domingo, 21 de março de 2021

Devocional dia e noite 21/03

 Manhã

"(…) vós sereis dispersos cada um para sua parte, e

me deixareis só (…)" (Jo 16:32)

Poucos tiveram comunhão com os sofrimentos do

Getsêmani. A maioria dos discípulos não estava

suficientemente experiente na graça para serem

admitidos a contemplarem os mistérios da agonia.

Ocupados com a festa da Páscoa em suas próprias

casas, eles representam muitos daqueles que vivem

sobre a letra, mas são meras crianças quanto ao

espírito do evangelho. Para doze, ou melhor, para

apenas onze, foi dado o privilégio de adentrarem ao

Getsêmani e verem "esta grande visão" (Ex 3:3).

Dos onze, oito foram deixados à distância; eles

tinham comunhão, mas não aquela tão íntima para a

qual homens muito amados são admitidos. Apenas

três altamente favorecidos puderam aproximar-se do

véu da misteriosa tristeza de nosso Senhor; dentro

desse véu, mesmo estes não se intrometeram; a

distância de um pedra lançada havia entre eles. O

Senhor teve de pisar o lagar sozinho, e não deveria

haver qualquer um com Ele. Pedro e os dois filhos

de Zebedeu representam os poucos eminentes e

amadurecidos santos que podem ser descritos como

"Pais"; estes estiveram mercando em grandes águas

(Sl 107:23), e podem, em alguma medida, avaliar as

enormes ondas do Atlântico da paixão do seu

Redentor. Para alguns espíritos escolhidos é dado,

para o bem dos outros, fortalecê-los para os

extraordinários e especiais conflitos futuros; é dado

entrarem em um pequeno grupo de pessoas e

ouvirem os pedidos do Sumo Sacerdote; eles têm

comunhão com Ele em Seus sofrimentos, e são

feitos conforme a Sua morte. No entanto, mesmo

estes não puderam adentrar nos lugares secretos das

aflições do Salvador. "Teus sofrimentos

desconhecidos" é a notável expressão da liturgia

grega; havia uma câmara interna na tristeza de nosso

Mestre distante do conhecimento e do

companheirismo humano. Lá, Jesus ficou só; Jesus

era, mais do que nunca, um "dom inefável" (2Co

9:15)! Não está Watts correto quando canta:

"E todas as desconhecidas alegrias que Ele dá,

Foram compradas com desconhecidas agonias"?

"Teus sofrimentos desconhecidos" é o título de um

hino escrito por Joseph Hart (1712 - 1768), pastor

calvinista inglês. (N.T.)

Isaac Watts (1674 - 1748) foi um poeta, pregador e

teólogo inglês. É reconhecido como o "Pai dos

Hinos Ingleses". (N.T.)




Noite

"Ou poderás tu ajuntar as delícias do Sete-estrelo ou

soltar os cordéis do Órion?" (Jó 38:31)

Se estivermos inclinados a nos vangloriar de nossas

habilidades, a grandiosidade da natureza

rapidamente nos mostrará quão insignificantes nós

somos. Não podemos mover a menor de todas as

estrelas cintilantes ou extinguir qualquer dos raios de

luz da manhã. Falamos de poder, mas os céus riem

de nós com escárnio. Quando as Plêiades brilham na

primavera com vernal alegria, não podemos conter

suas atividades; quando Órion reina no alto, e o ano

está ligado aos grilhões do inverno, não podemos

afrouxar os cinturões gelados. As estações do ano

acontecem de acordo com a determinação divina, e

nem todos os homens juntos podem nelas realizar

qualquer alteração. Senhor, o que é o homem?

No espiritual, tal como no mundo natural, o poder

do homem é limitado em toda a parte. Quando o

Espírito Santo derrama Seus deleites na alma, nada

pode atrapalhar; toda a astúcia e malícia dos homens

são ineficazes para interromper o poder vivificante

do Consolador. Quando Ele Se digna a visitar uma

igreja e restaurá-la, os mais inveterados inimigos não

podem resistir a Sua boa obra; eles podem

ridicularizar isso, mas não podem fazer qualquer

coisa para contê-Lo, tal como não podem empurrar

para trás a primavera quando as Plêiades governam.

Aquilo que Deus deseja, assim deve ser. Por outro

lado, se o Senhor, em soberania ou em justiça,

restringe um homem, de modo que ele fique preso

na alma, quem poderá dar-lhe a liberdade? Somente

Ele pode remover o inverno da morte espiritual de

um indivíduo ou de um povo. Ele afrouxa as faixas

do Órion, e ninguém mais senão Ele. Que bênção é

que Ele possa fazer isso. Ó, que o Senhor realize

essa maravilha esta noite. Senhor, termine o meu

inverno e deixe minha primavera começar. Eu não

posso, com todos os meus anseios, levantar minha

alma da morte e da sonolência, porém todas as

coisas são possíveis contigo. Eu necessito de

influências celestiais, do brilho transparente de Teu

amor, dos raios de Tua graça, da luz da Tua face;

essas são as Plêiades para mim. Sofro muito com o

pecado e a tentação; esses são os meus sinais de

inverno, meu terrível Órion. Senhor, trabalhe

maravilhas em mim e para mim. Amém.


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