CAPÍTULO 13
— O que está acontecendo aqui? — A voz de Sertolin rompeu o silêncio e quase me
matou de susto. Uma luz branca e ofuscante clareava a bolha onde estávamos, como se
tivessem acendido uma centena de lâmpadas fluorescentes superpotentes ao mesmo tempo.
A Sra. Brit já estava ao meu lado e segurava meu braço.
— Como a híbrida veio parar aqui? Vocês a trouxeram? — indagou furioso o tal do
Napoleon.
— Claro que não! — rebateu a Sra. Brit com indignação, mas senti seus dedos tremendo
em minha pele. Mesmo pequenina ela o enfrentava. — Existe magia suficiente ao nosso redor
para saber que tudo é possível por aqui!
Sertolin nos estudava, a expressão de desconfiança esculpida nas rugas de sua face.
— Nós finalmente conseguimos acordá-lo, caro Sertolin — respondeu Guimlel, mudando
o curso da conversa.
— Tem certeza sobre o que está falando, Guimlel? — questionou desconfiado.
— Sim, milorde. Richard estava se recuperando, ele... — Guimlel empalideceu e engoliu
em seco ao ver que Rick desacordara novamente. Todos pararam para observar Richard e
minhas mãos começaram a suar frio. Hesitei por um instante. Sem movimentar as pálpebras,
ele respirava lenta e ritmadamente. Se eu não soubesse da nossa farsa, também acreditaria
que ele havia desfalecido.
— Como ele respondeu na checagem, Ferfelin? — interrompeu o líder.
— Sem resposta a qualquer tipo de estímulo — respondeu um conselheiro que até então
se mantinha calado. Ele era louro e de cabelos encaracolados.
— Eu lhe dou a minha palavra, Sertolin! Ele havia acordado — bradou Guimlel.
— Sei — murmurou Napoleon sarcástico.
— É possível sim, seu ignorante! — retrucou a Sra. Brit. — A híbrida o acordou!
— Cale-se, Labrítia! — advertiu Guimlel.
— Eles iam descobrir de qualquer maneira — retrucou ela para as faces assustadas de
todos os conselheiros.
— A híbrida o acordou? — questionou Sertolin com um brilho enigmático no olhar. Seria
receio? Euforia?
— Eu disse que manter essa garota viva era um perigo, Sertolin — soltou Trytarus. —
Temos que eliminá-la o quanto antes.
— Temos que aguardar a resposta dos mensageiros interplanos, isso sim! — ralhou
Sertolin. — Não podemos arcar com uma decisão de tal magnitude. A repercussão seria
perigosa demais.
O que eles estavam querendo dizer?
— Vá checar, Ferfelin — comandou o líder e os dedos da Sra. Brit afundaram em minha
pele. Olhei para ela, que me encarou por um breve instante antes de fechar a cara e
acompanhar os passos do tal de Ferfelin. Naquele instante não sabia quem estava mais
nervosa, ela ou eu.
O homem passou por nós e removeu parte do lençol que cobria o abdome de Richard.
Concentrado e de olhos fechados, o mago mantinha as palmas das mãos elevadas e a uma
pequena distância do corpo imóvel de Rick.
— A energia está recuperada! — soltou num assombro e Guimlel liberou um suspiro de
alívio. — Vou tentar acordá-lo.
Cristo! O que ele ia fazer com Rick?
Ferfelin então sacou uma pedra branca do bolso de sua manta verde esmeralda e a
pressionou contra a jugular de Richard que abriu os olhos no mesmo instante. Escutei o
murmurinho de espanto liberado pelos conselheiros.
— Acredita agora, Sertolin? — Guimlel não conseguia ocultar seu sorriso de satisfação.
— Sente-se bem, rapaz? — indagou o líder do Grande Conselho.
Richard pousou o olhar aéreo sobre todos os presentes e confirmou com a cabeça.
— Bom. Levante-se e caminhe pelo lugar.
Rick, não! Não!
Aparentando estar sob uma espécie de transe, Richard lentamente conseguiu se sentar
na cama, mas, assim que colocou os pés no chão, arregalou os olhos e caiu de boca no chão.
— Não! — berrou a Sra. Brit, soltando meu braço e ameaçando ir em socorro do filho
adotivo, mas conseguiu se segurar a tempo. Na certa não a deixariam cuidar de Richard caso
deixasse transparecer o quanto gostava dele. — Como pôde cometer um erro deste porte,
Sertolin! — ralhou ela e o líder arqueou as sobrancelhas. — Não vê que a força dele ainda não
é suficiente? Essa energia que Ferfelin constatou serviria para suprir o corpo franzino de um
dos seus, mas não o dele. Richard é fisicamente mais forte do que todos vocês juntos,
consequentemente necessita de muito mais, ora!
Boa jogada, Sra. Brit! Agora era a minha vez.
— Eu poderia ajudá-lo — balbuciei e as atenções se voltaram para mim. — Se eu
estivesse melhor, acho que conseguiria aumentar a energia dele.
— É claro! Como não pensei nisso antes! — vibrou a Sra. Brit ao abrir um largo sorriso.
— Richard se abasteceu da força da híbrida. Não foi suficiente porque ela está ferida. Temos
que tratá-la para que possamos recuperá-lo! É isso!
Guimlel andava de um lado para o outro e tinha a fisionomia ilegível, os demais estavam
agitados. Sertolin era o semblante da dúvida.
— Acho isso muito arriscado, Mon Senhor — comentou Napoleon.
— Temos pouco tempo até o acasalamento — imprensou Guimlel.
— Eles têm razão, milorde — adiantou-se Ferfelin. — Em condições normais a
recuperação dele seria muito lenta e acabaríamos perdendo a data da procriação.
— E Zyrk perderia a chance de gerar o maior guerreiro da sua história — acrescentou a
Sra. Brit.
Um momento de silêncio. Um a um, Sertolin estudava os rostos dos presentes.
— Está bem — assentiu o líder. — Cuide dela, Ferfelin.
Ah, não!
— Ele conseguirá ser tão rápido quanto a Sra. Brit?
Não queria, mas senti que minha pergunta saiu transbordando atrevimento. O peitoral
gorducho da Sra. Brit estufou de satisfação. Ela adorava um elogio. Napoleon, por sua vez,
lançou-me uma advertência nada polida por estar me dirigindo diretamente ao líder deles. Não
recuei. Encarei Sertolin com firmeza enquanto ele observava as feridas em meu corpo.
— Tem uma hora para curar a híbrida, Labrítia. Depois disso Ferfelin a levará para a
grande tenda. Não vou arriscar colocá-la em seu domo individual. Não depois do que acabou
de acontecer.
Droga! Minhas chances de fuga estavam indo para o ralo!
— Sim, milorde.
— Guimlel, você vem comigo. Preciso que me explique como rompeu o feitiço que
permitiu liberar a híbrida.
— Mas, Sertolin, não fui eu, e não...
— Eu sei que foi você. Não adianta querer me enganar — interrompeu intolerante. —
Cuide dos dois, Labrítia. Ferfelin vigiará o lugar.
— Agora mesmo, meu senhor. Mas preciso de paz e silêncio absoluto para realizar
minhas curas. Prefiro ficar a sós com os doentes.
— Ferfelin ficará e será responsável pelo casulo — determinou intransigente. — Ferfelin,
cuidado e atenção ao máximo. O Conselho estará em reunião emergencial até o amanhecer.
Não deveremos ser incomodados enquanto estivermos trabalhando com energias de tal
magnitude — advertiu Sertolin enquanto olhava para o filete de sangue que escorria pelos
lábios de um Richard desacordado. Parecia pressentir algo errado no ar. — Não faça nenhuma
idiotice, Labrítia. Tenho grande estima por você, mas os tempos são outros... Qualquer
sentença por desobediência será severa.
— Eu sei, milorde — ela balbuciou sem encará-lo enquanto apertava os dedos
gorduchos.
— Bom — finalizou ele, esfregando a testa lotada de vincos. — Vamos.
A luz branca se expandiu, deixando-nos quase cegos. Acordei sobre uma cama não sei
quanto tempo depois. Um ruído fino arranhava meus tímpanos, como de uma colher raspando
o fundo de um prato de cerâmica com força.
— Ei! — respondeu a Sra. Brit assim que me viu abrir os olhos. Tentou colocar ânimo em
suas palavras, mas sua face preocupada a traiu. — Não se mexa — sussurrou e, fazendo um
discreto gesto com as mãos, lançou-me um olhar de advertência. Eu assenti. Naquele instante
me dei conta de que as fisgadas no braço direito haviam desaparecido completamente. As
feridas na perna do mesmo lado tinham sua cicatrização bem avançada também. Ela veio até
mim segurando uma vasilha de vidro. Dentro da tigela havia uma compressa embebida em uma
papa esverdeada e uma colher dourada de metal que julguei ser de ouro. Ela se sentou ao
meu lado e, após colocar a compressa na ferida, começou a fazer ruídos altos e
incomodativos com a colher, chocando-a contra a vasilha de vidro.
— Tire as mãos do ouvido — ordenou ela em outro sussurro. Obedeci. Seus lábios
permaneciam imóveis e ela falava comigo como se fosse um ventríloquo. Que estúpida eu era!
Ela estava aproveitando a ausência momentânea de Ferfelin e camuflava nossa conversa
com um ruído de fundo. — O que quer que você esteja planejando, Nina, desista. Não há
como fugir daqui.
Ela era esperta.
— Há sim — respondi entredentes. — Eu saí daquele casulo, não saí?
— Como você fez aquilo?
Eu meneei a cabeça e não respondi. Ela se adiantou:
— Sinto muito, mas não conte comigo para outra fuga.
— Como ele está?
— Foi a mesma pergunta que ele me fez. Por que Tyron está fazendo isso conosco? —
soltou pesarosa.
— Não precisa ser assim.
— Infelizmente, precisa sim. Por que acha que os conselheiros aceitaram as condições
de Guimlel? — indagou com severidade. — O filho de Richard será o melhor exemplar
zirquiniano de todos os tempos. Não posso negar isso a Guimlel e muito menos a Zyrk. Sinto
muito, minha querida. Do fundo do meu coração eu gostaria que as coisas fossem diferentes...
— Mas, Sra. Brit... Eu e Rick... Nós podemos conseguir!
— Não tenho mais tanta certeza, meu amor. Se você sobreviver não será para ficar junto
dele.
— Hã?
Cristo Deus! O que havia acontecido para ela mudar tão drasticamente de opinião?
— John de Storm tem sentimentos fortes por você.
— Eu amo o Richard! — retruquei.
— É o que você pensa. Os humanos são meio complicados nessa questão e, Rick...
Bem, ele... — ela perdeu a fala. Havia decepção em seu semblante.
— Ele o quê? — indaguei tentando não parecer sobressaltada.
— Ele fez burrada, Nina. E das grandes! Ele...
Um uivo alto rompia do lado de fora, como um grito de advertência. A bruxa estremeceu,
interrompeu o assunto e olhou através da bolha de energia. Estava transparente agora e não
mais leitosa como antes, mas, ainda assim, não consegui ver nada, a não ser um mar de
escuridão. Era noite em Zyrk e meus sentimentos ameaçavam ir pelo mesmo caminho
sombrio. Não permiti. Não suportava mais tanta gente dizendo o que eu devia fazer com minha
vida, sobre os meus sentimentos e os de Rick. Foi por ter dado ouvido demais a elas que
acabei duvidando dele e nos metendo nessa situação horrorosa.
— Estou desacordada há quanto tempo?
— Pouco mais de uma hora — murmurou e, em seguida, acrescentou em alto e
proposital tom de voz: — Amanhã estará praticamente curada, híbrida.
Negativo! Não esperaria até o dia seguinte e não podia deixar que o tal do Ferfelin me
levasse para a grande tenda, onde minha chance de fuga seria, provavelmente, inexistente.
Aproveitar-me-ia da ausência dos olhos de águia de Guimlel e da reunião do conselho para me
mandar dali.
— Sua energia é diferente. Facilitou a cura — finalizou ela com um sorriso frio.
— Vou checar o resgatador. A híbrida está pronta? — indagou Ferfelin, aparecendo
subitamente. A Sra. Brit deve ter sentido sua aproximação.
— Sim — respondeu ela, empertigando-se ao meu lado e me ajudando a levantar.
Ferfelin caminhou em direção à cama onde Richard permanecia deitado. Ele rompeu um
biombo de energia branca que haviam colocado para separar os nossos leitos.
— Deixe-me sentir sua energia, rapaz. Sente-se — ordenou o conselheiro ao se
aproximar dele.
Richard nada respondeu e apenas obedeceu. Ele se desfez do lençol branco e sentou-se
numa cama de vidro idêntica à que eu estava. Para minha sorte, naquele momento todos os
olhares estavam voltados para ele e, portanto, não perceberam a minha expressão de deleite,
completamente vidrada nele. Descalço e trajando apenas uma calça cinza, ele era a visão do
pecado, do meu fruto proibido. Tive de segurar o furacão de emoções que ameaçou despontar
em meu peito ao relembrar a noite em que “quase” passamos juntos. Por sorte, fui acordada
pelos sensatos pontapés da minha consciência.
— Como se sente? — perguntou Ferfelin.
— Melhor, mas ainda fraco — respondeu ele, remexendo o pescoço e esticando o
peitoral. Senti um mal-estar passageiro ao detectar suas novas cicatrizes. Marcas de perda e
sofrimento cuja causadora, mesmo que sem intenção, tinha sido eu.
— Está mesmo — conferiu Ferfelin e, encarando-me, murmurou pensativo: — Graças à
híbrida.
Não gostei da expressão perigosa que surgiu no rosto do mago. Richard fechou a cara
instantaneamente. Acho que também notou.
— Posso continuar? — adiantou-se a Sra. Brit para o mago ao perceber o clima estranho
no ar. — Ainda tenho muito serviço a fazer e o dia da procriação se aproxima. Não se esqueça
de que também terei que preparar a energia de Samantha para o acasalamento.
Samantha?! Que ótimo! Havia me esquecido completamente dela.
— Ainda estou estudando a energia dele — disse Ferfelin sem se afastar de Richard.
— Pois se quiser, venha estudá-la após o dia da procriação. Meu tempo é curto e acho
que Sertolin não gostará de saber que você resolveu fazer experiências de última hora e
acabou me atrasando.
— Não terei tempo depois. Ele será encaminhado imediatamente para a catacumba de
Malazar.
— Pois então peça ao seu líder que lhe dê mais alguns dias para estudos. Sertolin é uma
pessoa bem compreensiva.
— Eu sei que é, mas os demais não. O Conselho quer acabar com isso o mais rápido
possível.
A Sra. Brit levou as mãos à cintura e deu batidinhas no chão.
— Está bem — soltou por fim o homem. — Ele é todo seu.
A Sra. Brit tentava ocultar a emoção que a invadia e fingia tratar Richard de maneira
profissional. Ela até podia enganar o conselheiro, mas não a mim. Vez ou outra, fingindo
aplicar alguma compressa em sua testa, ela aproveitava e disfarçadamente acariciava o rosto
de Richard.
— Venha, híbrida — chamou ela e eu me aproximei. Richard levantou o rosto e me
encarou, um olhar frio, quase distante. Gelei por dentro, mas uma rápida piscadela das pedras
azuis-turquesa me resgatou do susto. Ele estava representando e havia enganado até a mim.
Uau! Richard era um ótimo ator! Em outra ocasião eu teria ficado preocupada com essa
constatação...
Ferfelin não saía de perto. Visivelmente impressionado, ele observava com atenção a
forma como a Sra. Brit manuseava os elementos do ar em sua magia entremeada a ervas e
toques. A Sra. Brit tinha a fisionomia impassível e parecia não se incomodar com a presença
do colega. Com muita calma, ela orientava onde eu deveria colocar minhas mãos sobre o
corpo de Richard e me pedia para fechar os olhos e concentrar em algo bom. O motivo de ela
fazer aquilo eu não conseguia entender, porque, se ela realmente queria que eu quisesse me
focar em algo maravilhoso, era só pedir que eu mantivesse meus olhos bem abertos. Minha
miragem estava na minha frente. Nas poucas vezes em que vacilei e reabri os olhos, deparavame
com um Richard robotizado que se limitava a ficar de olhos abertos e me olhar, olhar,
olhar.
— A energia dele está aumentando muito rapidamente — murmurou o conselheiro,
satisfeito.
Droga! Quando ele sairia de perto para que eu pudesse falar a sós com Rick?
— Mas não está constante. Tenho que preparar um extrato de base fundamental para
sua fixação — respondeu a Sra. Brit com propriedade.
— Por Tyron! Existe isso?
— Acompanhe-me — ordenou ela, abrindo um sorrisinho de superioridade.
Ferfelin quase pulou de empolgação. Sua expressão eufórica assemelhava-se à de uma
criança que havia acabado de descobrir uma despensa repleta de doces por acaso.
— Venha conosco, híbrida — comandou ele.
— Ela fica — disse a bruxa de forma severa e ele se encolheu. — Será que ainda não
aprendeu nada, homem? Nós vamos produzir um extrato para fixação dos resultados e não
para criá-los. É o poder dessa garota quem os cria. Quem nos garante que se ela sair de
perto dele nós não perderemos o que acabamos de conseguir? E se ela não for capaz de
gerar outra resposta como essa no organismo dele? São muitas variáveis, Ferfelin, e você tem
que estar atento a todas.
— E-está certo — balbuciou ele coçando a cabeça. — Fique, híbrida, e continue se
concentrando.
— Mais do que isso. — A Sra. Brit ajeitou o cabelo. — Quero que você descentralize a
força, garota. Sua energia está muito localizada. Você precisa espalhá-la pelo corpo dele.
— Como assim? — perguntei sentindo a descarga de adrenalina avançar por minha pele
e chacoalhar meu corpo por inteiro.
— Deite-se, Rick, e cubra-se até o pescoço com o lençol — ordenou ela. Richard
obedeceu sem pestanejar.
Eu poderia jurar que os olhos dele faiscaram naquele instante.
Então ela se dirigiu a mim:
— Você vai passar as mãos por todo o corpo dele, Nina. E vai começar pelos pés. Não o
descubra porque a energia não pode escapar, entendeu?
Deus! Era tudo o que eu mais desejava, mas não daquele jeito, ali e naquela hora.
Assenti, balançando a cabeça como um boneco, os olhos arregalados, o coração
fazendo uma coreografia intricada dentro do peito. Agora era eu quem havia robotizado.
Comecei timidamente, massageando seus pés por sobre o lençol. Richard tinha os dedos
longos, pés grandes e lotados de calosidades. Bem compatível com um guerreiro do seu
porte.
— Não estou sentindo — disse ele com a voz falsa e fraca enquanto checava os próprios
pés. Atordoada, parei a massagem e olhei para ele, que me encarou de volta e
disfarçadamente me lançou uma piscadela marota. Filho da mãe! Ele arrumara um jeito de
implicar comigo!
— Massageie por debaixo do lençol, Nina. Não o descubra — respondeu a Sra. Brit em
modus operandi aquecendo um líquido alaranjado dentro de uma bacia de alumínio. Ferfelin
também não nos deu atenção.
Tornei a encarar Richard e não acreditei no que vi. Mesmo em nossa péssima condição
ele ainda foi capaz de fazer uma cara sem-vergonha. Comecei a massagear suas panturrilhas
e, para minha surpresa, o tecido da sua calça comprida era uma espécie de seda fina e
escorregadia, permitindo-me sentir seu corpo com detalhes. Fui subindo a massagem, passei
pelos seus joelhos e, quando minhas mãos se aproximaram de suas coxas musculosas, parei
para respirar por um instante. Senti meu rosto corar intensamente. Tive de segurar a sensação
avassaladora que começava a dominar meu corpo, um calor que subia por minhas bochechas
e a vontade desesperadora de soltar uma gargalhada de puro nervosismo. De canto de olho, vi
que Richard mordia o lábio e segurava à força o sorrisinho malicioso que teimava em aparecer
em sua face linda e cafajeste.
Olhei para o lado e vi que a Sra. Brit encontrava-se distraída, separando algumas ervas
sob a vigilância atenta do conselheiro. Dei um pulo no lugar quando o cretino aproveitou o
momento para esfregar a perna em minhas mãos. Estreitei os olhos.
Ah, é? Eu também estou aprendendo a jogar esse jogo, Rick.
Sem a menor cerimônia, mudei a trajetória das minhas mãos e comecei a passar os
dedos na parte interna das suas coxas. Encarando-o sem parar e mordiscando o lábio inferior,
fui deixando minhas mãos subirem lentamente por suas pernas, intercalando carinhos e
apertadas mais audaciosas. Richard arregalou os olhos azuis-turquesa e o sorriso abusado foi
varrido de seus lábios. Ele agora estava tenso, a musculatura de seu peitoral subia e descia
com velocidade. Sentia a pele dele esquentando as palmas de minhas mãos enquanto meus
dedos, quase em câmera lenta, continuavam seu trajeto perturbador. Confesso que, naquele
instante, não saberia dizer se era mais para mim ou para ele, mas pouco importava. Eu estava
quase lá. Após comprimir os lábios e detectar um discreto trepidar de suas pupilas, suas
rápidas mãos paralisaram as minhas.
— Acho que é o suficiente por hoje, Sra. Brit — disse ele com a voz arranhando e se
levantando num rompante. — Sinto-me muito bem.
Tive de segurar o riso. Richard estava fugindo de mim!
— Volte a deitar, rapaz — comandou ela sem entender muito bem o que havia acabado
de acontecer. — Já estou indo.
— Vejam, eu estou muito... — ele insistia.
— Deite-se! Não escutou a ordem, resgatador? — reiterou Ferfelin. Richard fechou a
cara e obedeceu contrariado. Não estava em sua essência receber ordens.
Aproveitei a situação para cobri-lo com o lençol e me aproximar do seu rosto perfeito.
— Vamos fugir assim que derem o toque de recolher. Fique preparado —balbuciei em
seu ouvido.
— Você não vai a lugar algum, Nina! — rosnou baixo e uma veia tremeu em seu maxilar.
— É impossível agora. Esse lugar é cercado por magia e há bestas do lado de fora.
— À noite eles não irão atrás de nós. Teremos alguma margem de tempo em nossa fuga
para Marmon — disfarcei meu sussurro abaixando-me ainda mais sobre sua cabeça. Meus
cabelos se transformaram em uma cortina separando nossos rostos de Ferfelin e da Sra. Brit.
Assustado, os olhos de Richard dobraram de tamanho e, em seguida, ele fechou a cara.
— Marmon?! Você enlouqueceu de vez? Não vou ajudá-la a cometer suicídio!
— Vou atrás da minha mãe e ninguém me impedirá. Nem mesmo você, Richard.
— Pois então terá que se virar sem mim!
— Se é o que prefere — rebati com firmeza e vi as ondas de fúria surgindo no mar
revolto dos seus olhos.
— O que é que está havendo aí? O que vocês estão conversando? — bradou Ferfelin
desconfiado.
— Essa garota é completamente sem jeito! É a segunda vez que ela quase me cega! —
reclamou Richard.
Ele era mesmo um ator!
— Se afaste do rosto dele, híbrida! — ordenou a Sra. Brit, estudando-nos com atenção.
— Não preciso ficar deitado. Eu me sinto ótimo — insistia Richard, ameaçando se
levantar novamente.
— Argh! Quantas vezes eu vou ter que... — vociferou o conselheiro partindo impaciente
em direção a Richard. — Mil vezes Tyron! Ele está absurdamente lotado de energia, Labrítia!
A híbrida o recarregou completamente. Acho que não precisaremos mais das suas ervas.
— Como assim? O quê?! — questionou a Sra. Brit, que em seguida segurou o braço de
Rick com vontade. — Céus!
— Quero ver a cara de Sertolin quando souber o que aconteceu aqui — matutava o
conselheiro animadamente. — Pode descansar agora, Labrítia. Eu sei que você não dorme
desde que resolveu agir nesse caso.
Ela assentiu com a cabeça e, de costas para Ferfelin, olhou carinhosamente para
Richard. Surpreso, ele piscou várias vezes e deixou os lábios se afastarem, puxando o ar com
força. A expressão de agradecimento em sua face espelhava-se com o semblante emocionado
da bondosa bruxa. Fiz alguns ruídos na clara intenção de chamar a atenção para mim e não
deixar que o conselheiro captasse a nuvem de sentimentos que pairava no aposento. Rick
sabia que não poderia ter uma conversa mais íntima com ela e aquela era a sua forma de lhe
agradecer, de perdoá-la por ter me ajudado a fugir com John.
Escutei o zunido de energia aumentar do lado fora e uma luz azul resplandeceu ao redor
da nossa bolha: o toque de recolher! Era chegada a hora de fugir! Olhei para Richard uma
última vez na esperança de que ele tivesse mudado de ideia. Não encontrei nada a não ser
uma expressão fria, a testa lotada de vincos e a sombra de algo ruim ocultando o brilho de seu
rosto perfeito. Pisquei para ele e ainda o vi balançar a cabeça discretamente, como se
compreendendo a minha decisão e me pedindo para não ir, para não fazer aquela loucura.
Segurei a dor no peito que ameaçou me paralisar, o ar ficou pesado demais e minhas mãos
começaram a esquentar.
— Vamos embora, híbrida. Vou levá-la para a grande tenda — finalizou o conselheiro. —
Soldados! — chamou alto enquanto um filete de luz emergia de seus dedos.
Negativo! Ele não ia me levar para lugar nenhum!
quinta-feira, 10 de maio de 2018
21 - Erradicando a Praga: Efetuando mudanças no mundo físico - KAF LAMED NUN
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REFLEXÂO:
No dia de hoje, 4.000 adolescentes começaram a fumar.
Nos próximos três minutos, uma mulher receberá um diagnóstico de câncer de mama.
Neste momento um terço do mundo está infectado com tuberculose.
Nos próximos doze meses mais de 180.000 homens serão afetados pelo câncer de próstata.
Até terminar o colégio, uma criança americana terá visto 8.000 assassinatos na TV.
Nos próximos 60 segundos, 12.000 toneladas de dióxido de carbono serão despejados na atmosfera.
Nos próximos 60 minutos, 1.800 crianças morrerão de desnutrição e fome.
Até amanhã, 25.000 pessoas terão morrido por falta ou contaminação de água.
Mais de 25 milhões de americanos compram produtos com nicotina.
Um em cada 1.500 estudantes universitários é HIV positivo.
Uma em cada quatro mulheres tem algum distúrbio alimentar.
Nos próximos doze meses, aproximadamente 13 milhões de pessoas serão vítimas de algum crime.
Hoje, se uma dúzia de pessoas em uma única localidade adoecer de repente, a imprensa vai falar de epidemia.
Porém, quando mais de 500.000 pessoas morrem de doenças ligadas ao fumo num único ano, ninguém dará a isto o nome de praga!
Isto aconteceu por duas razões: as mortes estão distribuídas pelo tempo e espaço.
Acontece-ram ao longo de um ano, e se deram em diferentes partes do mundo.
A influência do tempo e do espaço nos cega para a realidade das pragas modernas que estão à nossa espreita.
Este Nome é o antídoto e o remédio preventivo para a raiz de todas as pragas que podem afligir nosso mundo.
AÇÂO:
Pense em fumo, câncer, AIDS, poluição, lixo nuclear, depressão, doença cardíaca ou qualquer outra praga que infecte o mundo.
Agora evoque a Luz para extinguir estas pragas pela raiz.
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monutos de sabedoria - 122
VOCÊ, que é mãe, que recebeu uma linda
flor do céu para cultivar no jardim da
Terra, mantenha sua mente ligada ao Pai
celeste, que ele a sustentará sempre em
suas lutas.
Olhe para seu filho com carinho.
Pense nas criaturas que não conseguiram
gerar um filho em suas entranhas!
E pense nos milhares de pequeninos que
não encontraram ninguém que com eles
tivesse o carinho de mãe!
Seja paciente com seu filho!
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
O FRACASSO É UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE PARA O RENASCIMENTO.
Nesta vida, tudo constitui exercício, estudo e aprimoramento. Os fracassos nunca são fortuitos; eles ocorrem por alguma razão e o motivo está na mente. Abrindo-se a mente, o mundo se amplia. O fracasso também serve como “alavanca” para abrir a mente — “O fracasso é a mãe do sucesso”.
Oração do dia 10 Palavras para afirmar a saúde perfeita.
Oração do dia 10
Palavras para afirmar a saúde perfeita.
A vida que pulsa em mim é infinita; portanto, tenho saúde perfeita. O amor que tenho dentro de mim é infinito; portanto, sou plenamente feliz. A sabedoria que existe na minha mente é infinita, portanto, minha mente é pacífica e harmoniosa. Sinto-me repleto de paz, segurança e vigor. Vivo envolto pela vida infinita de Deus,pelo amor infinito de Deus e pela sabedoria infinita de Deus. Agradeço a Deus por me vivificar com Sabedoria infinita, amor infinito e vida infinita.
quarta-feira, 9 de maio de 2018
63 - Valorização: Como manter o que você tem e receber mais - KAF NUN AYIN
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REFLEXÂO:Uma pergunta simples: você sente desejo de não estar com uma tremenda dor de dente? É claro que sim. Quem, em seu pleno juízo, deseja sentir dor de dente? Mas, será que um instante antes de esta pergunta ter sido formulada você estava consciente deste desejo? É claro que não! Você sabe por quê? É porque seu desejo de não ter dor de dente estava completamente satisfeito. Quer dizer, você não estava com dor de dente, por isso não havia necessidade de estar consciente de seu desejo inato de não ter essa dor. Se, por outro lado, você estivesse agoniado com um abscesso no molar, rapidamente ficaria consciente do seu desejo de não ter dor de dente. Temos muitas bênçãos em nossas vidas que preenchem nossa existência. Entretanto, não estamos conscientes destes tesouros espirituais, porque nossa satisfação nos leva à com-placência. Não damos o devido valor a coisas importantes. Conseqüentemente, precisamos perdê-las para despertar nosso desejo por elas. Lembre-se, a Luz quer nos dar tudo, mas temos que desejar. Quando vivenciamos a dor de perder algo de que gostamos muito, um desejo aparece dentro de nós. Existe, porém, uma maneira muito melhor de ativar todos os nossos desejos pela Luz, sem precisar perder nada. É a valorização. Quando valorizamos tudo verdadeiramente, sentimos como se tivéssemos tudo. Então nos é realmente permitido ter tudo! AÇÂO:Valorização. Reconhecimento. Gratidão. Estes nobres atributos são estimulados por este Nome. Inspirado por esses atributos, você retém e desfruta de todas as bênçãos e tesouros em sua vida. |
Minutos de Sabedoria 83
Minutos de Sabedoria
83
Deus é a Energia Cósmica Universal, que habita dentro de você e de tudo o que existe nos universos infinitos, dando-lhes vida e força.Confie nessa Força Inesgotável, que está dentro de você. Mantenha sua mente ligada a Ela, e não mais se lamente do que lhe desagrada ou faz sofrer. Sorria diante das dificuldades e confie n'Aquele que o fortalece e vivifica.
Carlos Torres Pastorino
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
DIANTE DE UMA DETERMINAÇÃO JUSTA, NADA É IMPOSSÍVEL.
Uma vez que tiver determinado “Isto é bom, é preciso ser feito”, passe para a prática, com coragem, convicto de que essa é a sentença final de Deus que Se aloja dentro de você. Habitue-se a colocar em prática o que determinou, considerando que se deixar de fazê-lo prolongar-se-á o tempo de sofrimento nesta vida. Diante de uma firme determinação, todos os obstáculos desaparecem e o caminho se torna plano.
9º dia do mês
9º dia do mês
1. No dia 9 do mês ocupar-se com a seguinte tarefa: concentração em elementos
maximamente distantes de sua consciência trazidos ao mais próximo dos pontos da
consciência. Isto significa que o foco consiste na transmutação de elementos
maximamente distantes em entes maximamente próximos. Esta transformação deve
ocorrer de tal forma como se sua percepção de elementos maximamente distantes de
sua consciência, bem como os pontos de maximamente próximos da consciência são
um e a mesma coisa. Esta técnica oferece-lhe a capacidade de infundir a composição
de qualquer elemento do mundo com um impulso unificador.
Assim que você puder fazer isso, você vai se tornar um adepto em manifestação. Você
então só vai precisar manter a atitude mental que tudo deve ser normal e tudo estará
normal.
É simplesmente o suficiente para fazer um desejo e as coisas vão acontecer
precisamente de acordo com seu desejo. O impulso unificador do qual falei cria um
estado mental especial. Esse estado não é inteiramente conectado com seus processos
de pensamento, porque você pode fazer isso sem pensar, ele pode simplesmente
consistir em estar em sintonia, por exemplo, o que é bom, para a criação de
harmonia. Sintonia com este estado de espírito leva em si a um desdobramento
favorável das circunstâncias.
Quero salientar que esta técnica de concentração enfatiza uma forma particular de
percepção. Esta percepção representa uma parcela especializada da sua
consciência. Você trabalha de tal maneira que funciona como eu descrevi. Este
exercício de concentração abarca aspectos mais profundos de usar sua mente para
influenciar os acontecimentos.
2. Dígitos para Concentração
*Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1843210
*Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 918921452
3. Quando você entender que seu mundo é uma parte muito essencial do universo, você
verá que tudo que existe na natureza, por exemplo, uma planta, uma pessoa, um animal,
cada molécula ou mesmo que ainda não foi criado - tudo isso tem uma base unificada
e divina, que segue o mecanismo de toda a criação. Quando você tiver visto uma vez,
como se cria, pode-se criar tudo e qualquer coisa.
Você chega a este ponto através das origens do seu próprio "Eu". Se você se move
através da profundidade de seu "eu", você vai ver como seu "eu" funciona e se
desenvolve em conjunto com todo o universo. Você é o mundo. Está realidade. Veja isso
com os olhos do mundo inteiro. Olhe para isto com os olhos de todo o mundo, olhar para
ele com os olhos de cada pessoa, olhar para ele com seus próprios olhos e você verá
que sua alma é o poder de sua visão. Olhe para o mundo com sua alma e você vai ver
o mundo como ele é e você vai fazer as correções que são necessárias e você vai ver o
mundo da maneira que você deve usá-lo, a fim de alcançar a vida eterna. Você
sempre saberá o caminho quando você olha para o mundo de dentro de si e de fora,
de todas as perspectivas.
(Dia 9: A distância máxima trazida ao mais perto dos pontos de consciência... ao mesmo
tempo... Parece-me que isto é o final dos 2 - pontos. E eu adoro subir com o "eu" e tomar
banho na sua presença, aos olhos do mundo inteiro. Alegria ilimitada, poder e
responsabilidade).
104 - Louise Hay
104- “Não existe problema algum, seja grande ou pequeno, que não possa ser resolvido com amor.”
CAPÍTULO 12 - Não Fuja
CAPÍTULO 12
— Por Tyron! Ela conseguiu escapar, Guimlel! — escutei a exclamação de aturdimento
ressoar no ambiente.
— Sra. Brit?!
— Eu mesma. — Apesar dos olhos arregalados, ela mantinha uma atitude contida. Senti
falta do seu costumeiro padrão agitado e afetuoso. Ao seu lado, a figura longilínea de Guimlel
parecia dobrar de tamanho. Com uma sobrancelha arqueada e a outra contraída, ele me
observava com um misto de espanto e preocupação. Desvencilhei-me de seus olhares
inquisidores e vasculhei o lugar. Meu coração começou a socar o peito com violência ao
perceber que estava dentro do casulo de Richard. — Você conseguiu — anunciou ela, mas o
estupefato de sua fisionomia perdia espaço para rugas de tristeza.
— Eu o quê?! Como vim parar aqui? — questionei atordoada e estremeci com a cena
que me envolvia. A Sra. Brit tinha a testa lotada de vincos, mas balançava a cabeça, como que
se desculpando por não poder responder. O semblante de Guimlel, por sua vez, denunciava
mais do que assombro. Havia algo estranho... Uma mistura de sofrimento e... desconfiança?
Céus! O que estava acontecendo ali? Encarei minhas mãos trêmulas e ensanguentadas,
chequei os danos em meu corpo. Aquilo era real.
— Richard? — senti um nó se formar em minha garganta. A Sra. Brit levou as mãos ao
rosto e fechou os olhos. Oh, não! — Ele...? Onde ele está? — meu sussurro saiu fraco,
ardendo na ferida da expectativa, no pavor de saber a resposta que poderia arruinar os cacos
da vida que estava me forçando para juntar.
— Meu menino não suportou, ele não...
— Está satisfeita agora? Veja o que você fez com ele, híbrida! — acusou Guimlel.
Então os dois se afastaram, abrindo meu campo de visão. Ainda caída sobre o chão, vi
surgir uma cama na minha frente. O corpo imóvel sob um lençol branco fez meu pulso disparar
e meu espírito encolher no peito. Desejo. Medo. Expectativa.
— Rick! — a rouquidão em minha voz se tornou um murmúrio de apreensão. Tentei me
levantar, mas minhas pernas não responderam. Aflita e sem conseguir ver seu rosto de onde
estava, comecei a me arrastar em sua direção.
— Fique onde está, híbrida traiçoeira! — advertiu Guimlel. Congelei no lugar. — Alertei-a
sobre o risco que Richard corria caso insistisse em ficar perto dele! Expliquei que você o
tornaria vulnerável e da importância de Richard para Zyrk. Mas você não me ouviu! Ou melhor,
fingiu ouvir e mentiu para mim. Bem típico dos humanos... Como fui tão estúpido e me deixei
enganar?
— Guimlel, não! — intercedeu a Sra. Brit.
— Deixe-me falar, Labrítia! Estou com essa droga agarrada em minha garganta. —
Guimlel estava enfurecido. Senti-me mal naquele instante, envergonhada. Bem no fundo sabia
que o mago tinha razão. Tudo aquilo havia acontecido com Rick porque ele quis me proteger.
Porque me amava. — N-Nós o perdemos — ele tentava manter a expressão de ira intocada,
mas não teve sucesso em disfarçar a sombra do desespero em sua voz. — Zyrk o perdeu por
sua causa, híbrida!
— P-Perdeu? — Foi a vez da minha voz falhar.
— Você quebrou sua promessa e veja o que aconteceu com Richard! Mostrei o perigo
para os dois! Alertei que era uma tolice acreditar que o sentimento que possuíam um pelo
outro era algo maior. Daquela vez ele quase a matou e agora foi a sua vez de revidar —
rosnou. — Parabéns! Você foi mais bem-sucedida que Rick!
— Ele está...?
— Morto? É essa a palavra que não consegue pronunciar, híbrida? Sim! Está satisfeita?
Meu estômago congelou. Eu não afundava apenas, estava em queda livre e em altíssima
velocidade. Um precipício sem fim, meu corpo despencando em um buraco negro de culpa e
angústia, uma queda para sempre.
— Não, Guimlel! Você está piorando as coisas — implorava a Sra. Brit através de um
choro fino e sem lágrimas.
— Por Tyron! Nós perdemos o filho que criamos e Zyrk perdeu um futuro melhor por
causa dela! E você me pede calma, Labrítia?
Eu também não tinha lágrimas. Não as encontrei dentro de mim. Estava seca,
completamente murcha.
— Esse corpo sem vida à sua frente é de Richard sim! — vociferou o mago.
— Não completamente... ainda — apressou-se em dizer a Sra. Brit. — Ele não partiu,
Nina, mas não consigo mais captar sua energia. Tecnicamente é como se estivesse morto.
— Ele não tem energia, mas ainda não partiu? — balbuciei, forçando minha mente a se
manter lúcida e atenta, algo quase impossível quando todo ar havia sido tragado dos meus
pulmões. Nada mais fazia sentido. — Não entendo.
— A magia do Grande Conselho está adiando a partida dele. Estão apenas aguardando
a data do acasalamento — explicou ela.
— Oh, Tyron! A data está quase chegando! — Guimlel levou as mãos à cabeça em
desespero.
— Mas por que não conseguem?
— Nós somos a morte, garota estúpida! — Guimlel me interrompeu sem paciência. —
Temos poder sobre a morte e não sobre a vida!
Poder sobre a vida...? Claro! Um discreto sorriso me escapava.
— Deixe-me vê-lo. Talvez eu possa ajudar — tomada por súbita esperança, tentei me
levantar.
— Fique onde está, híbrida venenosa! Vou avisar o Grande Conselho sobre a sua fuga.
— Não! — A Sra. Brit bradou alarmada, segurando-o pelo braço. — Será que não
enxerga, Guimlel? Ela não pode lhe causar nenhum mal, pelo contrário.
— O que quer dizer, Labrítia? — desvencilhou-se de forma brusca.
— Deixe-a tentar.
— Quantas vezes tenho que dizer que ela é um grande perigo! — retrucou nervoso. —
Além do mais, o Grande Conselho descobrirá o que acabou de acontecer. Ele jamais permitiria
uma insanidade desse porte.
— E desde quando você se preocupa com a opinião do Grande Conselho, Guimlel? Se
agirmos logo eles só descobrirão depois que tivermos tentado.
O mago hesitou por um instante.
— Quem sabe se ela... — A Sra. Brit insistia.
— Não! — rebateu ele sem muita convicção. — Ela pode acabar de matá-lo!
— Não vê que ela é a nossa última chance, Guimlel? O tempo está se esgotando!
— Eu não sei. — O médium começou a andar de um lado para o outro. Senti novo aperto
ao reconhecer o movimento. Richard fazia o mesmo quando se encontrava nervoso. Herdara o
cacoete de Guimlel, o homem que o havia criado na infância.
— Pois decida-se! Você sabe que logo eles estarão aqui!
— É arriscado demais! — vociferou o mago. — Ele pode não aguentar e aí não haverá a
procriação.
— Se este quadro permanecer, não haverá procriação de qualquer maneira, homem!
— Raios! Não vê que ele está assim por causa dela? — Apontou para mim com o rosto
crispado de raiva.
— Se eu sou a culpada, deixem-me tentar reparar meu erro. — Meu pedido saiu baixo.
— Por favor?
O vento começou a uivar raivosamente do lado externo. Guimlel continuava a esfregar a
longa trança negra da barba para cima e para baixo.
— Rápido, Guimlel! — ordenou a Sra. Brit com o rosto deformado pela tensão.
— Por Tyron! Tantos anos, tanto esforço! Tudo jogado fora! — Ele balançava a cabeça
sem parar. — Vá, híbrida! — ordenou nervoso e caminhou até a outra extremidade do casulo,
permanecendo de costas para nós. Sem perder tempo, tornei a me arrastar em direção à
cama.
As feridas em minhas mãos latejavam e não sentia mais meu lado direito, mas pouco
importava agora. Meu corpo haveria de suportar e me levar até Richard. Nem que eu tivesse
que me arrastar com os dentes. Levantei-me aos tropeços, tentando ignorar a dor e a
ardência terríveis que se alastravam por minha pele.
E quase fui a nocaute no instante seguinte.
Uma descarga de adrenalina, como se injetassem droga potente em minhas veias, fezme
estremecer da cabeça aos pés. Um filme de incompreensão, amor e doação passando
rápido demais em minha mente, chacoalhando meu mundo e todas as minhas dimensões. As
ridículas balas de café, a primeira vez que vi seus magnéticos olhos azuis, nossas discussões,
fugas, mortes, meu amadurecimento forçado, sua armadura se desintegrando, nosso diálogo
insuficiente, perdido em meio a um amor impossível, ações genuínas de afeto e uma sina
maldita. Senti o gosto de lágrimas em meus lábios e nem sabia que estava chorando. Pisquei
com força e o encontrei: a pele alva e pálida demais, olheiras pronunciadas, a barba por fazer,
os cabelos negros desgrenhados na bagunça mais linda que meus olhos ousaram vislumbrar, a
escultura mais perfeita que um ser maior poderia ter construído. Com apenas o rosto do lado
de fora do lençol, ele parecia a pintura de um deus grego embalado em um sono profundo,
meu indomável príncipe encantado. Como ele poderia ser a minha morte se meu coração
trepidava, minhas células vibravam enlouquecidamente e eu me sentia mais viva do que
nunca em sua presença?
— Ah, Rick! — gemi num sussurro afônico e me joguei sobre ele, abraçando-o com
todas as minhas forças, apreensão, desejo e fé. Segurei seu rosto exuberante entre minhas
mãos trêmulas e comecei a beijá-lo com desespero, as lágrimas forçando passagem, rolando
por minhas bochechas e encharcando as dele. Imóvel como um pesado boneco de cera, sua
pele quente era a única pista de que ainda estava vivo. — Por favor, acorde. Eu preciso de
você — soluçava agora.
A ausência de resposta começou a me afligir. Um tsunami de emoções contraditórias.
Medo. Incerteza. Dor. O filme de amor tinha falhas, vinha imbuído pela sentença da desgraça.
Ele ganhava espaço e sufocava a semente de esperança, esfacelava de vez meu espírito
combalido e me fazia compreender a indefinida realidade à minha frente.
E se o que o paralisava não fosse o mesmo sentimento que consumiu meu avô? E se
eu não fosse capaz de despertá-lo? E se realmente houvesse um ponto vulnerável em nossa
relação? E se o elo frágil fosse eu ou o meu amor insuficiente? E se...
O pavor começou a se agigantar dentro do meu peito. E não era pelo receio de que ele
não me amasse o bastante, mas principalmente pelo medo de que, na única vez em que
Richard precisou de mim, eu falharia com ele. Entrei em desespero e comecei a sacudi-lo.
Destruída e sem saber o que fazer, afundei meu rosto em seu peitoral e chorei muito. Meu
sofrimento em ondas de soluços vibrava por sua pele como notas de uma triste melodia de
despedida.
— Eu não queria que nada disso tivesse acontecido, e-eu... Desculpe! — entre
espasmos, confessei a minha dor. — Obrigada por tudo que fez por mim. Desculpe por não ter
te entendido, por ter sido tão estúpida, tão cega. Você tinha que ter confiado em mim, no
nosso amor. Não devia ter guardado tantos segredos. — Meu pranto enchia o ambiente. Ao
longe captei um gemido da Sra. Brit e a respiração acelerada de Guimlel. — Desculpe por
estar falhando com você. A última coisa que eu queria era destruir sua vida, seu futuro. Sinto
muito por não ter sido forte o bastante e por ter duvidado de você, de nós.
Dor e impotência rasgavam meu peito. Arfando entre soluços, tornei a envolver seu
maxilar anguloso e o beijei sôfrega e desesperadamente. Deixei que o gosto salgado das
minhas lágrimas invadissem seus lábios. No lugar onde minha felicidade deveria encontrar seu
pouso, deparei-me com a incompreensão e a tristeza envoltas em uma capa de dor e... ira!
Nada era como eu imaginava! Minha vida era uma droga, um grande emaranhado de
mentiras e sofrimento!
Uma fúria obstrutiva lançou suas garras em torno do meu pescoço. Comecei a sufocar.
Confronto. Energia. Um fogo crescente e abrasador tomou conta do meu corpo. Minhas mãos
ardiam e senti toda desesperança do mundo invadir minhas células. Eu não podia perdê-lo.
Assim como minha mãe, Richard era parte da minha vida, um dos pilares da minha existência,
da minha força. Uma parte de mim estava morrendo ali, com ele, dentro dele.
— Não! Não! Não! Seu estúpido! — comecei a socar seu peito com força, como se
quisesse que ele sentisse uma mínima parte da dor que me dilacerava. — Droga, Rick! Por
que mentiu para mim, seu cabeça-dura metido a herói! Por que está fazendo isso comigo?
Você sempre foi tão forte! Por que não reage agora? Por quê? — Comecei a sacudi-lo com
violência, meu inconformismo e força subitamente drenados por uma onda de pranto
devastador, suor e derrota. O pior pesadelo, aquele que jamais julguei ser possível, agora se
tornava realidade: Eu o estava perdendo. Richard estava morrendo e eu não conseguiria salválo.
Após berrar, implorar e soluçar, meus braços tombaram, exaustos, e desmoronei em seu
peitoral de pedra. Fechei os olhos e, afogada em meu sofrimento, soltei um choro rouco e
baixo, meu pranto de redenção: — Desde a primeira vez que o vi... Eu sempre te amei, Rick. E
sempre te amarei.
— Eu também, Tesouro.
O murmúrio saiu tão baixo que pensei ter sido a voz do meu subconsciente me pregando
uma peça. Mas, assim que seus dedos entrelaçaram-se levemente nos meus e uma descarga
elétrica percorreu minha pele de cima a baixo, fui eu quem quase enfartou de felicidade. Sem
encontrar a minha voz, levantei o rosto e quase fiquei cega com o brilho incandescente que
emanava de suas pedras azuis-turquesa. Mesmo abatido, seu discreto sorriso fez minha alma
ricochetear freneticamente dentro do peito até explodir de euforia, como nunca nenhum outro
foi capaz. Richard era a bateria que me recarregava, o combustível para o meu corpo e
espírito.
— Ah, Rick! — arfei sem conseguir segurar o sorriso que quase rasgou o meu rosto de
um lado ao outro. Vidrado, ele apertou minha mão entre seus dedos quentes. De repente sua
testa se encheu de vincos.
— Que cheiro é esse? — questionou ele ainda deitado, afastando meu corpo do dele.
Richard reparou no estado em que eu me encontrava e, anestesiada momentaneamente pela
injeção de felicidade, só então me dei conta de que todo meu lado direito latejava. Furiosa, a
dor voltara com força total. Contraí a testa quando ele tocou meu braço direito. — Isso é...
Por Tyron! Nina, você está ferida! — observou preocupado.
— Calma — pedi. — Você também não está muito melhor do que eu.
— O que houve? — arqueou uma das sobrancelhas inquisitivas enquanto tentava se
levantar.
— Não use suas energias, filho! — gemeu a Sra. Brit visivelmente emocionada. Ela tinha
a boca estreitada em uma linha fina e apertava as próprias mãos. — Por Tyron! N-nosso mmenino
conseguiu, Guimlel!
— S-sim, ele... — Guimlel respondeu atordoado, os olhos arregalados brilhavam muito e
denunciavam sua surpresa enquanto entortava a barba de um jeito estranho. Correndo a visão
dos nossos dedos entrelaçados para os nossos rostos, seu semblante de excitação foi
abruptamente substituído por um aflito. — Eles estão chegando! Afaste a híbrida dele,
Labrítia!
— Não! — Richard rugiu e passou o braço pela minha cintura. Fiquei realmente tocada e
orgulhosa do homem que amava. Mesmo fraco Richard ainda era um guerreiro que daria a
vida para me proteger. — Ela não sai daqui.
— Fique quieto, Rick! Desde quando você ficou tolo assim? — rebateu o mago. Richard
fechou a cara e, sem deixar de encará-lo, começou a se levantar.
— Filho, não! — implorou a Sra. Brit agoniada.
— Eles têm razão, Rick. Fique — pedi com uma calma que surpreendeu a mim mesma
porque minha mente trabalhava de maneira alucinada com a súbita decisão: nós íamos fugir
dali!
— Nina, eles não...
— Shhh — interrompi colocando um dedo em seus lábios ressecados.
Um ruído maior do lado de fora.
— Tire-a daí, Labrítia! — rosnou Guimlel. — Eles chegarão em instantes.
— Venha, Nina — pediu ela e, antes que se aproximasse de mim, eu fiz um gesto com as
mãos para que ela ficasse onde estava.
— Não quero complicar as coisas para o seu lado, Sra. Brit — respondi para a surpresa
de todos. — Deixe-me apenas dar um último abraço nele.
— Nina, não! — Richard tinha a testa lotada de vincos, mas era óbvio que não tinha força
suficiente para ir contra a situação. Estava fraco demais.
— Eu vou feliz, Rick — pisquei e, atordoado, ele apertou ainda mais a minha cintura e me
puxou para junto dele.
Era o que eu planejava!
Com os braços ao redor de sua cabeça sussurrei rapidamente em seu ouvido: — Tenho
um plano para sairmos daqui. Assim que eu me afastar de você finja que está mal novamente.
Entendeu?
Pedi a Deus que ele tivesse me escutado. Levantando-me com dificuldade, acariciei seu
rosto e nossos olhares se encontraram. Suas pedras azuis brilharam para mim e eu sorri.
Ele havia entendido!
— Por Tyron! Ela conseguiu escapar, Guimlel! — escutei a exclamação de aturdimento
ressoar no ambiente.
— Sra. Brit?!
— Eu mesma. — Apesar dos olhos arregalados, ela mantinha uma atitude contida. Senti
falta do seu costumeiro padrão agitado e afetuoso. Ao seu lado, a figura longilínea de Guimlel
parecia dobrar de tamanho. Com uma sobrancelha arqueada e a outra contraída, ele me
observava com um misto de espanto e preocupação. Desvencilhei-me de seus olhares
inquisidores e vasculhei o lugar. Meu coração começou a socar o peito com violência ao
perceber que estava dentro do casulo de Richard. — Você conseguiu — anunciou ela, mas o
estupefato de sua fisionomia perdia espaço para rugas de tristeza.
— Eu o quê?! Como vim parar aqui? — questionei atordoada e estremeci com a cena
que me envolvia. A Sra. Brit tinha a testa lotada de vincos, mas balançava a cabeça, como que
se desculpando por não poder responder. O semblante de Guimlel, por sua vez, denunciava
mais do que assombro. Havia algo estranho... Uma mistura de sofrimento e... desconfiança?
Céus! O que estava acontecendo ali? Encarei minhas mãos trêmulas e ensanguentadas,
chequei os danos em meu corpo. Aquilo era real.
— Richard? — senti um nó se formar em minha garganta. A Sra. Brit levou as mãos ao
rosto e fechou os olhos. Oh, não! — Ele...? Onde ele está? — meu sussurro saiu fraco,
ardendo na ferida da expectativa, no pavor de saber a resposta que poderia arruinar os cacos
da vida que estava me forçando para juntar.
— Meu menino não suportou, ele não...
— Está satisfeita agora? Veja o que você fez com ele, híbrida! — acusou Guimlel.
Então os dois se afastaram, abrindo meu campo de visão. Ainda caída sobre o chão, vi
surgir uma cama na minha frente. O corpo imóvel sob um lençol branco fez meu pulso disparar
e meu espírito encolher no peito. Desejo. Medo. Expectativa.
— Rick! — a rouquidão em minha voz se tornou um murmúrio de apreensão. Tentei me
levantar, mas minhas pernas não responderam. Aflita e sem conseguir ver seu rosto de onde
estava, comecei a me arrastar em sua direção.
— Fique onde está, híbrida traiçoeira! — advertiu Guimlel. Congelei no lugar. — Alertei-a
sobre o risco que Richard corria caso insistisse em ficar perto dele! Expliquei que você o
tornaria vulnerável e da importância de Richard para Zyrk. Mas você não me ouviu! Ou melhor,
fingiu ouvir e mentiu para mim. Bem típico dos humanos... Como fui tão estúpido e me deixei
enganar?
— Guimlel, não! — intercedeu a Sra. Brit.
— Deixe-me falar, Labrítia! Estou com essa droga agarrada em minha garganta. —
Guimlel estava enfurecido. Senti-me mal naquele instante, envergonhada. Bem no fundo sabia
que o mago tinha razão. Tudo aquilo havia acontecido com Rick porque ele quis me proteger.
Porque me amava. — N-Nós o perdemos — ele tentava manter a expressão de ira intocada,
mas não teve sucesso em disfarçar a sombra do desespero em sua voz. — Zyrk o perdeu por
sua causa, híbrida!
— P-Perdeu? — Foi a vez da minha voz falhar.
— Você quebrou sua promessa e veja o que aconteceu com Richard! Mostrei o perigo
para os dois! Alertei que era uma tolice acreditar que o sentimento que possuíam um pelo
outro era algo maior. Daquela vez ele quase a matou e agora foi a sua vez de revidar —
rosnou. — Parabéns! Você foi mais bem-sucedida que Rick!
— Ele está...?
— Morto? É essa a palavra que não consegue pronunciar, híbrida? Sim! Está satisfeita?
Meu estômago congelou. Eu não afundava apenas, estava em queda livre e em altíssima
velocidade. Um precipício sem fim, meu corpo despencando em um buraco negro de culpa e
angústia, uma queda para sempre.
— Não, Guimlel! Você está piorando as coisas — implorava a Sra. Brit através de um
choro fino e sem lágrimas.
— Por Tyron! Nós perdemos o filho que criamos e Zyrk perdeu um futuro melhor por
causa dela! E você me pede calma, Labrítia?
Eu também não tinha lágrimas. Não as encontrei dentro de mim. Estava seca,
completamente murcha.
— Esse corpo sem vida à sua frente é de Richard sim! — vociferou o mago.
— Não completamente... ainda — apressou-se em dizer a Sra. Brit. — Ele não partiu,
Nina, mas não consigo mais captar sua energia. Tecnicamente é como se estivesse morto.
— Ele não tem energia, mas ainda não partiu? — balbuciei, forçando minha mente a se
manter lúcida e atenta, algo quase impossível quando todo ar havia sido tragado dos meus
pulmões. Nada mais fazia sentido. — Não entendo.
— A magia do Grande Conselho está adiando a partida dele. Estão apenas aguardando
a data do acasalamento — explicou ela.
— Oh, Tyron! A data está quase chegando! — Guimlel levou as mãos à cabeça em
desespero.
— Mas por que não conseguem?
— Nós somos a morte, garota estúpida! — Guimlel me interrompeu sem paciência. —
Temos poder sobre a morte e não sobre a vida!
Poder sobre a vida...? Claro! Um discreto sorriso me escapava.
— Deixe-me vê-lo. Talvez eu possa ajudar — tomada por súbita esperança, tentei me
levantar.
— Fique onde está, híbrida venenosa! Vou avisar o Grande Conselho sobre a sua fuga.
— Não! — A Sra. Brit bradou alarmada, segurando-o pelo braço. — Será que não
enxerga, Guimlel? Ela não pode lhe causar nenhum mal, pelo contrário.
— O que quer dizer, Labrítia? — desvencilhou-se de forma brusca.
— Deixe-a tentar.
— Quantas vezes tenho que dizer que ela é um grande perigo! — retrucou nervoso. —
Além do mais, o Grande Conselho descobrirá o que acabou de acontecer. Ele jamais permitiria
uma insanidade desse porte.
— E desde quando você se preocupa com a opinião do Grande Conselho, Guimlel? Se
agirmos logo eles só descobrirão depois que tivermos tentado.
O mago hesitou por um instante.
— Quem sabe se ela... — A Sra. Brit insistia.
— Não! — rebateu ele sem muita convicção. — Ela pode acabar de matá-lo!
— Não vê que ela é a nossa última chance, Guimlel? O tempo está se esgotando!
— Eu não sei. — O médium começou a andar de um lado para o outro. Senti novo aperto
ao reconhecer o movimento. Richard fazia o mesmo quando se encontrava nervoso. Herdara o
cacoete de Guimlel, o homem que o havia criado na infância.
— Pois decida-se! Você sabe que logo eles estarão aqui!
— É arriscado demais! — vociferou o mago. — Ele pode não aguentar e aí não haverá a
procriação.
— Se este quadro permanecer, não haverá procriação de qualquer maneira, homem!
— Raios! Não vê que ele está assim por causa dela? — Apontou para mim com o rosto
crispado de raiva.
— Se eu sou a culpada, deixem-me tentar reparar meu erro. — Meu pedido saiu baixo.
— Por favor?
O vento começou a uivar raivosamente do lado externo. Guimlel continuava a esfregar a
longa trança negra da barba para cima e para baixo.
— Rápido, Guimlel! — ordenou a Sra. Brit com o rosto deformado pela tensão.
— Por Tyron! Tantos anos, tanto esforço! Tudo jogado fora! — Ele balançava a cabeça
sem parar. — Vá, híbrida! — ordenou nervoso e caminhou até a outra extremidade do casulo,
permanecendo de costas para nós. Sem perder tempo, tornei a me arrastar em direção à
cama.
As feridas em minhas mãos latejavam e não sentia mais meu lado direito, mas pouco
importava agora. Meu corpo haveria de suportar e me levar até Richard. Nem que eu tivesse
que me arrastar com os dentes. Levantei-me aos tropeços, tentando ignorar a dor e a
ardência terríveis que se alastravam por minha pele.
E quase fui a nocaute no instante seguinte.
Uma descarga de adrenalina, como se injetassem droga potente em minhas veias, fezme
estremecer da cabeça aos pés. Um filme de incompreensão, amor e doação passando
rápido demais em minha mente, chacoalhando meu mundo e todas as minhas dimensões. As
ridículas balas de café, a primeira vez que vi seus magnéticos olhos azuis, nossas discussões,
fugas, mortes, meu amadurecimento forçado, sua armadura se desintegrando, nosso diálogo
insuficiente, perdido em meio a um amor impossível, ações genuínas de afeto e uma sina
maldita. Senti o gosto de lágrimas em meus lábios e nem sabia que estava chorando. Pisquei
com força e o encontrei: a pele alva e pálida demais, olheiras pronunciadas, a barba por fazer,
os cabelos negros desgrenhados na bagunça mais linda que meus olhos ousaram vislumbrar, a
escultura mais perfeita que um ser maior poderia ter construído. Com apenas o rosto do lado
de fora do lençol, ele parecia a pintura de um deus grego embalado em um sono profundo,
meu indomável príncipe encantado. Como ele poderia ser a minha morte se meu coração
trepidava, minhas células vibravam enlouquecidamente e eu me sentia mais viva do que
nunca em sua presença?
— Ah, Rick! — gemi num sussurro afônico e me joguei sobre ele, abraçando-o com
todas as minhas forças, apreensão, desejo e fé. Segurei seu rosto exuberante entre minhas
mãos trêmulas e comecei a beijá-lo com desespero, as lágrimas forçando passagem, rolando
por minhas bochechas e encharcando as dele. Imóvel como um pesado boneco de cera, sua
pele quente era a única pista de que ainda estava vivo. — Por favor, acorde. Eu preciso de
você — soluçava agora.
A ausência de resposta começou a me afligir. Um tsunami de emoções contraditórias.
Medo. Incerteza. Dor. O filme de amor tinha falhas, vinha imbuído pela sentença da desgraça.
Ele ganhava espaço e sufocava a semente de esperança, esfacelava de vez meu espírito
combalido e me fazia compreender a indefinida realidade à minha frente.
E se o que o paralisava não fosse o mesmo sentimento que consumiu meu avô? E se
eu não fosse capaz de despertá-lo? E se realmente houvesse um ponto vulnerável em nossa
relação? E se o elo frágil fosse eu ou o meu amor insuficiente? E se...
O pavor começou a se agigantar dentro do meu peito. E não era pelo receio de que ele
não me amasse o bastante, mas principalmente pelo medo de que, na única vez em que
Richard precisou de mim, eu falharia com ele. Entrei em desespero e comecei a sacudi-lo.
Destruída e sem saber o que fazer, afundei meu rosto em seu peitoral e chorei muito. Meu
sofrimento em ondas de soluços vibrava por sua pele como notas de uma triste melodia de
despedida.
— Eu não queria que nada disso tivesse acontecido, e-eu... Desculpe! — entre
espasmos, confessei a minha dor. — Obrigada por tudo que fez por mim. Desculpe por não ter
te entendido, por ter sido tão estúpida, tão cega. Você tinha que ter confiado em mim, no
nosso amor. Não devia ter guardado tantos segredos. — Meu pranto enchia o ambiente. Ao
longe captei um gemido da Sra. Brit e a respiração acelerada de Guimlel. — Desculpe por
estar falhando com você. A última coisa que eu queria era destruir sua vida, seu futuro. Sinto
muito por não ter sido forte o bastante e por ter duvidado de você, de nós.
Dor e impotência rasgavam meu peito. Arfando entre soluços, tornei a envolver seu
maxilar anguloso e o beijei sôfrega e desesperadamente. Deixei que o gosto salgado das
minhas lágrimas invadissem seus lábios. No lugar onde minha felicidade deveria encontrar seu
pouso, deparei-me com a incompreensão e a tristeza envoltas em uma capa de dor e... ira!
Nada era como eu imaginava! Minha vida era uma droga, um grande emaranhado de
mentiras e sofrimento!
Uma fúria obstrutiva lançou suas garras em torno do meu pescoço. Comecei a sufocar.
Confronto. Energia. Um fogo crescente e abrasador tomou conta do meu corpo. Minhas mãos
ardiam e senti toda desesperança do mundo invadir minhas células. Eu não podia perdê-lo.
Assim como minha mãe, Richard era parte da minha vida, um dos pilares da minha existência,
da minha força. Uma parte de mim estava morrendo ali, com ele, dentro dele.
— Não! Não! Não! Seu estúpido! — comecei a socar seu peito com força, como se
quisesse que ele sentisse uma mínima parte da dor que me dilacerava. — Droga, Rick! Por
que mentiu para mim, seu cabeça-dura metido a herói! Por que está fazendo isso comigo?
Você sempre foi tão forte! Por que não reage agora? Por quê? — Comecei a sacudi-lo com
violência, meu inconformismo e força subitamente drenados por uma onda de pranto
devastador, suor e derrota. O pior pesadelo, aquele que jamais julguei ser possível, agora se
tornava realidade: Eu o estava perdendo. Richard estava morrendo e eu não conseguiria salválo.
Após berrar, implorar e soluçar, meus braços tombaram, exaustos, e desmoronei em seu
peitoral de pedra. Fechei os olhos e, afogada em meu sofrimento, soltei um choro rouco e
baixo, meu pranto de redenção: — Desde a primeira vez que o vi... Eu sempre te amei, Rick. E
sempre te amarei.
— Eu também, Tesouro.
O murmúrio saiu tão baixo que pensei ter sido a voz do meu subconsciente me pregando
uma peça. Mas, assim que seus dedos entrelaçaram-se levemente nos meus e uma descarga
elétrica percorreu minha pele de cima a baixo, fui eu quem quase enfartou de felicidade. Sem
encontrar a minha voz, levantei o rosto e quase fiquei cega com o brilho incandescente que
emanava de suas pedras azuis-turquesa. Mesmo abatido, seu discreto sorriso fez minha alma
ricochetear freneticamente dentro do peito até explodir de euforia, como nunca nenhum outro
foi capaz. Richard era a bateria que me recarregava, o combustível para o meu corpo e
espírito.
— Ah, Rick! — arfei sem conseguir segurar o sorriso que quase rasgou o meu rosto de
um lado ao outro. Vidrado, ele apertou minha mão entre seus dedos quentes. De repente sua
testa se encheu de vincos.
— Que cheiro é esse? — questionou ele ainda deitado, afastando meu corpo do dele.
Richard reparou no estado em que eu me encontrava e, anestesiada momentaneamente pela
injeção de felicidade, só então me dei conta de que todo meu lado direito latejava. Furiosa, a
dor voltara com força total. Contraí a testa quando ele tocou meu braço direito. — Isso é...
Por Tyron! Nina, você está ferida! — observou preocupado.
— Calma — pedi. — Você também não está muito melhor do que eu.
— O que houve? — arqueou uma das sobrancelhas inquisitivas enquanto tentava se
levantar.
— Não use suas energias, filho! — gemeu a Sra. Brit visivelmente emocionada. Ela tinha
a boca estreitada em uma linha fina e apertava as próprias mãos. — Por Tyron! N-nosso mmenino
conseguiu, Guimlel!
— S-sim, ele... — Guimlel respondeu atordoado, os olhos arregalados brilhavam muito e
denunciavam sua surpresa enquanto entortava a barba de um jeito estranho. Correndo a visão
dos nossos dedos entrelaçados para os nossos rostos, seu semblante de excitação foi
abruptamente substituído por um aflito. — Eles estão chegando! Afaste a híbrida dele,
Labrítia!
— Não! — Richard rugiu e passou o braço pela minha cintura. Fiquei realmente tocada e
orgulhosa do homem que amava. Mesmo fraco Richard ainda era um guerreiro que daria a
vida para me proteger. — Ela não sai daqui.
— Fique quieto, Rick! Desde quando você ficou tolo assim? — rebateu o mago. Richard
fechou a cara e, sem deixar de encará-lo, começou a se levantar.
— Filho, não! — implorou a Sra. Brit agoniada.
— Eles têm razão, Rick. Fique — pedi com uma calma que surpreendeu a mim mesma
porque minha mente trabalhava de maneira alucinada com a súbita decisão: nós íamos fugir
dali!
— Nina, eles não...
— Shhh — interrompi colocando um dedo em seus lábios ressecados.
Um ruído maior do lado de fora.
— Tire-a daí, Labrítia! — rosnou Guimlel. — Eles chegarão em instantes.
— Venha, Nina — pediu ela e, antes que se aproximasse de mim, eu fiz um gesto com as
mãos para que ela ficasse onde estava.
— Não quero complicar as coisas para o seu lado, Sra. Brit — respondi para a surpresa
de todos. — Deixe-me apenas dar um último abraço nele.
— Nina, não! — Richard tinha a testa lotada de vincos, mas era óbvio que não tinha força
suficiente para ir contra a situação. Estava fraco demais.
— Eu vou feliz, Rick — pisquei e, atordoado, ele apertou ainda mais a minha cintura e me
puxou para junto dele.
Era o que eu planejava!
Com os braços ao redor de sua cabeça sussurrei rapidamente em seu ouvido: — Tenho
um plano para sairmos daqui. Assim que eu me afastar de você finja que está mal novamente.
Entendeu?
Pedi a Deus que ele tivesse me escutado. Levantando-me com dificuldade, acariciei seu
rosto e nossos olhares se encontraram. Suas pedras azuis brilharam para mim e eu sorri.
Ele havia entendido!
Oração do dia 9 Palavras para afirmar a própria grandiosidade.
Oração do dia 9
Palavras para afirmar a própria grandiosidade.
Dentro de mim existe o Universo imenso, ilimitado. Sou mais grandioso do que as estrelas que contemplo numa noite de céu límpido. Percebo que sou dotado de singular capacidade para entender as estrelas. Sou superior às estrelas que brilham no céu, pois, além de compreendê-las, compreendo a mim mesmo. Sou um ser criado à imagem de Deus, que habita no reino dos céus. Sou um ser grandioso que caminha a passos largos pelo espaço sideral. Sou aquele que, tal como o Senhor do Universo, caminha na eternidade. Possuo mente, por isso domino o mundo. Neste momento, dou o primeiro passo como comandante de minhas próprias obras. Sou superior às estrelas; portanto, igualo-me à força que criou este mundo. Sim, sou um com a Força que criou o mundo. Vivo como um ser grandioso, transcendendo todos os temores, fraquezas e mesquinharias. Sou um ser superior às estrelas. Tenho a convicção de que Deus, que criou e sustenta o Universo, me protege e me dá toda a segurança. Por isso, minha alma é tranqüila. Realmente, sou um com o Criador do céu e da terra. Agradeço,de todo o coração, a Deus-Pai.
terça-feira, 8 de maio de 2018
4 - Eliminando Pensamentos Negativos: Quando e como - MEM LAMED AYIN
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REFLEXÂO:
Pensamentos não se originam na matéria física do cérebro.
O cérebro é simplesmente um rádio que transmite pensamentos para a mente racional.
Então, de onde vem a transmissão propriamente dita?
A Cabala ensina que existem duas fontes distintas: a Força da Luz e a Força da Escuridão.
São como duas estações transmissoras, e estão no ar 24 horas por dia!
Aqui está o verdadeiro problema: a Força da Escuridão do ego tem controle sobre as nossas ondas mentais!
Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, em volume máximo, pensamentos negativos e egocêntricos dominam nossa consciência.
Esta Força da Escuridão é a origem de todos os nossos medos e dúvidas.
Os pensamentos que nos vêm da Luz, por sua vez, são quase imperceptíveis.
É somente quando conseguimos tirar de sintonia o sinal transmitido pela Força da Escuridão que somos capazes de ouvir os sons tímidos de nossas próprias almas.
Pensamentos recorrentes incluem incerteza, preocupação constante, pânico e medo excessivo, chegando ao ponto de ficarmos tomados pela ansiedade.
Pensamentos negativos incluem também as coisas terríveis que pensamos sobre outras pessoas quando elas nos prejudicam, ou os julgamentos duros que fizemos dos outros quando os invejamos.
O comportamento obsessivo-compulsivo também começa com idéias negativas incontroláveis.
Desligar nossos processos mentais negativos liberta a mente e automaticamente põe o comportamento obsessivo sob controle.
Um coração frio é uma abertura para um ataque de pensamentos prejudiciais e improdutivos.
Quando nosso coração se torna sensível e quente, fechamos completamente essas aberturas.
AÇÂO:
Você está desligando a tomada para pensamentos destrutivos que emanam do ego.
No espaço que se abre, uma irradiação bondosa de Luz espiritual inunda seu coração e sua mente.
MEDITE NESTAS LETRAS E VOCALIZE: Olam
AÇÃO: Sempre que um pensamento negativo vier a sua mente,
experimente imediatamente trocá-lo por um outro positivo. Não
avalie nem julgue, apenas troque-o.
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Minutos de Sabedoria 54
Minutos de Sabedoria
54
Cada um recebe de acordo com o que dá. Se você der ódios e indiferenças, há de recebê-los de volta. Mas se der atenção e carinho, há de ver-se cercado de afeto e Amor. Ninguém se aproxima do espinheiro, por causa dos espinhos, nem do lodo, porque suja.Mas todos apreciam permanecer perto das flores, que espalham beleza e perfume. Cada um recebe de acordo com o que dá.
Carlos Torres Pastorino
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
NESTA VIDA, NADA SE RESOLVE FUGINDO DOS PROBLEMAS.
Pare de pensar em fugir das dificuldades. Fugir das dificuldades não é um meio de se livrar do sofrimento; pelo contrário, tal atitude só contribui para prolongar o sofrimento. É preciso ter atitude oposta, isto é, estar disposto a enfrentar os problemas. Qualquer dificuldade pode ser transformada em prazer ou satisfação quando enfrentada com determinação.
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