segunda-feira, 21 de maio de 2018

CAPÍTULO 22 - Não Fuja

CAPÍTULO 22
Concentrado e carregando mamãe em seus braços, Shakur caminhava à frente do
pequeno grupo, eu vinha no meio e Richard dava-nos cobertura, posicionando-se logo atrás.
Começamos a subida dos desnivelados degraus ao lado do abismo de forma atenta e
cadenciada. Não seria necessário um exército para nos eliminar. Qualquer descuido ali seria
fatal. Por sinal essa ideia começou a crescer em minha mente à medida que avançávamos.
Caso tudo desse errado, se eu os perdesse, mergulhar para sempre naquele precipício surgia
como uma alternativa inesperadamente interessante... E viável.
— Como você vai lutar sem uma espada, Rick? — inquiri preocupada à medida que
chegávamos ao ponto mais alto do lugar. Só então havia me dado conta de que eles não
tinham armas.
— Quem disse que vou lutar sem uma espada? — Pude escutar sua risadinha logo atrás
de mim.
Que ótimo! Seu convencimento estava de volta!
— Ah! Pelo visto o maldito escaravelho afetou seu juízo também.
— Está preocupada comigo, Tesouro?
— Você é um inconsequente, isso sim! — retruquei e ele riu ainda mais, mas me segurou
pela cintura e me puxou para junto de si antes que eu desse o passo seguinte. Quando me
virei, Richard estava sério e me encarava com vontade. Um misto de desejo e carinho se
mesclavam no azul-turquesa derretido de seus olhos.
— Não poderia partir sem ver seu rostinho bravo uma última vez. Não tem ideia de como
fica linda quando se zanga comigo. Acho até que isso me faz implicar mais do que deveria com
você, minha pequena.
Meu coração deu um pulo no peito. “Minha pequena”?
Olhei rapidamente por cima do ombro e vi o corpo de Shakur enrijecer. Ele nos
observava de soslaio. Era essa a forma como ele carinhosamente chamava mamãe.
— Nós não vamos morrer — assegurei hesitante.
— Nós vamos partir sim, mas algo me diz que não será hoje.
— Como lutará sem espada? — insisti.
— Terei que ter mais cuidado com os primeiros soldados — explicou. — Precisarei
eliminá-los e pegar suas armas sem me colocar em risco. A partir daí será fácil acabar com os
demais, até porque, além de eu estar em posição superior, esses degraus estreitos foram de
grande ajuda. Lutarei, no máximo, contra dois de cada vez. Isso é moleza — piscou
convencido, mas então seu rosto se fechou, sombrio. — Não é isso o que me preocupa, Nina.
Ele não precisaria dizer. Conhecia sua força em batalha, mas não havia armas que o
livrassem dos malditos Escaravelhos de Hao.
— Então não temos saída, Rick. A escada acaba aqui e não temos para onde ir —
sentenciei.
— Tyron vai iluminá-lo — sussurrou e olhou para alguns degraus acima, onde Shakur e
Stela estavam. O líder de negro havia colocado o corpo desacordado de mamãe de encontro
ao paredão rochoso, posicionando-se à sua frente enquanto estendia os braços no ar em
diversas posições. Ele parecia estudar o vento e as pequenas faixas de luz no distante teto
negro acima de nós.
— Você confia cegamente nele, não?
— Shakur é excepcional em seus estratagemas. Nunca errou, mas... — O orgulho na
resposta de Rick vinha impregnado de preocupação.
— Mas?
— Ele está diferente. Tudo isso acontecendo... — ponderou. — Pode prejudicar suas
decisões.
— Você escutou a nossa conversa?
— Principalmente a parte final. Achei que havia pirado de vez — confessou. — Agora
tudo faz sentindo, mas...
— Não é nada educado sair sem se despedir de seu anfitrião!
Fomos interrompidos por uma voz ácida e afeminada: Von der Hess! Ele surgia na
entrada do calabouço, em uma posição bem abaixo de onde estávamos. Um grupo de dez
soldados fortemente armados lhe dava cobertura. Eles tinham a pele muito branca,
provavelmente por viverem longe dos raios solares naquele mundo subterrâneo. Curiosamente
todos eles eram loiros e bonitos, assim como Kevin. Estremeci ao me recordar o quanto
aquele crápula era semelhante ao mago. Seriam os homens de Von der Hess tão traiçoeiros
quanto o mago?
O médium cochichou algo entre eles e, em seguida, os soldados partiram para cima de
nós, subindo os degraus em fileira, um atrás do outro.
— Fique atrás de mim, Nina! — Richard colocou-se rapidamente à minha frente e, num
piscar de olhos já tinha as pupilas verticais, as mãos fechadas em punho e seus músculos
pareciam ter triplicado de tamanho.
— Pegue os capacetes deles, Rick! — ordenou Shakur com a voz baixa a alguns degraus
acima de mim.
— Capacetes?! — Richard olhou para trás, certificando-se de que havia compreendido
corretamente a ordem.
— Pegue-os e os jogue para mim! — repetiu o líder.
Cristo Deus! Do que nos adiantariam capacetes? E como se isso fosse fácil em meio a
uma luta com um precipício abaixo de nós!
— Ok! — Foi a resposta determinada de Richard, aguardando no nível superior o ataque
do primeiro adversário que avançava sobre ele. O rapaz abandonou o escudo para poder se
apoiar na parede de pedra com a mão esquerda enquanto segurava a espada com a direita.
Atrás dele, outro soldado havia feito o oposto, dispensando a espada e segurando o escudo à
frente do parceiro para lhe dar cobertura. Qualquer passo em falso e os três cairiam nos
braços escancarados do imenso precipício. Até ganhar ritmo, a luta começou de forma lenta,
com os três estudando os passos, cientes do terrível perigo à espreita, a garganta aberta,
pronta para engoli-los a qualquer instante. Ainda assim a destreza e a velocidade dos
movimentos de Rick me impressionavam. Ele conseguia escapar com facilidade dos golpes do
adversário. Aproveitando-se do fato de que o segundo soldado não tinha uma arma em mãos,
em uma investida impensável Rick avançou sobre o primeiro, segurando o braço armado do
inimigo em uma luta corpo a corpo. O homem resistiu ao ataque e sua espada fez letais
movimentos a esmo no ar. Gelei quando Rick arriscou a vida ficando de costas para o abismo,
com uma das mãos imobilizando o braço que tinha a espada enquanto a outra segurava com
força o corpo do adversário. Se o homem se desequilibrasse, os dois cairiam. Em uma luta
corpo a corpo, Richard fez o adversário girar no próprio eixo e, perigosamente assumindo uma
posição entre os dois inimigos, utilizou-se da força oponente a seu favor. Num movimento
rápido e inesperado, deixou de fazer força e jogou o corpo para o lado. Na ausência de
resistência, o soldado voou para a frente e, para seu infortúnio, acabou acertando o ombro do
próprio companheiro, que se contorceu, urrando de dor. Sem perder tempo, Richard deu um
golpe nas pernas do inimigo armado que perdeu o equilíbrio e despencou, fazendo seu
derradeiro berro ecoar morbidamente em direção ao precipício. Rick tentou pegar a espada
que serpenteou no ar, mas deixou a ideia de lado quando uma flecha passou a centímetros de
deu crânio.
— Nina, abaixe-se! — berrou.
— Estou bem — assegurei e, com semblante aliviado, ele deu um voo rasante sobre o
outro sujeito ferido, arrancando abruptamente seu capacete e lhe desferindo uma sequência de
socos violentos. Richard ainda conseguiu sacar o escudo do adversário antes que ele
tombasse desacordado e fosse chutado para o abismo pelos próprios companheiros. Apesar
de Richard conseguir eliminar os adversários, o abismo a poucos centímetros de distância
tornava as lutas rápidas e desajeitadas. Sem contar que o fato de ele não ter conseguido
obter uma espada até então começava a me preocupar.
— Aqui, Nina! — Rick aproveitou o momento para jogar o escudo em minha direção.
Apesar de mais pesado do que poderia imaginar, segurei-o com força e me senti melhor por
ter algo com que me proteger. — Shakur! — Em meio à confusão, Richard lançou o capacete
para o líder de negro que o agarrou no ar. Sem perder tempo, o líder rodopiou o braço,
tomando impulso, e o lançou com força para o alto. O objeto voou em meio aos olhares
atordoados, em especial, o de Von der Hess. Um baque surdo seguido de um ruído forte
vibrou pelo lugar e um discreto filete de luz rasgou a penumbra onipresente. O capacete havia
atravessado o teto falso fazendo um buraco nele, mas, pela forma como Shakur socou o ar,
praguejando alto e deixando evidente sua frustração, ficava claro que o resultado foi aquém
das suas expectativas. Rick xingou ao perceber que o plano do seu líder tinha ido por água
abaixo. Von der Hess respirou aliviado e uma pitada de cor retornara ao seu rosto ainda mais
pálido que o usual.
— Joguem seus capacetes no cânion! — ordenou o bruxo ao grupamento. Ele havia
compreendido o plano de Shakur, mas eu não. De que adiantaria o líder de Thron fazer uma
abertura maior no teto falso de Marmon se não possuíamos corda ou alguém que pudesse
nos puxar? Mas, por outro lado, Von der Hess não teria ordenado seus homens a se livrarem
dos capacetes se não tivesse ficado preocupado com aquela tentativa...
— Não faça besteira, Ismael! — advertiu o bruxo de branco pedindo aos seus soldados
que recuassem por um momento.
— Esqueceu-se de que sou mestre nesse quesito? — Foi a resposta atrevida de Shakur.
— Por que arriscar a vida dos quatro? — Von der Hess gesticulava exageradamente.
Sua voz conseguia ser ainda mais falsa do que me recordava.
— Quantas eu poderia poupar se escutasse seus sábios conselhos?
— Boa pergunta. Deixe-me ver... — O bruxo batia os dedos nos lábios sem cor. — Três.
— Três?! Que bondade a sua! — O líder de negro liberou uma risada sarcástica, para
então rebater de forma afiada: — Por quanto tempo? Poucos dias? Ou seriam apenas
segundos?
— Como você se prende a detalhes, Ismael! — Von der Hess disfarçou o sorriso ofídico.
— Vejo que mudou muito pouco nesses anos de desaparecimento, querido amigo.
— Você nunca teve amigos.
— É verdade. — O mago de Marmon ruminava as palavras, pensativo. — Você sabe que
sempre dei valor ao tempo. Amigos gastam muito dos nossos preciosos minutos.
— Avalie bem a sua estratégia, Hess, porque estamos dispostos a morrer os quatro.
Perderá tudo.
O bruxo enrijeceu com aquela afirmação inesperada e seu maxilar trepidou. Ele tentou
esconder seu nervosismo em ascensão, ocultando parte do rosto com a manta branca.
— O que quer negociar? — questionou Von der Hess por fim, o tom rouco surpreendendo
a todos. Seria aquela a sua voz verdadeira?
— Retire a cobertura.
— Passe-me a híbrida primeiro.
— Negativo — Shakur gargalhou alto, mas levou as mãos à máscara e iniciou seu
cacoete de nervosismo. A situação era ruim. — Achou que eu abriria mão da híbrida? Ela é a
única garantia de que sairei vivo daqui.
— Pensei que tivesse apreço pela humana e pelo seu resgatador, Ismael.
Shakur permanecia com um sorriso de descaso frente à sutil ameaça e tornou a balançar
a cabeça, como se estivesse decepcionado com a atitude de Von der Hess.
— Você me conhece muito bem para saber que não gasto palavras à toa. Eu já disse: ou
sobreviveremos os quatro ou morreremos todos.
— Idiota! — esbravejou o mago de Marmon e, tornando a olhar para seus homens,
comandou com ira mortal: — Peguem a híbrida e matem os demais!
Em fila de subida nos degraus desnivelados, os soldados retornaram ao ataque com
força total. Trocando de posições, eles faziam investidas velozes, lançando e puxando suas
espadas rapidamente de volta, impossibilitando Rick de agarrar uma delas em meio aos
ataques. Richard, por sua vez, defendia-se, mas suas ações pareciam travadas e eu
imaginava o motivo: Por que lutar se o plano do seu líder havia ido por água abaixo? De que
adiantaria manter a disposição se suas chances de fuga foram aniquiladas?
Segurei a angústia que começava a crescer dentro de mim e, sem me dar conta do que
procurava, olhei para cima e acabei vendo o que não deveria: Shakur estava ajoelhado,
cabisbaixo, em frente ao corpo inerte de mamãe e, com o olhar sombrio, acariciava seu rosto
com ternura incomparável. O aperto no meu peito começou a me queimar de dentro para fora.
Meu corpo se arrepiou e, agoniado, pareceu querer expulsar meu espírito.
Não podia ser... Aquilo era uma despedida?
Minha cabeça girava, perdida em meio ao caos da situação. A parte final de um filme
sendo exibida em fragmentos impregnados de entrega e tristeza: Rick em sua luta perdida,
mamãe em péssimo estado, Shakur desolado, o abismo. Perdi o ar, catatônica. Uma
sensação ruim, como um sentimento de perda e desesperança, estremeceu minhas certezas,
abalou minha fé e me fez cair, prostrada no chão.
Um som abafado, ritmado como as batidas de um coração, começou reverberar de
repente em meus tímpanos. O ruído ganhou intensidade, ficando dolorosamente estridente.
Larguei o escudo e, desorientada, levei as mãos aos ouvidos, procurando me proteger daquele
mal-estar inesperado. Sem que desse por mim, eu estava toda encolhida e, tremendo, tinha a
cabeça entre os joelhos. O mundo perdeu a cor e me vi num gélido mar de escuridão.
— Nina?! O que está havendo? Nina, fale comigo! — escutei os berros abafados de
Richard ao longe, como se ele estivesse a quilômetros de distância. Algo agradável e
repentino anulou os efeitos do desamparo que me consumia e me atraiu em outra direção.
Levantei-me e, muito lentamente, dei os primeiros passos de encontro àquela sensação
arrebatadora que me invadia sem cerimônia. Havia um magnetismo no ar, uma energia
pulsante que ardia em meu sangue e bombeava meu coração de uma forma diferente. Uma
voz melodiosa, etérea, ganhou espaço em minha mente. Ela entoava um cântico suave, quase
uma canção de ninar, e embalava minhas pernas. Uma emoção inigualável me preencheu, um
sentimento de felicidade extrema se espalhava por minha pele, e uma palavra vibrou, única e
poderosa, em minha mente: Filha.
— Nina! — Mais berros abafados ao fundo. — Segure-a, Shakur!
— Filha. — A voz angelical me chamava, nítida e gentil.
— Não consigo! Há uma força agindo nela! Eu não entendo... Por Tyron! — Escutei o
bramido tenso do líder de Thron ficando para trás também. Pouco importava agora.
— Ninaaaaa!
Algo em mim quis responder aos berros desesperados de Rick, mas então um convite
inusitado arrancou minha atenção:
— Venha para casa, filha — pedia carinhosamente a voz suave em minha mente.
“Casa”? Voltar para casa...
— Nina, por favor, não perca a sua fé! O que quer que seja, essa força se alimenta
disso! — Shakur implorava ao longe.
— Senti tanto a sua falta — confessou a voz gentil.
Sentiu falta de mim...
— Nina, não! — Novo grito de pavor ao longe. Agora ele arranhava um choro de dor e
aflição. Sons de metais se chocando com fúria reverberavam em minha cabeça. — Pelo amor
de Tyron! Não a deixe cair, Shakur!
— Nina, sua mãe a ama! — bradou Shakur. Aquela mensagem gerou um novo circuito de
sensações em minhas artérias. Quis reabrir os olhos, mas não consegui. A canção de ninar
ficou ainda mais alta.
— Venha, filha. Venha para onde sempre foi o seu lugar.
Meu lugar...
— Não, Pequenina! Não faça isso. Não dê ouvidos ao demônio. E-eu... — a voz grave do
líder saía rouca. — Eu sempre te amei.
Pequenina? Apenas uma pessoa me chamava daquela maneira e ela... Ela me amava!
Nova avalanche de sensações. Meu corpo reagiu àquela informação com um estremecer
furioso e um estrondo alto, como o de um trovão, estourou em meus ouvidos, destruindo a
bolha que me envolvia e aniquilando a voz gentil. Meu corpo ficou em brasas, reagindo contra a
força que me puxava para baixo. Por alguma razão, eu sabia que ainda não era a hora de me
encontrar com a voz suave que me chamava. Não ainda.
— Oh! — Tentei pisar firme, mas meus pés não encontraram o chão e eu caí,
mergulhando com força no precipício. Joguei os braços no ar, nadando no nada.
— Nãoooooo! — O grito de pavor de Richard ricocheteou em todas as paredes daquele
lugar sombrio.
— Argh! — Shakur arfou alto. Senti um solavanco brusco, algo trombar em mim, agarrar
meu braço de qualquer jeito e, em seguida, meu corpo bater contra uma superfície dura e
áspera.
Desorientada, reabri os olhos e quase desmaiei com o que vi: eu estava pendurada no
precipício! Segura apenas por uma das mãos de Shakur, minhas pernas pedalavam
desajeitadamente no ar procurando alguma saliência na qual pudessem se apoiar. O líder de
negro também estava pendurado e sua outra mão era a responsável por segurar o peso de
nós dois juntos! O abismo negro crescia à medida que as forças de Shakur cediam,
escorregando cânion abaixo sob a ação do meu peso. Apesar de ser incrivelmente forte, o
coitado fazia esforço sobre-humano para conseguir suportar os nossos corpos
simultaneamente.
O que havia acabado de acontecer? Eu havia caído? Ele havia se jogado para me
salvar?
— Está tudo bem, Pequenina — ele tentou me acalmar, mas tinha a respiração
acelerada. — Eu nunca irei te soltar. Nunca — ele olhou para mim, a hemiface sã também
enrugada pela força colossal que realizava.
Nunca.
Aquela resposta...
Um feixe de luz, da pequena fenda que ele fez no teto do lugar, incidiu sobre nossos
rostos e iluminou meu espírito. A certeza contida dentro do lampejo de um sorriso triste que lhe
escapava: ele nunca me abandonaria! Shakur estava abrindo mão da própria vida para ficar
junto de mim. Não haveria no mundo prova de sentimento maior que aquela. Ele realmente me
amava!
Engasguei de emoção. Nem mesmo o medo do que poderia acontecer nos segundos
seguintes conseguiu sobrepujar a felicidade em seu estado mais puro, a compreensão em
forma de lágrimas que acabava de fechar a minha garganta, deixando-me sem voz.
— Meus homens podem ajudar! — bradou Von der Hess verdadeiramente solícito, vindo
logo atrás de seu grupamento. Todos nós sabíamos que ele estava apavorado com a
possibilidade de me perder.
— Não os deixem se aproximar de nós, Rick! — Shakur comandou, mas suas forças
começavam a falhar. — Argh!
— Porra! Você não vai conseguir aguentar por muito tempo! — esbravejou Richard. Sem
a mim para proteger, ele lutava como um louco suicida e, com várias feridas nos braços e
mãos, já havia conseguido pegar uma espada para si. Com a arma em punho, Rick fazia seu
estrago, eliminando os inimigos com velocidade absurda, mas novos soldados surgiam do
nada, consumindo seu tempo e impedindo que ele pudesse parar para nos ajudar. Ele sabia
também que seria alvejado caso lhes desse as costas. Von der Hess queria apenas a mim,
todos os demais eram descartáveis.
A respiração de Shakur assumira níveis perigosos, meus braços tremiam pelo esforço e
Rick travava sua luta inglória quando fomos surpreendidos por algo ainda mais inusitado: dois
soldados fugiram do confronto direto e, presos por cordas, escalavam as paredes das
margens internas do cânion e vinham em minha direção.
— Shakur! — apontei para o horror em andamento e o escutei praguejar alto.
Richard não teria como se abaixar para tentar impedir o ataque daqueles dois sem ser
alvejado. A distância diminuía e, em questão de segundos, aqueles sujeitos me alcançariam.
Minhas forças chegavam ao fim. O momento derradeiro estava próximo. Fechei os olhos e
respirei fundo. E se eu simplesmente me soltasse? Pouparia ao menos a vida de Shakur? Eu
sabia que não. Sabia que no instante em que meus dedos se abrissem os soldados do mago
não apenas matariam o rei de Thron, como dariam um fim imediato a Richard e à minha mãe.
— Pequenina! — Shakur pressentiu o perigo iminente. Eu não aguentaria muito tempo
mais.
— Mamãe, Rick... — pedi sem forças. — S-Sem dor... Peça a ele.
Shakur fez um imperceptível movimento de cabeça. Ele havia compreendido.
— Acabou. Recuar, Richard — soltou o líder de negro com a voz rouca para seu bravo
resgatador. — Rápido! Leve a humana consigo.
Richard contraiu as sobrancelhas fortemente, mas, para a minha surpresa, não xingou ou
contestou. Ele era um soldado e, mesmo acostumado às vitórias, reconhecia o momento de
recuar e experimentava, pela primeira vez, o gosto amargo da derrota.
— Pois partiremos juntos! Os quatro! — bradou meu amado em alto e bom som.
Então tudo aconteceu ao mesmo tempo: Rick girou nos calcanhares e voou em direção a
minha mãe, Von der Hess vociferou algo em estado de desespero, seus homens correndo em
direção a Richard, os soldados na parede interna do precipício agarrando a minha perna, eu
os chutando com o meu restante de forças, Shakur bradando alto e avisando a Rick que não
suportaria mais, novos urros de dor e, de repente...
Novo estrondo altíssimo, como de uma explosão, seguido de uma rajada de vento
quente. Um clarão ofuscante lavou a penumbra do local sombrio. O teto tinha sido varrido num
piscar de olhos e os raios solares mergulhavam sobre nossas cabeças! Em meio à cegueira
momentânea, uma nova comoção reverberou no lugar, alarmes apavorados e ordens berradas
às pressas aconteciam ao mesmo tempo em que um ataque ininterrupto de flechas passava
rasgando por nossas cabeças, alvejando nossos inimigos sem piedade. Desorientado, Von der
Hess lançava ordens atrás de ordens, mas seus homens recuavam. Perdi a respiração e todos
os meus músculos reagiram ao escutar uma voz que faria o meu coração trepidar em absoluto
júbilo.
— Ninaaaa!
Era John!

Oração do dia 21 Palavras para intensificar o poder concretizador da expressão verbal.Oração do dia 21 Palavras para intensificar o poder concretizador da expressão verbal.


Oração do dia 21
Palavras para intensificar o poder concretizador da expressão verbal.
Acredito na natureza divina que existe em mim; acredito que está latente em mim a natureza divina, que é a luz da esperança; acredito na sublime natureza espiritual latente em mim; acredito que em mim fluem a vida, o amor e a onipotente Força de Deus. É-me dado todo o poder no céu e na terra. Por isso, acredito que tudo que busco se concretiza conforme as palavras que profiro com convicção. Minhas palavras estão carregadas do poder de Deus. Sei que Ele concretiza tudo de acordo com meu pedido. Aliás, Ele já providenciou tudo de que necessito. Meu coração está repleto de alegria e gratidão. Deus me guia; Deus me faz prosperar; Deus me abençoa. Deus faz de mim uma luz para iluminar a humanidade, porque acredito nEle e nas Suas promessas. Agradeço por me dar Vida e fazer brotar fé em meu coração. 

meditação diária (cecp) dia 21

Expresso facilmente uma perfeita atividade 

sábado, 19 de maio de 2018

46 - Certeza Absoluta: O que fazer quando a dúvida surge - YOD RESH AYIN


46 - Certeza Absoluta: O que fazer quando a dúvida surge - YOD RESH AYINExiste somente uma maneira de tornar inoperantes e inúteis todas as ferramentas e o poder deste site.
Chama-se incerteza.
REFLEXÂO:
Verbete no dicionário: princípio da incerteza
Substantivo
1. Um princípio da mecânica quântica que sustenta que aumentar a precisão de medida de uma quantidade observável aumenta a incerteza pela qual outras quantidades possam ser conhecidas.
Desenvolvido pelo físico teórico Werner Heisenbergem 1927.
2. Parte da atual visão científica da natureza da realidade física, com implicações para a filosofia em geral.

Se injetarmos dúvida em qualquer aspecto destes ensinamentos, estaremos literalmente tirando o fio da tomada e desligando seu funcionamento.
"Quero ver para crer" deve ser substituído por "quando eu crer, vou ver!"
Lembre-se de que ter certeza não significa simplesmente ter confiança de que obteremos o que queremos.
Ter certeza significa reconhecer que já estamos recebendo o que precisamos para o crescimento espiritual.
É verdade que, quando a dificuldade acontece, as dúvidas começam a vir à tona em nossas mentes.
Ficamos incertos acerca da realidade do Criador.
Questionamos a justiça no universo. 
Tememos pelo futuro. 
Apontamos o dedo da culpa para os outros, ou para os céus. 
Quando invocamos o poder da certeza, porém, todas essas sensações negativas desaparecem, como a neblina que encobre uma montanha implacável.
Em todas as áreas da vida, a duração do caos e da dor é sempre diretamente proporcional ao nosso próprio nível de incerteza e falta de responsabilidade.
AÇÂO:
Certeza! Segurança! Convicção! Confiança! Tudo isto enche seu coração através da meditação deste Nome.

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
TODOS OS ACONTECIMENTOS NOS ENSINAM ALGO.
 
Os acontecimentos fenomênicos são “mestres que nos proporcionam aprimoramento espiritual”. Isto é, os fatos que estão ocorrendo agora — quaisquer que sejam — infalivelmente nos ensinam algo. Eles constituem uma oportunidade para passarmos a viver uma vida maravilhosa, alcançando maior grau de despertar espiritual e manifestando mais nitidamente a nossa Imagem Verdadeira.

118 - minutos de sabedoria

VOCÊ, que é jovem, construa a sua felicidade em bases sólidas. A felicidade não depende dos outros, mas de nós mesmos. Se alguém quiser desviá-lo do bom caminho,não o acompanhe: siga a estrada
reta do bem, pois só assim conseguirá ter alegria em seu coração. Estude o mais que puder, ouça os conselhos de seus pais, seja puro e sincero em suas afeições, pois assim construirá uma vida nobre e digna.

19º Dia do Mês - exercicios de concentração

19º Dia do Mês
1. No dia 19 o foco é em fenômenos externos em algo que existiu primeiro como todo e,
em seguida, transformou-se na totalidade de suas partes separadas. Um exemplo disto é
uma nuvem que se transforma em gotas de chuva. Outro exemplo é a copa cheia de
uma árvore que se transforma em galhos separados e folhas em queda.
Enquanto você está se concentrando em coisas semelhantes, tente descobrir leis
segundo as quais, o desenrolar destes eventos não pode ser permitido. O objetivo deste
exercício é encontrar essas leis.
"Você se torna o que você é", e que é o universo, com plenitude final e perfeição, não é
mesmo contexto, porque não há separação.

2. Dígitos para Concentração
* Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1254312
* Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 158431985

3. O esforço do espírito para ter o seu legítimo lugar no mundo, assim como a luta de sua
alma para a encarnação do Criador levando sua mente a estar sob supervisão. Sua
consciência torna-se de parte da consciência universal. Você se torna quem você é. Sua
eternidade é revelada em suas contemplações. Seus reflexos se tornam eternidade. Seus
pensamentos fazem o mundo eterno. Você é onde você está e você vai estar onde
você não é. Você sempre vai estar lá, embora o mundo seja composto por intervalos de
tempo. E lá onde você vai ser, num momento do tempo se tornará um mundo, e o
espaço irá juntar-se com a eternidade. Tempo dá o seu reinado e você estará em
movimento. Você estará no tempo eterno. Você vai sentir o tempo eterno e desta vez o
eterno envolve você. Cada momento do seu tempo é nascido eterno. Sinta a
eternidade em cada momento e você vai ver que a eternidade é já dentro do seu
domínio

113 - Louise Hay

113- “Sei perdoar, sou amoroso, bom e gentil, e sei que a vida me ama.”

CAPÍTULO 21 - Não Fuja

CAPÍTULO 21
Subitamente determinado, Shakur jogou o corpo sem resistência de Richard por sobre os
ombros. Ele conseguiu a proeza de levantar a montanha de músculos de Richard com incrível
facilidade, carregando-o com destreza enquanto descia os degraus suspensos à beira do
abismo.
— Como está a humana? — Shakur tentou disfarçar, mas sua voz saiu cheia de
expectativa quando chegamos à entrada da cela onde mamãe se encontrava. Pelo visto, ele
não imaginava que eu já sabia que ele era Ismael, o meu pai adotivo de um passado bem
distante.
— Não consegue falar, mas acho que entende o que se passa ao seu redor. Tenho medo
de que não esteja apenas dopada, mas que lhe tenham causado algum dano irreversível e...
— Não consegui continuar ao ver a hemiface do líder de negro perdendo a cor gradualmente.
Depois de tantos anos, ele ainda se importava com ela? E qual seria a reação de Stela ao se
deparar com ele?
— Preciso colocá-lo no chão antes que me acerte um chute — Shakur esboçou um
sorriso ao ver que Richard começava a mexer as pernas e o posicionou do lado de fora da
entrada.
— Não é perigoso deixá-lo aqui? — indaguei.
— Qualquer lugar dentro de Marmon é perigoso. Ao menos aqui ele pode nos dar o
alerta da chegada de algum intruso. Não que isso seja de grande serventia com ele nesse
estado, mas... — deu de ombros. — Temos que pegar sua mãe e sair o mais rápido possível.
Vou fazer duas viagens até a base. Primeiro eu a levo. Depois carrego Richard.
— Tudo bem.
— Rick, fique de olho e berre se alguém se aproximar, ouviu? — comandou Shakur.
— Pode deixar — assentiu, mas o coitado mais parecia um sonâmbulo que falava durante
o sono.
Shakur segurou minhas mãos ainda amarradas e, sem que eu esperasse, desceu um
lance de degraus conduzindo-me ao nível logo abaixo do nosso.
— Para onde está me levando?
— Feche os olhos, Nina, e não os abra em hipótese alguma.
— Fechar os olhos?
Não gostei daquela ordem inesperada. O mortal abismo piscava abaixo de mim.
— Vou cortar a corda.
— E por que eu preciso fechar os olhos?
— Porque vou remover a minha máscara. — Havia uma advertência velada em seu tom
de voz sombrio. — A parte de trás da minha máscara possui um bordo afiado como uma
lâmina. Uma arma secreta...
— Ah! — Isso explicava o porquê dele se afastar de Richard. Não queria que seu pupilo,
ainda que fora de suas faculdades completas, presenciasse o triste segredo que guardava a
sete chaves.
— Dê-me a sua palavra que não abrirá os olhos em hipótese alguma.
— Eu prometo.
Sem hesitar, estendi os braços, satisfeita em saber que me veria livre daquelas malditas
amarras, e cerrei os olhos com força. Escutei a respiração de Shakur ficar diferente, menos
forçada, e, em seguida, ele segurar delicadamente minhas mãos. A agradável sensação de
bem-estar que ele costumava me gerar estava novamente presente. Deixei o ar escapar dos
meus pulmões, mas meu momento de tranquilidade foi interrompido por um novo berro.
— Ninnnaaa! — A voz de mamãe, bem mais forte e lúcida do que antes, rasgava o ar e
me enchia de aflição e felicidade. — Ninnn!
— Não! — Shakur alertou, nervoso.
— Não vou abrir os olhos — rebati, mal contendo a agitação em minhas pernas.
— Maldição! Os ecos vão acabar nos denunciando — resmungou ele, terminando o
serviço de forma acelerada.
— Ninnnannn! — Os berros dela aumentavam de intensidade.
Os grunhidos altos de mamãe vibravam em meus tímpanos. Manter os olhos fechados
parecia uma tarefa hercúlea. De repente ela soltou um gritinho fino, como se acabasse de
levar um susto, e se calou. O silêncio repentino conseguia ser ainda mais aterrorizante que
seus berros. Ah, não! O que havia acontecido agora? Shakur acelerava o serviço e a
respiração entrecortada evidenciava sua tensão. Finalmente senti a pressão em meus pulsos
aliviar e uma pequena ardência tomar o seu lugar.
— Pode abrir os olhos. Assim que sairmos daqui, darei um jeito nisso — prometeu
acelerado, referindo-se às feridas abertas na palma da minha mão direita. — Venha! —
ordenou, guiando minhas passadas enquanto subíamos os degraus que nos separavam da
cela onde mamãe estava.
Shakur estancou o passo repentinamente e meu coração deu um salto quando não avistei
Richard na entrada da cela. Ao entrar, deparei-me com uma cena esdrúxula, quiçá, cômica.
Richard, com sua postura altiva quase recuperada e surpreendentemente bem menos
sonolento, tentava acalmar minha mãe fazendo barulhinhos baixos e cadenciados, desses que
a gente utiliza para chamar gatos. Mamãe, por sua vez, encontrava-se de costas para a porta,
mas permanecia sentada no lugar onde eu a havia deixado. Ao me aproximar, vi que ela tinha o
semblante de surpresa estampado no rosto, os olhos arregalados ao máximo e a boca
esboçava um sorriso estranho.
— Mãe?! Rick?!
— Juro que não fiz nada para assustá-la. Eu só entrei o mais rápido que pude e pedi
para que se acalmasse. Então ela ficou assim desde o momento em que pôs os olhos em mim
— explicou ele com as mãos na nuca, a fala ainda lenta.
Não tive como não sorrir. Sob o efeito dos danos causados pelos Escaravelhos de Hao e
sem a sua armadura de cavalheiro indestrutível, Richard era quase um rapaz como outro
qualquer. Quase.
— Está tudo bem, Rick — soltei duplamente aliviada por detectar que ambos estavam
em condições melhores. — Ela não está no seu normal e...
— Eleee é...? Filhhh de...? — Mamãe murmurava em estado de êxtase. Sua expressão
atordoada não era de alguém que via uma assombração, mas uma miragem. — Mais claross.
Seus olhossss...
— Calma, mãe. Está tudo bem — adiantei-me ao ver seu estado perturbado. — Esse é
Richard de Thron.
— Naummm! — ela berrou nervosa, jogando os braços frouxos no ar ao perceber que
Richard, após piscar para mim, afastava-se de nós, indo para o outro lado da cela. Pelo canto
do olho vi que ele obedecia a algum comando do seu líder.
— Mãe, temos que sair daqui.
— Naunnn consiggo, filha... — Stela piscou várias vezes e, oscilando entre momentos de
lucidez e insanidade, sorriu levemente para mim. Então ela fechou os olhos e tombou a cabeça
sobre o corpo. Ela havia me compreendido, mas suas forças não eram suficientes.
— Está tudo bem. Trouxe alguém que vai nos ajudar — apontei para a porta onde, com
os olhos fixos no chão, encontrava-se a altiva figura de negro. Senti um arrepio percorrer
minha pele e um nó de saliva prender em minha garganta com a sua reação.
— Ohhhh! — Mamãe tornou a levantar a cabeça e, ao visualizar a aproximação de
Shakur, seus olhos triplicaram de tamanho e ela começou a berrar.
— Está tudo bem, mãe! — tentei acalmá-la em meio ao pânico. Não sabia se ela
delirava, se havia pressentido alguma coisa, se o havia reconhecido ou se seria somente o
pavor de se deparar com a sinistra figura de negro. Seus berros assustadores ecoavam no
ambiente, assombrando-o ainda mais.
Como se isso não fosse o suficiente e para deixar a mim e Shakur ainda mais aturdidos,
ela segurou o rosto dele e desatou a chorar copiosamente.
— Isssmael!!!
Céus! Ela o havia reconhecido!
— Desculpppp...
Minha boca secou e, mesmo ardendo em brasas, todo meu corpo foi acometido por um
suor frio e paralisante. Desculpas? Stela estava pedindo desculpas a ele? A surpreendente
constatação: se mamãe não estava delirando, ela havia ocultado muito mais coisas de mim do
que eu podia imaginar. Por quê? Para me proteger? Por medo? Mas... Se fosse realmente
isso, por que eu podia jurar que havia muito mais escondido naquele pranto sofrido? Algo que
minha mente, ainda rodando dentro daquele furacão de emoções, não conseguia captar, mas
que deixava minha intuição em estado de alerta máximo e afirmava que seu choro
desesperado nada mais era do que uma confissão de culpa e arrependimento.
— Stela, não chore! Está tudo bem! — Shakur respondeu com a cabeça entre as mãos
dela e começou a arfar alto em sua tentativa de esconder a emoção que o tomava. — Por
favor, não chore!
Novo golpe. A inesperada reação de Shakur concluiu o serviço, congelando-me dos pés à
cabeça e me comovendo profundamente. Em sua ânsia por confortar minha mãe, Ismael, até
então o temido Shakur, deixou à mostra aquilo que tentava ocultar por detrás da sua máscara
e atitudes amedrontadoras: amor em seu estado mais puro!
Seu amor por Stela era tão grande que ele havia jogado nossa segurança de lado e
acabara de nos colocar em risco real. O timbre grave e alto da sua voz podia ser escutado de
longe e, se houvesse alguém nas redondezas, nossas chances de fuga haviam sido
aniquiladas. Mamãe não parava de soluçar. Agoniado ao extremo, ele a aninhava em seu peito
e implorava para que ela ficasse calma, mas a cena em andamento estraçalhava meus nervos
e chacoalhava minha razão com violência. A atitude inesperada de Shakur me fez vacilar. Ele
realmente se importava com minha mãe! E agora nós tínhamos algo em comum. Respirei
fundo e deixei todas as dúvidas que nutria em relação ao líder de Thron se desintegrarem e,
instantaneamente, senti-me conectada a ele de uma forma agradável e definitiva. Pouco
importava agora o que eles escondiam de mim. Talvez não houvesse outro momento e ele
precisava saber.
— Shakur, eu me lembrei, e-eu... — Com medo de perder a coragem, adiantei-me aflita,
sendo imediatamente atropelada por outro pranto enfurecido de minha mãe. Stela soluçava
ainda mais alto do que antes e dificultava as coisas para o meu lado. Intoxicada pela emoção
que me consumia, perdi a linha do raciocínio e tinha certeza de que ia sufocar a qualquer
instante.
— Por favor, Stela. Fique calma! — Shakur implorava e parecia mais desorientado do
que eu. O corpo de mamãe tremia em meio aos espasmos. Seu choro de agonia ecoava
livremente pelo sombrio abismo. Aquela situação era, no mínimo, apavorante. Nós dois
sabíamos que minha mãe era uma pessoa que não chorava. Em toda a minha vida eu só tinha
visto Stela chorar duas vezes. Duas únicas vezes em dezessete anos... — Eu sinto que ela
está mais consciente, então por que ela não para de chorar? Eu não entendo...
“Consciente”? Meu Deus! Aquela crise de choro era porque mamãe sabia o que eu ia
dizer? Seria sua capacidade de percepção tão forte assim?
— Ela pressente... — soltei um sussurro aflito, a respiração entrecortada.
— Por Tyron! — ele bradou exasperado. — Ela pressente o quê?!
— O-O que preciso tanto lhe dizer. — Tinha a sensação de que duas mãos
estrangulavam meu pescoço. — Que eu...
— O que precisa me dizer, Nina? — Sua voz trovejante perdeu a força e, de repente,
suas palavras chegaram baixas e cadenciadas, como se elas começassem finalmente a fazer
sentido para ele.
Era chegado o momento. Não podia voltar atrás. Faltava-me a coragem de ir adiante, de
quebrar a barreira do orgulho, do rancor, da incompreensão por ter sido esquecida por aquele
que mais deveria ter me amado. Por que ele havia nos abandonado? O que havia lhe
acontecido? Vê-lo em seu atual estado, o corpo terrivelmente deformado por cicatrizes de
queimaduras, silenciava-me de alguma forma. Mais do que isso, fazia-me querer desculpá-lo
por sua ausência em nossas vidas e dava-me a sensação de que ele já havia quitado seus
pecados com juros altíssimos. E, apesar do momento inoportuno, era a hora (não sabia se
teria outra!) de colocar um ponto final no drama do meu curto histórico de vida, de aceitar os
amores com que fui presenteada. Imperfeitos sim, mas meus. Uma inexplicável jornada de
sentimentos dilacerados, personagens feridos, destinos atormentados. Um caminho talhado
nas pedras da perda e da mágoa, mas, assim como afirmava uma voz interior, asfaltado com
o sangue da resignação dos fortes, daqueles que deram a sua carne para que eu pudesse
continuar e ir além. Faltava-me a coragem de pronunciar a palavra que faria a diferença, que
dissolveria parte da muralha que haviam construído à minha volta, dos muros que deveriam me
proteger, mas que agora apenas me sufocavam. Pude senti-la em minha boca, dançando de
um lado para o outro em minha língua, embalada por minha hesitante determinação.
A palavra.
Eu precisava liberá-la. Algo me dizia que ela poderia ser capaz de romper todas as
barreiras mágicas, a nossa única possibilidade de fugir dali e sobreviver. Segurei o ar com
firmeza, uma vez que não eram apenas as minhas mãos e pernas que tremiam. Meu
nervosismo atingira patamares tão altos que era possível sentir meu coração golpeando
brutalmente meus pulmões. Se era quase impossível respirar, concentrar-me havia se tornado
uma tarefa sobre-humana. Mas eu era uma híbrida! E deveria agir como tal! Fechei os olhos,
recuperei o fôlego e segurei a emoção que me paralisava.
— Por que nos abandonou? — indaguei, surpreendida com o inesperado desejo do meu
coração.
Céus! Aquela não era a pergunta!
— Hã? — a voz dele falhou e, após um instante de perceptível incompreensão, rebateu
feroz: — Eu nunca abandonei vocês! Eu jamais as abandonaria!
— Não?
— Nunca — disse taxativo e a certeza daquela palavra vibrou no meu peito. Nunca.
Mamãe soluçou mais alto. Estremeci.
— Eu me lembro — murmurei. — De você, de nós... — Enxuguei a lágrima que ardia em
minha face. Não conseguia acreditar que aquilo ia mesmo acontecer, naquele terrível momento
de tensão. A penumbra do ambiente em nada ajudava. Como seria a reação dele por detrás
da máscara? Ficaria feliz? Debocharia da minha desgraça?
— V-Você se lembra, Pequenina? — Sua voz saiu com dificuldade, a emoção no ar,
palpável. Ele abriu um sorriso indeciso.
Uma força maior havia se compadecido de mim e me presenteara com o dom da
recordação. Meus sonhos apagados foram redesenhados na atmosfera zirquiniana e minha
memória se comprazia com a enxurrada de lembranças. Em minha tenra infância, em todas
elas Ismael estava presente. E não era uma presença casual, mas sim repleta de carinho e
atenção. Ninguém havia lutado tanto pela nossa família quanto ele. Não havia Dale ou qualquer
pessoa em nenhuma das quatro dimensões que poderia ocupar o seu lugar.
— Sim, pai, eu me recordo agora — finalmente soltei a palavra que estava presa em
minha alma e queimava minha garganta. Pai.
Um silêncio interminável e, por um triz, todos os meus nervos não foram desintegrados.
Então o gemido de Shakur preencheu o sombrio lugar, deixando-o ainda mais triste,
dilacerante. Meu coração comprimiu no peito, num misto de dor e felicidade. Perdida em meu
drama particular, escutei um arfar forte e vi um Richard de olhos arregalados e passos
cambaleantes desaparecer atrás de mim.
Shakur colocou carinhosamente minha mãe no chão e veio em minha direção, abraçoume
com arrebatador carinho paternal, e, emocionado, encheu minha testa de beijos. Tomei
novo fôlego e segurando a perturbação que ameaçava aniquilar completamente com o que
restara da minha voz, acrescentei:
— Eu me lembro da gente brincado no Central Park e de você buscando uma flor para
colocar no meu castelo de areia. Recordo-me da mamãe dando bronca e a gente gargalhando,
de você me girando no ar e me chamando de...
— Pequenina — rouco, ele concluiu a frase para, em seguida, deixar escapar seu pranto
seco e cheio de estrondo, como vários trovões estourando dentro dos meus tímpanos. O
choro de Stela, por sua vez, silenciou. Meus joelhos bambearam e as lágrimas me cegavam.
— Eu sinto muito, filha.
“Filha”.
Sonhei com aquele momento por anos a fio em minha atribulada e solitária adolescência.
Imaginei os mais lindos lugares para aquela aguardada declaração e os mais diversos rostos
masculinos por detrás dela. Nada havia saído como eu esperava: o ambiente era hostil,
encontrava-me encurralada à beira de um precipício e corria risco de morte, sem contar que
não havia conseguido ver a face do meu tão sonhado pai, ocultada por suas terríveis cicatrizes
e uma máscara amedrontadora. Mas, ainda assim, não trocaria aquele momento por nenhum
outro. Ele não podia ter sido melhor ou mais verdadeiro. Ri da minha desgraça. Assim como a
face do líder de negro, minha vida sempre fora um grande caos. O meu caos. O mais incrível
é que eu me sentia muito bem dentro dele, perfeita para ele, e só agora eu conseguia
enxergar essa verdade atordoante.
Então tudo fez sentido.
Shakur havia me chamado de filha e, mesmo nas terríveis condições, eu compreendi que
era autêntico, que ele realmente sentia isso. Meu espírito regozijou dentro de mim e uma força
pulsante vibrou em minhas células. Mesmo sem saber seus motivos, tudo em mim o perdoava
por ter desaparecido de nossas vidas. Eu o perdoava.
— Precisamos ir, Nina — disse ele acelerado, acariciando meus cabelos e se afastando
de mim. Assenti, mas, naquele instante, tudo que eu mais desejava era manter meu rosto
afundado em seus braços protetores, voltar no tempo e tornar a sentir o bem-estar e a
segurança que só ele era capaz de me fazer experimentar.
O peitoral de Shakur subia e descia acelerado, prova real da sua emoção, mas ele não
perdeu tempo e envolveu Stela em seus braços. Mamãe, por sua vez, continuava a encarar
Shakur de forma catatônica, como quem vira uma assombração. Então, quando o líder de
Thron inspirou com força e, altivo, deu o comando, fui eu quem perdeu o chão ao presenciar
aquela cena inesperada. Ele não percebeu em sua preocupação e pressa urgentes, mas eu vi.
Eu realmente vi.
O rosto de mamãe se acendeu, suas pupilas dilataram e as bochechas ganharam cor,
mas algo único e incontestável, aconteceu. Algo pelo qual esperei a vida inteira e nunca tive a
oportunidade de presenciar, mas que acabava de se materializar bem na minha frente. Meu
peito inflou de felicidade repentina e o mundo, mesmo com suas trapaças e surpresas,
acabava de entrar em órbita e me brindar com um momento ímpar. Um instante apenas, mas
lá estava ele: o fulgurar dos seus olhos negros! O mesmo cintilar que eu me recordava de ter
visto nos meus sonhos, o mesmo brilho que vislumbrei na fotografia.
O brilho do amor!
Mamãe ainda o amava. E dentro de mim algo afirmava que aquilo era real e não um
momento de loucura. Céus! Nada daquilo fazia sentido! Se ela o amava com aquela
intensidade, por que fugira dele durante todas as nossas vidas?
— Shakur, há movimentação lá embaixo. — Richard entrou de rompante na cela e vibrei
de felicidade ao perceber que ele se encontrava em estado de alerta máximo.
Teria ele recuperado o ânimo tão rapidamente por ter presenciado o que acabara de
ocorrer ali?
— Von der Hess já sabe — sibilou Shakur após contrair a testa.
— Mas que droga! — praguejou Rick com a cara amarrada. Apesar de olhar em todas
as direções, era para o colossal abismo que ele encarava com um misto de ódio e frustração.
— Como vamos protegê-las nessas condições?
— Você se preocupa mesmo com ela... — Shakur estreitou os olhos em minha direção e
nos estudou por um instante. Abaixei o rosto, ruborizada, e Rick se empertigou no lugar.
Hesitante, ele caminhou para perto de mim, segurou minha mão e puxou meu corpo para junto
do seu.
— Claro que sim! Mas isso não vem ao caso agora. Temos que arrumar um meio de
salvá-las — respondeu e senti meu peito estufar. Shakur ameaçou um sorriso, satisfeito. — E
se o maldito bruxo liberar mais daqueles insetos?
Silêncio.
A pergunta pragmática de Richard dissera tudo. Não havia saída. Como eles nos
protegeriam durante o combate? Ali não havia o meu dom para me defender ou a magia de
Shakur para nos mandar para outro lugar. Mesmo que Rick e seu líder sobrevivessem ao
confronto contra uma multidão de soldados, sempre haveria o risco do ataque daqueles
escaravelhos malditos. Dessa vez, Von der Hess não arriscaria novamente. Shakur, Richard e
minha mãe seriam eliminados de imediato. Eu não. Estremeci com esse pensamento, mas o
rechacei momentaneamente.
— Vamos subirrr! — opinou Stela, pegando-nos de surpresa. Sua insanidade vinha a
calhar e me gerava certo alento: ela não sofreria com o que estava por acontecer.
— Não! Não! Não! — bramia Shakur.
Rick abriu um sorriso desanimado e começou a balançar a cabeça de um lado para o
outro. Shakur fechou os olhos e deixou sua cabeça tombar. Então, sem que nenhum de nós
pudesse esperar, mamãe levantou delicadamente a cabeça do líder de preto e acariciou sua
hemiface descoberta.
— Ismael! — liberou com a voz embargada de emoção. E, antes de perder
completamente os sentidos, olhou para cima e murmurou: — Luz.
Shakur soltou um gemido e afundou o rosto no corpo desacordado de mamãe. Rick
engoliu em seco, seus olhos arregalados comprovavam outra surpresa: seu adorado líder era
Ismael, um famoso mago tido como morto há muitos anos.
— Ela tem razão! Nós vamos subir! — Shakur levantou a cabeça repentinamente e olhou
para mamãe com admiração.
— Subir?! Não há saída naquela direção! — Richard protestou com a cara mais fechada
ainda, uma veia tremia em sua mandíbula.
— Marmon é um reino subterrâneo, Rick. Que estupidez a minha! — rebateu o líder
acelerado. — Eu havia reparado, mas não prestei a devida atenção. Os feixes de luz são
pontos de saída!

Oração do dia 19 Palavras para expressar a comunhão com Deus.


Oração do dia 19
Palavras para expressar a comunhão com Deus. 
Neste momento, encontro-me no recôndito do Templo do Senhor Supremo. Estou diante de Deus, e minha alma está em paz. Agora, o que é mundano não entra no meu campo visual. Neste instante desligo-me do mundo dos cinco sentidos e entro em retiro no âmago do mundo espiritual. Estou em contato com Deus – que é o todo de tudo. Abasteço-me nesta fonte de vida, paz e prosperidade. Estou na presença de Deus – e Ele renova minhas forças. Minha mente se abre, e minha alma aguarda a revelação de Deus. Meu corpo recebe a infinita força curativa de Deus. Livre de todo e qualquer temor, estou em paz do âmago do sereno mundo espiritual. Nenhum infortúnio pode me acometer. Nenhum mal pode me atormentar, pois não temo o mal, ciente de que ele não é força real. Vejo apenas o bem, ouço apenas o bem. Diante de mim, tudo se apresenta belo e bom. Confio plenamente na força renovadora e no poder criador de Deus. Creio em Deus e sinto-me repleto de júbilo. Expresso minha sincera gratidão a Deus

meditação diária (cecp) dia 19

Sou um continuo desejo ardente de perfeição e felicidade

sexta-feira, 18 de maio de 2018

69 - Achados e Perdidos: O que fazer quando você está perdido e confuso - HE ALEF RESH


69 - Achados e Perdidos: O que fazer quando você está perdido e confuso - HE ALEF RESH
Quando você quer encontrar seu caminho de volta para casa...

REFLEXÂO:
Há momentos em que nos encontramos sem rumo na jornada da vida.
Sentimo-nos perdidos.
Desnorteados. Confusos.
A vida se torna um labirinto sem fim, e não sabemos para que lado ir. 
AÇÂO:
Usando este Nome como bussola, o caminho para seu lar espiritual é iluminado.
Você recuperar seu rumo. 
A cada passo que dá e a cada momento que passa, você sente conforto, confiança e um sentido mais porte de direção.

MEDITE NESTAS LETRAS E VOCALIZE: Rêê
 AÇÃO: Independente de você ter uma religião ou não, faça um pequeno ritual de oração neste dia. Mais importante do que a forma é a concentração e emoção ao faze-lo. Isto te ajudará a perceber que há grande proteção a sua volta.

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
QUEM VIVIFICA O TEMPO, VIVIFICA A PRÓPRIA VIDA.
 
Os conhecimentos esquecidos podem ser relembrados, mas o tempo perdido em inatividade nunca pode ser recuperado. Tempo é Vida, e a Vida é mais valiosa que qualquer coisa. Quem desperdiça o tempo está cometendo uma tolice maior que andar jogando dinheiro. A Vida não é estacionária. Ela progride ou regride.

Minutos de sabedoria 110

caminhe alegre pela vida! Plante sementes boas de paz e otimismo, vivendo bem com sua consciência. Ajude aos outros o mais que puder, de tal forma que sua vida se torne uma alegria constante, por beneficiar a todos. Não pergunte se eles agradecerão ou retribuirão a você. Faça o bem, sem pensar na recompensa, porque só assim você demonstrará amor para com todos.

18º Dia do Mês - exercícios de concentração

18º Dia do Mês
1. Neste dia focalize objetos imóveis. Isto poderia ser um edifício, uma mesa ou também
uma árvore. Escolha algo que agrade a você. Então olhe para a essência individual do
objeto escolhido, o seu significado. O objetivo para você é que você precisa entender o
que este objeto significa para você. Isso é o exercício.

2. Dígitos para Concentração
* Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1854212
* Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 185321945

3. Vá aonde há pessoas. Você vai quando: as coisas estão acontecendo. Você está
trabalhando onde não há resistência. E quando você reconhece isso, a resistência se
tornará transparente, o seu poder enfraquecerá e você também vai ver o mundo da
eternidade mesmo quando há resistência. Vá e seja em todos os lugares que você quer
ser. Você pode estar em qualquer lugar. Você pode abraçar toda a riqueza do mundo,
e por esta razão que você luta com a resistência de uma vida eterna. A resistência cai.
Você vai ver a luz da vida eterna e recebê-la. Assim será para sempre e sempre e para
todos os tempos.

112 - Louise Hay

112- “Padrões antigos e negativos já não me limitam. Desapego-me deles facilmente.”