem foi a outra pessoa que tentou me trocar? — tentei parecer
indiferente à terrível descoberta, mas não tive êxito.
— Você não sabe?! — Von der Hess exclamou e, sem conseguir conter o sorriso de
satisfação, balançou o indicador no ar. — Ah... Não vou estragar a surpresa! Mas posso te dar
uma pista. Você só adquire uma pedra-bloqueio após algum acordo com Malazar.
Engoli em seco, o coração dando outra descarga elétrica dentro do peito. Richard havia
me dado duas pedras-bloqueio! Não. Não. Não. Pare de pensar besteira, Nina! Richard não
seria capaz, ele não...
— Pela lógica, um mago poderoso como Ismael jamais cometeria o estúpido erro
novamente, mas lógica nunca foi o forte dele mesmo. Só um louco para abandonar seu
importante posto, quiçá o mais poderoso de todos os postos — ele continuava seu
bombardeio sobre mim —, para viver com duas humanas.
Hã? Tentei impedir a máscara de confusão que cobriu minha face, mas não consegui.
Von der Hess não perdeu tempo.
— Ah! Também não sabia que você e sua mãe foram a desgraça dele desde o início? —
indagou com maquiavélica satisfação. — Ismael é um covarde e um tolo! Covarde porque se
escondeu atrás das vestes de um homem morto durante todo esse tempo. Tolo porque deixou
duas humanas se transformarem na sua fraqueza. Aliás, todos os magos do Grande Conselho
são tolos. Deve ser pré-requisito obrigatório. Bando de hipócritas estúpidos! Quero ver a cara
de Sertolin quando descobrir que seu adorado pupilo está vivo, se é que aquele amontoado de
carne queimada pode ser considerado ser vivo — fez uma careta. — Saber que seu idolatrado
Ismael, o discípulo que o fez ficar de luto por todos esses anos, abandonou o cargo que
deveria pertencer a mim para usufruir uma vida mundana ridícula com uma humana e sua filha
híbrida amaldiçoada.
Mas que droga! Quem havia aniquilado todos os caminhos da previsibilidade quando eu
nasci? Por que nada podia ser conforme eu imaginava?
— Então já o eliminou? — Teria de suportar aquela avalanche de informações e focar no
meu objetivo maior: minha mãe.
— Uma coisa que aprendi com a vida é ter paciência e esperar a hora certa para usar as
armas corretas. Não jogo fora aquilo que ainda poderá ter serventia.
— De que lhe servirá manter Shakur e seu resgatador vivos?
Ele sorriu.
— Ôoo! Não simpatiza com eles, híbrida? — indagou com curiosidade. — Hmmm. Tive a
impressão de que era justamente o contrário... — soltou outra risadinha infame. — Sua
pergunta procede, mas acho que você ainda não entendeu o X da questão. Ismael tem
poderes e isso é, de fato, um perigo para Marmon. Mas, como sei que ele tentará de tudo
para “salvar” a sua querida mãe, haverei de me aproveitar dos ventos favoráveis. Ele não fará
besteira por medo de perdê-la. Pode até me ajudar... — ruminava as palavras. — Além do
mais, Ismael também se importa com o resgatador condenado ao Vértice. O líder de Thron
deixou seu cérebro exposto para proteger o rapaz do ataque dos meus escaravelhos. Ele fez
Richard entrar em sono profundo no exato momento em que minhas belezinhas fariam a leitura
da sua mente. Muito estranho, não?
— E por que ele se importaria com um mero resgatador?
— Richard não é um mero resgatador. Ele será o procriador do grande descendente de
Zyrk — rebateu com desdém. — O rapaz tem dons, haja vista seu contato com o demônio.
— C-Com Malazar? — senti minha voz falhar.
— Por que se espanta, híbrida? Por acaso não conhece o apelido dele? — perscrutoume
com um sorriso ardiloso.
Não podia ser! Perdi a cor ao relembrar como John o havia chamado: “Filho do
demônio”! Não podia ser verdade! Ele não...
— De fato eu ia matar Richard, mas, antes de ele cair desacordado, vi a imagem vívida
de Malazar através dos seus impressionantes olhos azuis. Foi isso o que me impediu — o
bruxo fitava o nada. — Poderia jurar que Ismael estava tentando esconder algum segredo
perturbador que aquele rapaz carrega consigo. Portanto, preciso avaliar a situação mais uma
vez antes de tomar uma atitude irreversível.
O que haveria de tão importante na mente de Richard para que Shakur o protegesse da
leitura de Von der Hess? O que ele escondia a sete chaves? Richard estava envolvido com
Malazar? Teria realmente tentado me trocar? Fechei os olhos com força e fúria, e rechacei
aquela ideia absurda da minha mente. Na certa, aquela víbora estava executando o que
sabia fazer de melhor: envenenar.
Três batidas fortes seguidas por uma batida de leve na porta.
— Entre, Truman.
— Nosso líder o convoca ao salão principal com urgência, senhor — adiantou-se um
sujeito de maxilares pronunciados. Ele tinha uma franja comprida que tampava parte dos seus
olhos. Ainda assim foi facílimo distinguir o brilho de maldade refletido neles ao se depararem
comigo. — O medicamento está perdendo o efeito e a humana está berrando sem parar.
Decidi evacuar o lugar, antecipando o intervalo de descanso. Foi preciso senão os homens de
Leônidas poderiam desconfiar.
Nova descarga de emoção: Humana?! Era sobre Stela que falavam!
— Merda! — Foi a resposta azeda do bruxo. — Pois ganhe tempo. Diga-lhe que estou
em uma experiência importante.
— Nosso rei está inflexível, senhor. Ordenou que paralisasse tudo e fosse ao seu
encontro.
— Preciso ir até a humana antes e resolver a questão — rebateu o bruxo albino com
impaciência e, de repente, sua fisionomia ficou ainda mais pálida e sua testa lotou de vincos. A
expressão sombria confirmava que ele havia pressentido algo. — O que está havendo com
Shakur?
— E-Eu também precisava lhe contar, meu senhor. Está acontecendo algum problema
com o quadro de hibernação.
— Ele não está inconsciente?
— O resgatador sim, mas Shakur está diferente.
— Diferente como?
— Tem momentos em que ele parece estar acordado e, quando vamos checar, ele entra
em um estado de transe diferente do normal, está respirando, mas sem batimentos
perceptíveis. E, durante esse tempo, tenho a impressão de que eu também fico estranho,
esquecido, como se tivessem apagado parte da minha memória. Não acho que seja normal.
Aliás, nada naquele homem parece normal.
— Não se preocupe. O lugar não permite. Shakur nada poderá fazer sem a energia solar
— afirmou o médium e pude captar uma pitada de alívio entremeada à sua observação.
— Mas coisas ficarão complicadas para o nosso lado se Leônidas e o nosso povo
desconfiarem que temos essas visitas por aqui. Meus homens não serão suficientes para
conter uma rebelião de grande porte.
— Tenho uma boa quantidade de escaravelhos em estágio adequado para o ataque.
— Eu sei, mas ainda assim...
— Não me faça perder a calma. Falta muito pouco — Von der Hess bramia, andando de
um lado para o outro.
— Acho melhor não arriscar, senhor. Vá falar com Leônidas.
— Só mais essa noite e meus dias de tormento e bajulação terão acabado!
Só mais essa noite?
— Você fará o serviço — finalmente determinou Von der Hess, estendendo um frasco de
vidro ao subalterno. Dentro dele avistei uma seringa de metal contendo um líquido marromescuro.
— Silencie a humana enquanto trabalho a fraca psique do nosso líder. Leônidas não
tem andado muito receptivo às minhas orientações desde o encontro com o Grande Conselho.
— Eu sei, meu senhor — concordou o soldado, prendendo o frasco de vidro à cintura. —
Ele não para de falar no filho póstumo.
— Tolices! Daniel está morto há mais de treze anos — soltou o mago e, agitado, apontou
para mim: — Amordace-a antes de sair e me espere na cela de Shakur.
Tão logo o mago virou-lhe as costas, o brilho de maldade nos olhos do tal Truman se
acentuou. Ele queria muito mais coisas de mim do que apenas me amordaçar.
— Espere! — berrei assim que Von der Hess atingiu a porta de saída. — Eu tenho algo
do seu interesse. Podemos fazer uma troca.
Ele se virou na minha direção e um sorriso de desdém se estampou no rosto ofídico.
— Obrigado, mas você é tudo em que tenho interesse, híbrida. Amordace-a, Truman.
O homem não perdeu tempo e veio rapidamente para cima de mim. Suas mãos pesadas
forçando um pedaço de pano imundo em minha boca.
— Eu sei onde estão as pedras-bloqueio! Você poderá utilizá-las se algo der errado! —
gritei, fazendo força descomunal para me livrar do ataque do subalterno.
— Espere! — ordenou Von der Hess ao soldado. O interesse faiscava em sua fisionomia
arrepiante. — Você...? — engoliu em seco. — Você sabe onde elas estão?
— Sei. E não me importo em lhe dizer o paradeiro caso você permita que eu fale com a
minha mãe. Seu soldado poderá me levar até ela.
Von der Hess me estudava.
— Onde elas estão? — indagou sem demora.
— Solte-me e eu lhe direi.
— Nada feito, híbrida — repuxou os lábios e se virou em direção à porta.
— Tudo bem — assenti com calma. — Se eu deixar um escaravelho ver através da minha
mente, você me dá a sua permissão?
— Um escaravelho? — Ele parou e me olhou por cima do ombro. — Na sua mente?
— Isso mesmo — respondi com firmeza, tentando camuflar a preocupação que me
consumia: e se a minha ideia fosse uma grande estupidez? Como confiar naquele ser sem
escrúpulos?
Teria de arriscar.
— O senhor não pode perder mais tempo — alertou o soldado. — Leônidas irá
desconfiar.
— Mas se colocar a minha mãe para dormir, perderá a chance de saber se o que tenho
a lhe mostrar é verdade ou não. Estará descartando outro grande trunfo — frisei.
— Truman, diga a Leônidas que estou a caminho e retorne imediatamente. — Havia um
brilho malévolo nos olhos do bruxo.
— Mas...
— Vá agora! — bradou intolerante e o soldado assentiu sem olhar para trás. — Muito
bem, híbrida — foi direto ao ponto. — Se o que me oferece é verdade, asseguro-lhe que
falará com a sua mãe ainda hoje. — Ele removeu a tampa de um vidro e um inseto semelhante
a um besouro preto cheio de espinhos pousou em sua mão. — Vamos trabalhar, belezinha?
Meu corpo reagiu àquele comando, arrepiando-se por inteiro. O inseto asqueroso ganhou
voo e veio na minha direção. Fechei os olhos instantaneamente. Ouvi um zunido alto em meu
ouvido direito e uma rajada de calor e agonia percorrer minhas veias. O chão desatou a girar e
os pensamentos fugiram de mim. O som se foi. Droga! O inseto ganhava espaço e eu não
podia permitir. Fechei os olhos com mais força ainda, respirei fundo e, assim como Shakur
havia me orientado, concentrei-me no branco. Minha ideia era manter minhas memórias
protegidas, abrir meu pensamento aos poucos e permitir que Von der Hess visualizasse
somente o que eu lhe permitisse. Foquei toda a minha energia para o lugar onde eu havia me
deparado com as malditas pedras pela última vez e escondi o entorno, embaçando tudo ao
redor em uma névoa branca e intransponível. Sons altos e incomodativos, como se estivessem
arranhando incessantemente uma superfície dura com pregos, perfuravam meus tímpanos.
Pancadas fortes e ininterruptas, como uma britadeira enlouquecida, atingiam meu crânio. Von
der Hess tentava de tudo para entrar em minha mente, mas minha visão era única e imutável.
Mantive-me firme e, a despeito do cansaço que me abatia, não cedi.
— Engenhoso, híbrida — finalizou ele e minha energia se restaurou instantaneamente.
Graças aos céus Von der Hess tinha pressa! Não sei por quanto tempo conseguiria suportar
seu ataque! — Mostrou-me o necessário e camuflou tudo ao redor. Eu vi as pedras-bloqueio
com perfeição, mas não consegui identificar o lugar — murmurou num misto de ira e surpresa.
— Mostrarei quando cumprir sua parte no acordo. Primeiro quero estar com minha mãe
— rebati de estalo. Não era só ele que sabia jogar.
— É melhor correr, senhor. Nunca vi Leônidas tão nervoso assim. Está gritando como um
louco e deixando a guarda em estado de alerta máximo — Truman nos interrompia,
reaparecendo no aposento com a expressão tensa.
— Vá Truman. Leve a híbrida com você e a deixe falar cinco minutos com a mãe —
determinou o mago, lançando-me um olhar desafiador, mas igualmente intrigado.
— Levá-la comigo?!
— Faça o que eu digo — ralhou o bruxo. — Amordace-a durante o caminho para que ela
não apronte qualquer gracinha e mantenha suas mãos amarradas. — Von der Hess abriu um
sorriso presunçoso em minha direção, como se tivesse lido meus pensamentos. Ajeitou o
capuz e se foi.
Droga!

Oração do dia 17 Palavras para extinguir o temor.


Oração do dia 17
Palavras para extinguir o temor.
Eu não temo, pois sei que Deus é tudo, que nada existe além de Deus. Deus é bem; portanto, o mal não existe. Deus me protege; Ele me nutre e me acolhe em seus braços; Ele me ama. Por isso, nenhum mal me sucede, nem praga alguma chega à minha casa. Aonde eu vou, Deus zela por mim, enviando seus anjos para me proteger. Sou livre, pois despertei para a verdade. Sigo pelos caminhos da vida em companhia de Deus. Vejo somente o bem e a verdade. Deus é tudo. O dia todo, ouço dentro de mim a vigorosa afirmação: “Jamais penso em doença ou carência. Penso exclusivamente na verdade, no amor e na vida”. Tudo pertence a Deus. Sou filho de Deus. E tudo que é do Pai é do filho também. Somente a força de Deus é força verdadeira. Tudo que Deus possui pertence também a mim. Porque recebo tudo de Deus, sou completo. Agradeço a Deus-Pai, com toda a sinceridade. 

meditação diária (cecp) dia 17

Minha prosperidade é resutalado de meu desenvolvimento espiritual

quarta-feira, 16 de maio de 2018

69 - Achados e Perdidos: O que fazer quando você está perdido e confuso - HE ALEF RESH


69 - Achados e Perdidos: O que fazer quando você está perdido e confuso - HE ALEF RESHQuando você quer encontrar seu caminho de volta para casa...
REFLEXÂO:Há momentos em que nos encontramos sem rumo na jornada da vida.
Sentimo-nos perdidos.
Desnorteados. Confusos.
A vida se torna um labirinto sem fim, e não sabemos para que lado ir. 
AÇÂO:
Usando este Nome como bussola, o caminho para seu lar espiritual é iluminado.
Você recuperar seu rumo.
A cada passo que dá e a cada momento que passa, você sente conforto, confiança e um sentido mais porte de direção.

MEDITE NESTAS LETRAS E VOCALIZE: Rêê
 AÇÃO: Independente de você ter uma religião ou não, faça um pequeno ritual de oração neste dia. Mais importante do que a forma é a concentração e emoção ao faze-lo. Isto te ajudará a perceber que há grande proteção a sua volta.

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
NO FUNDO DA TRISTEZA, ENCONTRA-SE O SANTUÁRIO DA ALMA.
 
Não se afogue em sua própria tristeza. Os valiosos diamantes estão ocultos nas camadas profundas da crosta terrestre, as preciosas pérolas estão escondidas dentro das ostras, nas profundezas do mar. Não deixe de descobrir tesouros preciosos, atendo-se às rochas ou às ostras que os envolvem. Se você se encontra em dificuldade, considere essa situação como “trabalho de escavação da mina” que o levará à descoberta de um “tesouro resplandecente”.

58 - minutos de sabedoria

NÃO dê importância à idade de seu corpo físico: seja sempre jovem e bem disposto espiritualmente. A alma não tem idade.A mente jamais envelhece. Mesmo que o corpo assinale os sintomas da idade física, mantenha-se jovem e bem disposto, porque isto depende de sua mentalizaçãopositiva.Faça que a juventude de seu espírito se irradie através de seu corpo, tenha ela a idade que tiver.

16º Dia do Mês - exercício de concentração

16º Dia do Mês
1. Neste dia concentrar-se sobre os elementos da realidade externa com a qual seu
corpo entra em contato. Desde a infância, nós, russos pensamos no adorável ditado: "O
sol, o ar e a água são os nossos melhores amigos". Neste enfoque tente tornar-se
consciente de como você se relaciona com esses amigos. Concentre-se no calor, que é
trazido a você pelos raios do sol. Você sente o seu toque e sentir seu calor. Você sente
um suave vento que passar sobre você. Você sente sua brisa. Poderia também ser uma
rajada forte ou uma calma absoluta. E se também é muito quente e não há muita
umidade, então você pode sentir o ar, calor e água em suas bochechas. O efeito
refrescante da água também pode ser sentida quando você se lavar, tomar banho ou ir
nadar. (Lembre-se Masaro Emoto e seus cristais de água).
Esta focagem pode também ser realizada durante a parte mais fria do ano, sempre com
um rosto descoberto. E na estação mais quente, especialmente no verão na praia, todo
o seu corpo pode desfrutar do contato com o sol, ar e água. Para isso vem também o
contato com a terra. Este exercício é muito importante para que ela traga para você a
interação consciente com os elementos da natureza. Você pode, é claro, praticar o seu
exercício todos os dias. Se você segurar o resultado desejado em consciência, ao
mesmo tempo em que você está fazendo esse foco, você vai efetuar a sua
manifestação.

2. Dígitos para Concentração
* Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1843212
* Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 123567091

3. Sinta a harmonia onde é, pois está em toda parte e sempre lá. É a harmonia do
Criador. Sinta a harmonia onde ela está, onde era e será. Esta é a harmonia do seu
desenvolvimento pessoal. E a sentir onde ela não era, onde não é, mas onde sempre
será. Esta é a harmonia da mudança, a mudança para a vida eterna. Vem em todos os
lugares para si mesmo, sentir essa harmonia em todos os lugares e você vai ver como as
ondas de amor e alegria se espalhou para fora de sua harmonia. Você verá que você
faz o mundo harmonioso para sempre na sua essência firmes e eternas. Está, já na
benevolência divina e eterna, o guerreiro para uma vida eterna e uma fé eterna.

111 - Louise Hay - afirmações

111- “Cada dia é uma nova oportunidade. O ontem já passou. Hoje vé o primeiro dia do meu futuro.”

CAPÍTULO 18 - Não Fuja

CAPÍTULO 18
— Nina, acorde. Precisamos partir — Richard anunciava enquanto estalava o pescoço e
alongava as costas. Uma fraca claridade penetrava na gruta, agora já sem a camuflagem na
sua entrada. Estava amanhecendo. — Conseguiu descansar?
A sensação era de que havia acabado de fechar os olhos. A tristeza que me impregnava
a alma havia consumido boa parte da minha energia. Ainda assim, menti, assentindo com a
cabeça.
— E você?
Ele me lançou uma piscadela rápida, mas não me convenceu. Eu o entendia cada dia
mais e sabia que também estava mentindo. Richard não havia dormido. Na certa, o coitado
havia passado a noite em claro e me vigiando.
— O dia será curto e teremos de correr. — E, sem rodeios, perguntou com urgência: —
Você ainda quer ir para Marmon? Mesmo depois de tudo que lhe contei?
Eu me fiz aquela mesma pergunta um milhão de vezes antes de adormecer em seus
braços. Estaria disposta a ir fundo e exigir toda a verdade de minha mãe assim que a
encontrasse? Se eu a encontrasse... Invariavelmente a conclusão era sempre a mesma: sim!
Eu tinha de conhecer a minha história, o meu passado. Eu precisava de respostas. E a única
pessoa que poderia fornecê-las era a minha mãe.
— Quero.
Richard piscou mais uma vez e, sorrindo, pareceu orgulhoso com a minha escolha. Sua
postura autêntica e amistosa mexia fundo comigo. Sem a sua armadura de terrível resgatador
de Thron, ele parecia até mais novo e ainda mais lindo. Estava adorando conhecer esse seu
outro lado, aquele que a Sra. Brit jurou existir. Uma pontada de felicidade salpicou em meu
peito e rechaçou a semente do temor que insistia em germinar em minha mente toda vez que
me recordava da advertência da bondosa bruxa, alertando-me de que Richard havia feito algo
errado. Flashes do que ele vinha fazendo para me manter viva apagavam qualquer dúvida. Ele
mal tocou em mim de tão preocupado em me causar algum mal, ele se importava comigo mais
do que podia imaginar. Eu queria chegar a Marmon e, ao mesmo tempo, estava adorando ficar
algum tempo a sós com Richard.
— Ah! Dei uma saidinha e olhe o que consegui. Não é grande coisa, mas...
— Pão! — Meu estômago vibrou mais alto do que minha voz.
— E tâmaras — acrescentou satisfeito ao me ver abocanhar um enorme pedaço de pão
sem a menor cerimônia. — O mercado das minas daqui vive às moscas.
— Está ótimo! — respondi com a boca cheia. Ele riu, sentou-se ao meu lado e pegou um
punhado de tâmaras para si. — Como conseguiu passar despercebido?
— Tenho meus truques — disse ele com um repuxar de lábios, fazendo-me recordar
imediatamente da gruta em que me escondeu assim que entramos em Zyrk.
— Claro — murmurei e me calei.
Não queria tocar naquele assunto e destruir o clima de paz entre nós. O Richard de
agora era outro e em nada se parecia com aquele. Muita coisa havia passado desde então,
muitas situações-limite nos afastaram para nos fundir com força triplicada, indiscutíveis provas
de amor e de vida mudaram meu conceito sobre ele. Richard era um diamante bruto que
começava a ser lapidado. Um ser complexo, repleto de camadas distintas, e por vezes
antagônicas, não significava dizer que se tratava de alguém de índole ruim. Ele era apenas um
novato nas questões do coração, atordoado pelas impossíveis emoções que pairavam em sua
pele e espírito até então anestesiados. Um zirquiniano com boas intenções escondido atrás da
couraça da agressividade e do temperamento hostil, perdido em meio a tênue linha divisória
que separa o bem do mal. Desde o início e, ainda contra a sua vontade, seus atos duvidosos
camuflavam ações verdadeiramente generosas. Ele mesmo não havia se dado conta de seus
gestos de altruísmo e, embora eu ainda não tivesse recuperado completamente minha
confiança, sabia que o amava com todas as minhas forças. Não suportava imaginar minha vida
sem ele e não conseguia acreditar que poderia existir sentimento maior do que aquele que
carregava no peito. Senti um calafrio dolorido percorrer minha pele e chacoalhei o pensamento
nefasto que ganhava espaço em minha mente. Se nós realmente nos amávamos, então por
que não conseguimos ter um contato maior? Por que quase morri quando Richard me tocou
de um jeito mais íntimo?
Era essa a dúvida que pairava no ar. Se a lenda era verdadeira, qual de nós não amava
o outro o suficiente para quebrar a maldição? Eu? Ele? O que sentíamos um pelo outro nada
mais seria do que uma forte atração?
— Uma vez você disse que invejava os garotos da minha dimensão — quebrei o silêncio.
— Se nada tivesse acontecido, quero dizer, se você não estivesse condenado ao Vértice, se
as coisas entre nós fossem possíveis... — continuei encarando minhas próprias mãos na
tentativa de esconder o rubor em minhas bochechas. — Se você tivesse a chance de escolher,
Rick, você realmente preferiria viver na minha dimensão e longe de Zyrk? Abriria mão da sua
importante função de resgatador principal e futuro líder de...
— Sim — ele não me deixou concluir a frase, fulgurando-me com intensidade. Sua
reposta sem a mínima hesitação mexeu ainda mais com as minhas estruturas. Ele não tinha
dúvidas.
— Lembre-se de que lá você seria igual a todos os humanos, sem poderes, sem nada.
— Eu não seria igual aos outros, Nina — rebateu e tornou a me nocautear com sua
resposta inesperada. — Eu teria você e eles não.
Meus lábios se afastaram involuntariamente e um sorriso gigantesco irrompeu em minha
face. Ele sorriu de volta e o ar em meus pulmões foi sugado, não mais pela beleza estonteante
de seu rosto perfeito, mas pelos encantos escondidos dentro dele que a cada segundo
conseguiam me surpreender ainda mais.
Colocando o pão de lado, aproximei-me dele e acariciei seu rosto.
— Nina, não podemos...
— Eu sei. — E, sem demora ou hesitação, afundei meus lábios nos dele. Richard
enrijeceu e não retribuiu de início, atordoado, mas também não recusou meus carinhos. —
Shhh — sussurrei em meio ao beijo. — Eu acredito, Rick. Eu sinto que não é errado o que
existe entre nós, que um dia nós vamos conseguir.
Instantaneamente sua armadura caiu e, deixando o cuidado de lado, ele aceitou meu
beijo apaixonado com uma vontade arrasadora. Suas mãos grandes e ágeis fazendo caminhos
perfeitos pelo meu corpo, sua língua vasculhando desesperadamente cada canto da minha
boca. Havia urgência no ar. A aflição dele espelhava-se na minha. Ardor. Desejo. Chamas.
Não tínhamos tempo a perder.
Não sabíamos quanto tempo nos restava.
Não suportávamos a ideia de perder um único momento juntos.
— Precisamos ir! Teremos que correr se quisermos chegar a Marmon ainda hoje — com
a fisionomia perturbada, ele se afastou num rompante. A ruptura inesperada daquele contato
chegou a doer na minha alma, mas, determinada, assenti e sufoquei meus hormônios à força.
Ele tinha razão.
Era a hora de enfrentar meu futuro e compreender meu passado.
#
Caminhamos por horas a passos rápidos pelas planícies áridas de Zyrk em direção a
Marmon. Fazíamos caminhos alternativos, subindo e descendo colinas escarpadas para não
nos depararmos com zirquinianos pelo caminho. Richard era cuidadoso, mantendo-se atento
aos meus mínimos sinais de fome, sede ou cansaço. O ânimo de Richard parecia refletir-se
no do sol zirquiniano e ia piorando à medida que a tarde avançava.
— Não acredito! A noite está chegando mais cedo — bradou nervoso checando a
posição do sol a cada poucos minutos.
Após o assustador vulcão adormecido que constituía Thron, o vale estrategicamente
protegido por um lago como era o caso de Storm, e a fortaleza de pedras de Windston, eu
estava esperando algo grandioso, épico, mas, pelo que havia entendido das explicações de
Rick, Marmon nada mais era que um reino subterrâneo construído a partir dos escombros de
um gigantesco terremoto no passado.
— A catástrofe aconteceu há muito tempo e arruinou a montanha sobre a qual Marmon
ficava. Meu povo estava em uma acelerada espiral de maldade e cobiça e o terremoto foi
outro castigo imposto por Tyron para nos fazer acordar. Dizem que o cataclisma foi tão
violento que teve repercussão até mesmo na sua dimensão e se tornou o estopim para o
surgimento do Grande Conselho. A tragédia quase dizimou a população de Marmon. A queda
não ocorreu apenas no número de habitantes, mas, em especial, no exército de Marmon. O
reino arruinado teve que permanecer durante dezenas de anos sob a proteção do Grande
Conselho para que não fosse alvo de ataques oportunistas — Rick explicava de maneira
acelerada.
— Foi por causa disso que eles preferiram construir uma fortaleza subterrânea?
— Isso aconteceu muitos anos depois. Lembre-se de que meu povo não constrói quase
nada, Nina. Somos eminentemente destruidores — ele repuxou os lábios, impaciente. — Os
sobreviventes daqui se tornaram mercenários ou quase nada fizeram para o fortalecimento de
Marmon. Sem contar que o controle de natalidade do Grande Conselho dificultou sobremaneira
que eles tivessem um número de homens com qualidades razoáveis para montar um novo
exército.
— Então Marmon não tem exército?
— Tem. Seu novo exército foi estabelecido após a chegada de Von der Hess por aqui, há
aproximadamente duas décadas.
— Von der Hess?!
— Não sei detalhes da história, mas o que se conta é que o médium fez um acordo com
o rei de Marmon, Leônidas. Em troca do cargo de autoridade máxima abaixo do líder, Von der
Hess lhe ofereceria ajuda “mágica” para fortalecer seu reino e criar um exército. Assim
Marmon se reergueria, conseguiria se livrar dos comandos do Grande Conselho, voltaria a ter
poder próprio e deixaria de ser visto como o filho leproso, o reino amaldiçoado de Zyrk —
arqueou as grossas sobrancelhas. — E, para reconstruir Marmon, Von der Hess se aproveitou
das novas condições do terreno após o grande terremoto.
— As fendas devem ser muito grandes para caber tanta gente.
— Dizem que são gigantescas, como grandes cânions subterrâneos, mas não acredito
que exista tanta gente para povoá-las. O número de resgatadores por aqui é reduzido se
comparado aos demais reinos e os boatos contam que Von der Hess também não mantém um
grande contingente de sombras.
— Ele as mata?
— Acho que sim, Nina — respondeu secamente. — Dizem que ele elimina boa parte
delas. Talvez tenha sido a forma que encontrou para mantê-las sob controle — explicou. —
Enfim, o que ouvi dizer é que o mago prefere trabalhar com o ataque surpresa e com a ajuda
dos seus insetos amaldiçoados, os Escaravelhos de Hao.
— Ainda assim, Marmon não estaria protegida de um ataque de outro reino — concluí. —
Como conquistam territórios e se defendem se não têm um grande exército lhes protegendo?
— O povo de Marmon não tem interesse em conquistas e também pouco precisa se
proteger.
— Por quê? Não entendo...
Richard diminuiu o ritmo.
— Olhe ao redor, Nina. O que vê?
— Além desse deserto horroroso? — fiz conforme me pediu e vasculhei com atenção
todo o entorno. — Nada.
— Zyrk é quase toda assim: árida. Nenhum clã luta pelas minas ou campos neutros
porque são locais estéreis, mortos. Os poucos lugares que têm algo de bom se transformaram
nas sedes dos clãs. O mais rico deles é Storm. Seu grande lago é fonte de sobrevivência
nesses tempos de secas ininterruptas, além de ficar sobre uma grande jazida de ouro.
Windston, por sua vez, tem o melhor clima, o solo mais fértil de Zyrk, e é de onde vem boa
parte dos nossos escassos alimentos. Thron, apesar de parecer um lugar muito sombrio, tem
pequenas reservas de água e jazidas de minério de onde extraímos o ferro para a fabricação
das nossas armas. Teve também a sorte de ter sido governada por grandes líderes militares.
Nossos homens tiram prazer da luta e do álcool como recompensa, o que nos faz ainda mais
fortes — ele abriu os braços e girou o rosto em direção ao horizonte. — Torne a olhar ao seu
redor. Essa paisagem será a mesma que verá quando, em poucos minutos, cruzarmos aquela
colina e chegarmos a Marmon.
— Mas não há nada.
— Exatamente. E ninguém luta por nada — explicou de forma enfática, fazendo-me
acelerar ainda mais o passo. — Os clãs não têm interesse em ter baixa de soldados por um
lugar que não lhes dê nada em troca. Aqui não há água, ouro, minérios, clima ou solo que
possam atrair os demais líderes. Sem contar que Von der Hess conseguiu camuflar muito bem
as entradas para Marmon. Comenta-se que ele as modifica de tempos em tempos para que
nenhum exército as descubra e, caso isso viesse a ocorrer, ele faria uso dos insetos malditos.
— Sua voz saiu arrastada. — São criaturas de vida limitada, mas perfeitos para o caso.
— Os escaravelhos são capazes de matar?
— Não. Apenas deixam a pessoa em estado de alucinação enquanto leem seus
pensamentos. Mas, uma vez os soldados inimigos se contorcendo no chão, eliminá-los tornase
tarefa fácil, mesmo para um número reduzido de homens — bufou. — Bem-vinda a
Marmon, Nina — soltou com descaso ao cruzarmos a tal colina que havia mencionado, divisa
para o mais abandonado de todos os territórios de Zyrk.
— Meu Deus! O que Von der Hess viu aqui que pudesse ter lhe gerado tamanho
interesse?
— Poder, Nina. Os zirquinianos, assim como os humanos, adoram a sensação do poder
— abriu um sorriso frio. — Sem contar que os boatos também dizem que...
— Quê?
— Que o lugar é realmente amaldiçoado. Que existe energia ruim por aqui. Não se sabe
se ela já existia e Von der Hess apenas se aproveitou do fato ou se foi ele quem trouxe os
poderes malignos para cá.
— Então você nunca esteve em Marmon?
— Nunca entrei pra valer. Meu líder jamais teve interesse no lugar.
— Como encontraremos uma entrada então?
— Com você a tiracolo algo me diz que não será uma tarefa difícil. Eles virão até nós —
confessou.
— Eu direi como — uma voz grave e rascante ecoava na planície desértica e nos
atropelava sem permissão. Shakur!
— O que você está fazendo aqui? — Os olhos azuis de Richard dobraram de tamanho,
suas pupilas vibraram num misto de espanto e incompreensão e ele se jogou comigo para trás.
— Vim dar cobertura para vocês.
— Cobertura para entrarmos em Marmon? — Subitamente Richard perdeu a voz e seu
corpo enrijeceu. Ele fechou a cara e a sombra da fúria deformou rapidamente seus traços
perfeitos. — Afinal, qual é o seu interesse nela? Qual a jogada agora? Que outros segredos
você esconde além da bruxaria?
— Richard, eu sei que tudo parece sem sentido, mas não temos tempo para explicações.
— Havia aflição na voz constantemente autoritária do líder de Thron. — O elemento surpresa é
a nossa única chance. O perigo está à espreita. Eu sinto.
— “Perigo”?! Você “sente”? Por que não sentiu isso antes, hein? — Richard cuspia as
palavras com o maxilar trincado.
— Veja como fala comigo, rapaz. — Shakur fechou os punhos enluvados.
— Eu falo como quiser, droga! Eu sinto o cheiro de mentira de longe e, se não me falha a
memória, foi você quem adestrou o meu olfato.
— Richard, eu não...
— Chega! — Veias arroxeadas saltavam pelo pescoço de Richard e sobressaíam em
sua pele alva. Ele parecia mais do que transtornado. A admiração que nutria pelo líder era
tanta que a dor da decepção se fazia insuportável. — Que tipo de armadilha é essa?
— Rick, por favor, fique calmo — pediu Shakur ao presenciar Richard balançar a cabeça
de um lado para o outro, transtornado. — Você tem dúvidas e medo. Por causa dela... Está
descontrolado, mas eu não o culpo. Acredite. Eu entendo.
Shakur pousou o olhar em mim. Estremeci com aquele contato visual e fui tomada por um
sentimento diferente, obstrutivo e ao mesmo tempo protetor, como se uma mão envolvesse
meu coração. Só não sabia se aquela mão desejava esmagá-lo ou embalá-lo e, apesar de
entender que podia estar sendo alvo de algum tipo de magia, uma ideia inesperada se
expandia e começou a latejar em minha mente. Uma voz dentro de mim afirmava que havia
algo importante atrás dos olhos azuis daquele líder sombrio. Havia ódio, frustração, desespero
e mágoa neles, mas o que meus sentidos insistiam em sinalizar era a presença de um misto de
preocupação e esperança entremeadas a um sentimento que eu não conseguia decifrar, mas
que meu âmago afirmava que eu precisava descobrir.
— Você não entende nada! — Richard rugiu levando as mãos à cabeça. Ele parecia
querer arrancar à força algum pensamento que o massacrava. Então, de rompante, segurou
meu braço e determinou acelerado: — Eu não estou gostando nada disso. Vamos embora
daqui, Nina.
— Vocês não têm onde se refugiar. Vai anoitecer muito antes de chegarem às minas!
Toda Zyrk já sabe da sua fuga e do prêmio que o Grande Conselho colocou na sua cabeça,
Richard! — Shakur advertiu e pude detectar apreensão exalando de sua voz grave. — E na
dela também!
— Não! — Richard ainda lutava.
— Temos que entrar em Marmon. É nossa única saída — insistia Shakur.
— Rick, eu vou ficar — determinei decidida, desvencilhando-me da pegada dele e
colocando um fim àquela discussão interminável. Richard travou, visivelmente perdido,
enquanto os traços da hemiface visível do líder de negro se suavizaram. — Se minha mãe está
viva em algum lugar por aqui, eu não posso simplesmente fugir e deixá-la para trás. Foi para
isso que eu vim. Para salvá-la.
Richard fechou os olhos e, depois de estudar Shakur por um momento, assentiu sem
vontade.
— Ok — soltei aliviada. — Como faremos isso, Shakur?
— As entradas do lugar são camufladas por bruxaria, mas existe uma falha no feitiço de
Von der Hess. Há um determinado momento, quando o sol está se pondo, em que a angulação
dos seus raios consegue evidenciar as margens das fendas no solo. São as entradas.
— Quando você soube disso? — questionou Rick com as sobrancelhas mega-arqueadas.
— Eu sempre soube, rapaz — Shakur abriu um sorriso mordaz.
— Sempre soube? Que ótimo! — Richard franziu o cenho e, bufando, afastou-se de nós
enquanto chutava pequenas pedras soltas pelo chão. Devia estar arrumando uma maneira de
abrandar seu gênio forte.
— O pôr do sol começou há algum tempo. E se esse momento já passou? — perguntei.
— Nina! Cuidado! São os... Argh! — O berro de Richard parecia um aviso distante.
— Rick?! Ai! — Senti uma fisgada lancinante no ouvido. Minha orelha direita ardia. O
mundo zunia.
— Nina! — escutei o bramido de Shakur. Novas rajadas de zumbidos passaram ferozes
por cima da minha cabeça, como se um enxame de abelhas fosse lançado violentamente em
minha direção. O líder de negro arregalou os enormes olhos azuis e saltou sobre mim, fazendo
nossos corpos se espatifarem pelo terreno áspero. O escudo com a insígnia de Thron foi
arrancado com violência de sua mão, levando a luva negra consigo. Shakur desequilibrou e
caiu com o rosto no chão. Parte da máscara negra se quebrou e ele urrou alto num berro que
mais parecia de raiva do que de dor. — Você está bem? — indagou ofegante ainda caído
sobre mim. A pressão aumentava em meus ouvidos. Os sons vinham estranhos, abafados,
como se eu estivesse fazendo mergulho no fundo de uma piscina. Meu raciocínio começou a
processar as informações ao redor com dificuldade, captando os berros distantes de Richard
e o desespero na hemiface do líder de negro de forma lenta e retardada.
Mas minha visão estava intacta.
E eu vi.
Nas outras vezes em que nos deparamos, a penumbra ou a distância se encarregaram
de ocultar pormenores com mais perfeição que a amedrontadora máscara e roupas negras
que vestia. Mas agora, munida da claridade oriunda dos raios solares, da proximidade e de
parte da máscara quebrada, consegui vislumbrar detalhes até então camuflados em seu rosto,
como o maxilar deformado, a pele arroxeada, fina e repuxada e, principalmente, o buraco no
lugar onde devia estar seu nariz, causado pela ausência da cartilagem e que deixava suas
narinas assombrosamente expostas. Seria o momento exato para repulsa ou medo, mas meu
coração esquentou dentro do peito quando se deparou com a verdade estampada em seus
expressivos olhos azuis. Havia o brilho de uma emoção neles que não havia identificado antes,
mas que agora era mais que cristalina: Shakur se importava comigo!
E, de alguma forma, eu sentia que meu corpo retribuía aquele sentimento inesperado de
forma pungente e decidida. Você se importa com ele?! Você gosta dele?! Mas que droga!
Que insanidade é essa agora, Nina?, berrava o resquício de razão a um cérebro letárgico.
Tentei me afastar, nervosa e agitada, diante da estranha avalanche de sentimentos que
ameaçava me paralisar.
— Rick! — Meu berro ecoou no nada. A ausência de resposta comprovava que a
situação era grave.
Congelei sob a nova descarga de adrenalina que percorria minhas veias. Virei o rosto,
desvencilhando-me com dificuldade do peso do corpo de Shakur. E então entrei em choque
com o que meus olhos presenciavam: Richard se contorcia violentamente no chão, as órbitas
brancas em meio a uma crise convulsiva. Tentei me afastar do líder de negro, mas, de olhos
fechados, ele me envolvia com força, murmurando furiosamente palavras sem sentido. Céus!
Shakur havia nos submetido a algum feitiço? O que estava acontecendo? Sons de homens
berrando e se aproximando rapidamente. O zunido aumentava e minha mente girava num
furacão de atordoamento.
— Me solta! — bradei apavorada. Zonza, eu não sabia o que estava acontecendo, mas
precisava me livrar de Shakur e ajudar Richard. Então lancei minhas mãos em direção ao líder
de Thron, que se defendeu do meu ataque, segurando meu pulso com a mão desenluvada.
— Nina, pare! — esbravejou com a voz rouca e congelei.
Não por medo, muito menos pela sua autoridade. Havia uma intimidade que chegava a
doer em seu tom de voz. Meu coração começou a bombardear o peito. Fiz força para me
soltar, mas, mesmo deformados pelo fogo, seus dedos eram fortes e mantinham meu pulso
aprisionado. Desesperada em me livrar de sua pegada, levei os dentes à área exposta, no
local onde a cicatriz da queimadura havia deixado sua pele fina e deformada e recebi o golpe
fatal. Paralisei no meio do caminho. Meus olhos arderam e minha memória entrou em
combustão ao avistar a tatuagem no único ponto ileso na pele da sua mão.
O botão de rosa.
A rosa do meu sonho.
Único registro de uma infância feliz.
Não podia ser! Nada disso fazia sentido. Oh, Deus! Eu estava enlouquecendo!
— Pequenina, por favor, não chore — implorou ele quando lágrimas romperam as
barreiras da minha alma e comecei a chorar copiosamente.
“Pequenina”?! Então ele era...?
De repente, o corpo de Shakur se enrijeceu, suas pupilas assumiram a posição vertical e
ele me soltou.
— Concentre-se na cor branca — ordenou nervoso, assustando-me ao começar a
balançar a cabeça de maneira descontrolada. No instante seguinte, contorcia-se no chão
exatamente da mesma forma como havia acontecido com Richard. E, da mesma forma que
seu pupilo, Shakur desacordou próximo aos meus pés.
O mundo girava em um tornado de imagens distorcidas e perguntas sem respostas. O
zumbido ensurdecedor tomou conta dos meus ouvidos e mente.
— A híbrida é minha. — A voz afeminada de Von der Hess me apunhalava pelas costas e
me fez desmoronar de vez. — Acabou, Ismael!
Ismael?!
Shakur era... Ismael?!
Meu Deus! Ismael era o homem que eu chamava de pai nos meus sonhos!