A Significância das Iniciações
Iniciação II - O Batismo no Jordão
A iniciação que vamos agora estudar é, talvez, uma das mais importantes, porque diz respeito àquele aspecto da personalidade que maior dificuldade traz a todos: o corpo astral ou emocional. Hoje, a massa dos homens é varrida pelas emoções e pela resposta sensitiva às circunstâncias; não é, geralmente, levada a uma reação inteligente à vida como ela é. A reação geralmente violenta serve para aumentar a confusão e as dificuldades resultantes, com isso produzindo vórtices de energias sem controle, miragem e ilusão. Muito embora possa, ao mesmo tempo, produzir um aspecto salvador em muitos casos, a violência dos testes astrais e a potência da tentação astral (como bem podemos chamá-la) levam a uma crescente esfera de sofrimento. É preciso juntar-se a isto a tendência materialista das muitas soluções apresentadas, trazendo a força da maya mundial e assim complicando grandemente o problema.
Angustiante como tudo isto possa ser, e significativo do fim desta era e do fim da vibração e qualidade atlantes que se arrastou de forma tão potente até este ciclo ariano, é, contudo, indicativo de uma definida oportunidade racial. A humanidade - relativamente em grande escala - está diante da segunda iniciação, ou Iniciação do Batismo.
O conceito do batismo está sempre associado com o da purificação. A água tem sido sempre o símbolo daquilo que purifica. É, também, o símbolo do plano astral, com sua instabilidade, suas tempestades, sua tranquilidade, suas esmagadoras reações emocionais e sua flexibilidade, que o tornam um excelente agente para as faculdades enganadoras de criação de pensamentos-forma do homem não regenerado. Ele reage a cada impulso, a cada desejo e cada possível "chamado" magnético partindo do lado material ou substancial da forma. Nos seus ciclos de tranquilidade ele reflete igualmente o que é bom assim como o que é mau; é, portanto, o agente do engano quando manipulado pela Loja Negra, ou da reação pela aspiração quando influenciado pela grande Loja Branca, a Hierarquia espiritual do nosso planeta. É o campo de batalha entre os pares de opostos; o problema torna-se mais complicado pelo fato de que os homens precisam aprender a reconhecer estes opostos antes que a escolha correta - que leva à vitória espiritual - seja sua.
Hoje, o desejo por paz a qualquer preço, por alimento adequado e moradia, pela restauração de estabilidade e segurança e pelo fim da ansiedade controla as reações da massa e faz o plano astral avultar nos assuntos dos homens e nas decisões mundiais. Este plano é tão dominante que a compreensão que a mente poderia revelar e da qual a intelligentsia é a guardiã é perdida de vista e tem pouca influência.
Na terceira iniciação, o controle da mente iluminada pela alma é, finalmente, estabelecido, e a alma assume a posição dominante e não a forma fenomênica. São então transcendidos todos os limites da natureza da forma. A visão desta transcendência é comunicada quando da segunda iniciação, sob o simbolismo de uma purificação positivamente aplicada.
Não estou aqui enfatizando o relato bíblico deste processo de purificação, o qual simbolicamente resumia a natureza aquosa do plano astral e a "lavagem pela água" do iniciado. Ele expressava a forma puramente atlante do processo iniciatório, dando-nos o conceito de uma descida na água e uma saída da água em resposta a uma Palavra de Poder vinda do alto. A abordagem ariana a esta iniciação ainda não foi plenamente compreendida.
A segunda iniciação - como agora é processada - é, até um certo ponto, uma das mais difíceis. Ela envolve purificação, porém é a purificação pelo fogo, simbolicamente compreendido. A oculta "aplicação do fogo à água" produz sérios e devastadores resultados. A água, sob a ação do fogo "resolve-se em vapor e o iniciado é imerso nas neblinas e miasmas, miragens e névoas" assim causadas. O iniciado precisa emergir desta neblina e miragens; também a humanidade emergirá da presente neblina dos assuntos humanos, eventualmente. O sucesso do iniciado individual é a garantia do destino racial.
As complicações produzidas pela água em conjunção com o fogo nesta época ariana são muito maiores do que as produzidas inteiramente pela água nos dias atlantes. Esta era é kama-manásica e não simplesmente kâmica ou astral. Lembrem-se, ao ler estas palavras, que eu estou falando simbolicamente. O fogo da mente hoje tem de ser considerado em conjunto com a água do desejo, e é devido a isso que muitos dos problemas da humanidade se desenvolvem. É por isto que a segunda iniciação tornou-se uma das mais difíceis para o discípulo moderno.
O resultado, porém, do moderno processo iniciatório é de ordem muito superior. Esta afirmativa está relacionada com o fato emergente de que a Hierarquia e seu pessoal em processo de se reunir será de ordem muito superior àquela anteriormente responsável pela direção da humanidade. Uma humanidade mais avançada exige uma Hierarquia também mais avançada para sua supervisão; isto tem sido sempre assim. O processo evolutivo abrange tudo o que existe. Até mesmo Sanat Kumara está aprendendo e avançando de perfeição em perfeição.
O batismo de fogo, a que se faz referência nas Escrituras ocidentais, traz em si inevitavelmente a conotação de dor, e isto a um ponto até então desconhecido. Mesmo um olhar casual lançado aos assuntos mundiais revelará a verdade desta afirmativa.
O quê, portanto, está realmente acontecendo e quais são os principais fatos envolvidos? Muita coisa dependerá da minha resposta e da interpretação que vocês deem a ela. Por essa razão, peço-lhes que deem cuidadosa consideração à minha resposta a essas duas questões.
Sob a influência do ciclo pisciano que está agora em processo de terminação, o sexto Raio do Idealismo ou Devoção esteve predominantemente ativo. Este é o raio da determinação unidirecionada e - sob um determinado ângulo - é o raio do procedimento cego. O indivíduo, o grupo ou a humanidade, vê apenas um aspecto da realidade a qualquer momento dado, e, devido ao presente ponto do homem no processo evolutivo, usualmente esse é o aspecto menos desejável. Tudo mais lhe é vedado; ele visiona apenas um quadro; seu horizonte é limitado a só um ponto da bússola, esotericamente falando. Para a massa da humanidade, o aspecto da realidade que foi visionado e pelo qual os homens viveram e morreram foi o mundo material, o conforto material, as posses materiais e os empreendimentos materiais; o movimento trabalhista hoje e as tendências já aparentes nas Nações Unidas dão a isto um testemunho incontroverso. Para um grupo muito menor de seres humanos o mundo da inteligência aparece supremo, e a mente concreta é o regente desejado ou fator controlador. Tudo, portanto, permanece dentro do controle e interesse materiais.
O plexo solar é, consequentemente, o fator dominante, porque - mesmo no caso da intelligentsia - é o desejo pelo bem-estar material, pelas possessões territoriais e pelas decisões governamentais e econômicas materiais que controlam e motivam o indivíduo, o grupo ou a nação. Estes desejos não estão necessariamente errados, porém, sob o conceito atual emoção-desejo, eles são colocados à frente de tudo e considerados causais em sua natureza; contudo, eles são fundamentalmente de natureza secundária, e sua natureza essencial é de efeito, colocando-se a ênfase sobre a palavra "efeito". A humanidade, mesmo entre sua categoria mais avançada ainda não é capaz de pensar em níveis causais.
Qual é a meta básica do iniciado que fez a segunda iniciação? Pediria a vocês que na sua consciência troquem o conceito de que o processo de iniciação é a consumação de um esforço para o conceito melhor e mais elevado de que é iniciatório no efeito e marca um começo e não uma consumação. O quê, portanto, jaz à frente do iniciado que penetrou na água purificadora, ou melhor, no fogo? Em quê está ele empenhado? O quê está para acontecer dentro da "área de vivência" (quero que vocês se familiarizem com esta expressão) e que resultados terão lugar dentro do mecanismo com o qual ele aborda o lugar da iniciação? Estes são os fatores que têm importância, e estes são os aspectos do processo da vida que deve condicioná-lo. No fim do processo iniciatório certas energias e aspectos divinos devem ser reconhecidos por ele como representando um papel em seu pensamento e propósitos - energias que até então (mesmo que estivessem presentes) estavam quietas e não o controlavam.
Diante dele está a terceira Iniciação da Transfiguração. À sua frente estende-se uma grande transição de um foco de aspiração emocional para um foco pensante e inteligente. Teoricamente, pelo menos, ele livrou-se do controle do corpo e natureza astrais; resta ainda muito a ser feito; velhos desejos, antigas reações astrais e emoções habituais são ainda poderosas, porém, ele desenvolveu uma nova atitude a respeito deles e uma nova perspectiva quanto ao corpo astral. Água, fogo, vapor, miragem, ilusão, interpretação equivocada e continuidade emocional significam ainda algo específico e indesejável para ele. Ele é agora negativo ao seu apelo e positivo em relação à demanda de um foco superior. Aquilo que ele agora ama e pelo que anseia, deseja e para o que faz planos, encontra-se agora numa outra e superior dimensão. Através de sua disposição em passar pela segunda iniciação, ele desferiu o primeiro golpe contra seu inato egoísmo e demonstrou sua determinação em pensar em termos mais largos e mais inclusivos. O grupo começa a significar mais para ele do que ele próprio.
Tecnicamente falando, o que aconteceu? As energias do centro do plexo solar estão sendo transferidas desse grande centro abaixo do diafragma para o centro do coração - um dos três grandes centros para os quais todas as energias inferiores terão de ser transferidas. Na primeira iniciação, foi-lhe concedida uma visão de uma criatividade superior e a energia do centro sacro começou sua lenta ascensão para o centro da garganta. Na segunda iniciação, é-lhe concedida uma visão de um foco superior, e seu lugar no todo maior começa lentamente a revelar-se. Uma nova criatividade e uma nova fiscalização tornam-se suas metas imediatas, e para ele, a vida jamais voltará a ser a mesma. As velhas atitudes físicas e os velhos desejos podem, às vezes, ainda assumir o controle; o egoísmo poderá continuar a desempenhar um potente papel em sua vida de expressão, porém - subjazendo a tudo isso e subordinando-os - encontrar-se-á uma profunda insatisfação a respeito das coisas como elas são e uma dilacerante sensação de fracasso. É neste ponto que o discípulo começa a aprender os usos do fracasso e a conhecer certas distinções fundamentais entre aquilo que é natural e objetivo e aquilo que é supernatural e subjetivo.
Estas ideias tornam o conceito de iniciação mais útil e mais prático para vocês? Qualquer iniciação que não encontre interpretação em reações diárias pouco serviço presta e é basicamente irreal. Foi a irrealidade de sua apresentação que nos levou a rejeitar a Sociedade Teosófica como um agente da Hierarquia nesta época. Anteriormente, e antes de sua ridícula ênfase sobre iniciação e iniciados, e antes de seu reconhecimento de discípulos probacionários como iniciados plenos, a Sociedade realizou um bom trabalho. Ela falhou, porém, em reconhecer a mediocridade e em compreender que ninguém "faz" a iniciação e passa por essas crises sem uma prévia demonstração de uma larga utilidade e uma treinada inteligente capacidade. Este pode não ser o caso no que toca à primeira iniciação, porém, no que diz respeito à segunda iniciação, sempre terá que haver o respaldo de uma vida utilmente dedicada e a expressa determinação de entrar no campo do serviço mundial. Deve, também, haver humildade e uma compreensão proclamada da divindade em todos os homens. Os chamados iniciados da Sociedade Teosófica (com exceção de Annie Besant) não corresponderam a estes requisitos. Eu não chamaria a atenção para sua orgulhosa demonstração, não fora o fato de que as mesmas alegações estão sendo feitas e os mesmos enganos apresentados ao público.
O problema da liberdade das limitações da matéria deve ser agora considerado e tornada prática a sua aplicação.
Há talvez uma última opinião de que é o reino das emoções e a susceptibilidade às reações emocionais que constitui a maior limitação humana - não só do ponto de vista individual como também nacional. Em toda a parte se percebe que o demagogo, por exemplo, que influencia a opinião pública, é aquele que enfaticamente joga com as emoções e egoísmo humanos. À medida que a raça caminha para a expressão mental, esta deformadora influência tomar-se-á cada vez menos importante, e assim que as massas (compostas de milhões dos chamados "homens da rua") começarem definitivamente a pensar, o poder da abordagem demagógica terá desaparecido.
A principal batalha no mundo hoje é a da liberdade do cidadão comum em pensar por si mesmo e chegar às suas próprias conclusões e decisões. É aqui que a principal disputa entre a Grande Loja Branca e a Loja Negra se encontra. É uma batalha na qual a própria humanidade é o fator decisivo, e por esta razão a Loja Negra está trabalhando através do grupo que está controlando o destino da Rússia e através também do movimento sionista. Os líderes da União Soviética estão trabalhando inteligente e potentemente contra a liberdade humana, particularmente contra a liberdade de pensamento. O comunismo em si não possui tal objetivo; as políticas totalitárias dos governantes nacionais é que são tão desastrosas, acrescidas de sua ambição e ódio à verdadeira liberdade. O sionismo hoje representa a agressão e o uso da força, e sua nota chave é de permissão para tomar o que quiserem sem levar em conta os demais povos e seus direitos inalienáveis. Estes pontos de vista estão contra a posição dos líderes espirituais da humanidade, e portanto, os líderes do movimento sionista, e o grupo de homens que dirigem e controlam as políticas da Rússia, estão contrários às políticas da Hierarquia e são contrários ao duradouro bem da humanidade.
A liberdade do espírito humano, a liberdade de pensamento, de governo e de culto como inatos ao instintivo desejo humano podem ditar, sob a influência do processo evolucionário, a liberdade para decidir sobre a necessária forma de governo ou de religião - essas são as prerrogativas da humanidade. Qualquer grupo de homens ou qualquer forma de governo que não reconheça este direito inerente está em oposição ao princípio que governa a Grande Loja Branca. A ameaça à liberdade mundial hoje reside na conhecida política da União Soviética e nas tortuosas e enganadoras maquinações dos sionistas. Nenhuma desses dois grupos possui qualquer verdadeira potência espiritual e estão ambos destinados ao fracasso, muito embora possam ser bem sucedidos sob o ângulo do ganho material; sob o ângulo espiritual eles estão condenados ao fracasso. Os líderes do empreendimento russo contra a liberdade individual estão condenados, porque inerentemente o homem é livre e fundamentalmente divino, e está assegurado (pela visão de longo alcance) que massas de homens na Rússia e nos "estados satélites" de tendências comunistas inevitavelmente reagirão divina e potentemente.
A verdadeira plataforma comunista é boa; é fraternidade em ação e - em sua plataforma original - não é contrária ao espírito do Cristo. A imposição do comunismo intelectual e formal por um grupo de homens ambiciosos e, às vezes, malignos não é boa; ela não está de acordo com a verdadeira plataforma comunista; ao contrário, está baseada em ambições pessoais, amor ao poder e em interpretações de Lenin e Marx que são também pessoais e contrárias ao significado dado por esses dois homens, assim como os teólogos da Igreja interpretam as palavras do Cristo de um modo sem qualquer relação com Sua intenção original. Os dirigentes da Rússia não estão trabalhando pelo bem do povo, assim como o sionismo acadêmico não está desenvolvendo seus projetos por qualquer razão humanitária. Porém, o povo tem em suas mãos o triunfo final, porque o coração do povo em todas as nações é basicamente bom e inclinado para Deus. Isto é esquecido pelos dirigentes do regime comunista.
Os lideres do movimento de agressão sionista constituem um perigo real à paz mundial e ao desenvolvimento humano, e as suas atividades têm sido endossadas pela política de conveniência dos Estados Unidos e, em segundo lugar, pela Grã-Bretanha, sob a influência dos Estados Unidos. É o sionismo que tem desafiado as Nações Unidas, diminuído seu prestígio e tornado negativa e sem importância para o mundo. Foram os sionistas que praticaram o principal ato de agressão desde a formação das Nações Unidas, e que foram espertos o bastante para obter o endosso das Nações Unidas transformando a "recomendação" original das Nações Unidas em uma ordem. O governo de força, de agressão e de conquista territorial pela força das armas está demonstrado hoje pelos sionistas na Palestina, assim como uma demonstração do poder do dinheiro para comprar governos. Estas atividades são contrárias a todos os planos da Hierarquia espiritual e constituem um ponto de triunfo das forças do mal. Estou dando ênfase às atividades desses dois países porque, através dos lideres desses grupos de homens agressivos, as forças do mal - contidas temporariamente pela derrota do grupo maligno que Hitler reuniu ao seu redor - organizaram novamente o seu ataque sobre o desenvolvimento espiritual da humanidade.
O mundo hoje ainda permanece dividido entre povos de intenção maligna e grande poder e suas vítimas, acrescido das reações negativas das nações restantes. Não há uma única nação entre as Nações Unidas que tenha tentado mudar a maré do mal enfileirando-se a outras nações ao lado da liberdade. Há somente grupos de homens não iluminados que procuram controlar o destino de suas nações. Há ainda a reação emocional às situações e a exploração emocional de indivíduos e nações por aqueles que não são absolutamente emocionais, porém estão mentalmente convencidos de que certas linhas de atividade devem ser seguidas, conduzindo ao seu próprio benefício individual, mas que, no fim das contas, não beneficiam os povos envolvidos.
Voltamos, pois, aos problemas do plano astral, do nível emocional de consciência, e à segunda iniciação. É esta a iniciação que libera o homem do controle emocional e lhe permite transferir sua consciência para os níveis mentais e, a partir desse ponto superior de focalização, controlar suas atitudes emocionais bem desenvolvidas.
Anteriormente dei um quadro com as três notas-chave para esta segunda iniciação e sua técnica. Quero chamar a atenção para elas, porque essas notas-chave nos dão a pista para os problemas mundiais e indicam, ao mesmo tempo, a solução e a saída do impasse atual. Essas três palavras são: Dedicação, Miragem. Devoção.
(Mostrar o quadro)
É a dedicação do aspirante que invoca o fogo. Vocês têm aqui uma afirmação da maior importância. O aspirante, nos níveis superiores do plano astral, é arrebatado pelo "fogo da dedicação". Isto imediatamente focaliza sua vontade como se demonstra no plano mental, e esta focalização, no devido tempo, dá inicio ao sério empreendimento da transferência de sua consciência para os níveis mentais. Então, o "fogo" imediatamente trabalha, e a primeira reação (como já indiquei anteriormente) é o "encontro do fogo e da água", e consequentemente, a produção de neblina, névoa miragem e ilusão. Estas quatro palavras devem ser entendidas simbolicamente. As miragens assim induzidas dependem do raio e do ponto de evolução do individuo e da nação. É essencial que vocês aprendam a pensar nos termos mais amplos possíveis. Eu não tratarei destes termos. Os indivíduos estão rapidamente descobrindo a natureza de suas miragens assim que sua "intenção espiritual" é determinada. A miragem nacional é bem reconhecida pelos observadores, embora raramente pelas nações envolvidas. O fator que conduz à dissipação da miragem é a devoção - devoção a um indivíduo, a um Mestre (como ensinado pela Sociedade Teosófica) ou a algum projeto idealista. É, finalmente, uma ilimitada devoção ao Caminho, ao palmilhar da Senda a qualquer custo, e à firme adesão ao serviço que constituem a técnica principal da Senda.
Dedicação, resultando em miragem, que é dissipada pela devoção - estas são as palavras-chave da segunda iniciação. Não se esqueçam que o nacionalismo é o resultado da dedicação a uma particular estrutura nacional e produz as miragens que conduzem à dificuldade mundial.
Estes três aspectos do desenvolvimento evolutivo precisam ser reconhecidos por todos os aspirantes; sua existência determina seu lugar no Caminho, a iniciação para a qual ele está sendo preparado e a natureza de seu serviço para a humanidade.
E qual será o resultado da combinação destes três fatores na vida de cada um? Serão principalmente dois:
1. O centro do plexo solar será, primeiro que tudo, levado a uma condição de quase violenta e forçosa atividade, atividade essa induzida pela dedicação que inevitavelmente provoca miragem.
2. As violentas energias do centro do plexo solar serão eventualmente controladas pela qualidade da devoção. É esta qualidade que transforma o plexo solar em um grande centro de compensação para todas as reações e miragens, tornando-o, temporariamente, razão do sofrimento, do conflito, da dor e da angústia.
Como resultado desses dois itens, uma grande agência transformadora é posta em ação pela qualidade da devoção, e o plexo solar torna-se não só um centro de compensação, mas o principal fator de elevação das ativas energias físicas e emocionais abaixo do diafragma para o centro do coração. Isto é um longo processo que o aspirante é forçado a enfrentar durante o intervalo entre iniciações. Dizem-nos, e é um fato verdadeiro, que o mais longo período entre iniciações é o que se encontra entre a primeira e segunda iniciações. Esta é uma verdade que precisa ser encarada, porém devemos lembrar que de forma alguma é este o período mais árduo. Para o aspirante sensível e emotivo, o mais duro período encontra-se entre a segunda e terceira iniciações.
É um período de intenso sofrimento, da pena de aplicação de fatores de miragem e ilusão, de pronunciado envolvimento em situações que, durante muito tempo, permanecem sem esclarecimento, e de um constante avanço da melhor maneira possível ao sitiado aspirante - sob a influência de correta direção e determinação espiritual. Ele, geralmente, faz isto no escuro, trabalhando sob a ação da compreensão da mente lógica, porém, raramente o faz sob a influência da inspiração. Não obstante, o bom trabalho prossegue. As emoções são postas sob controle, e necessariamente, o fator mente assume cada vez mais uma correta importância. A luz - bruxuleante, e ainda incerta e imprevisível - flui ocasionalmente vinda da alma, via mente, aumentando as complicações frequentemente, porém produzindo eventualmente o necessário controle que resultará em liberdade.
Reflitam sobre estas coisas. Liberdade é a nota-chave do indivíduo que está enfrentando a segunda iniciação e o seu resultado: preparação para a terceira iniciação. Liberdade é a nota-chave para o discípulo mundial hoje, e é liberdade para viver, liberdade para pensar e liberdade para conhecer e planejar, que a humanidade necessita nesta época.
A iniciação que vamos estudar a seguir, a da Transfiguração, é uma das mais importantes dentre elas. Sob um determinado ângulo, está peculiarmente relacionada com a quinta Iniciação da Revelação e com a sétima Iniciação da Ressurreição. Todas três dizem respeito à liberdade: liberdade da personalidade, liberdade da cegueira ou libertação de todos os sete planos de nossa existência planetária - os planos que são, às vezes, chamados planos da evolução humana e super-humana. Vocês terão notado que, ultimamente, tenho enfatizado um aspecto da iniciação até agora pouco notado - o aspecto da liberdade. O Caminho da Iniciação tem sido, às vezes, chamado o Caminho da Libertação, e é para este essencial aspecto do processo iniciatório que estou procurando chamar a atenção. Tenho continuamente indicado que a iniciação não é realmente a curiosa mistura de vaidosa conquista, cerimonial, e hierárquico reconhecimento tal como descrito pelos principais grupos ocultistas. É muito mais um processo de muito árduo trabalho, durante o qual o iniciado torna-se aquilo que ele é. Isto pode trazer o reconhecimento hierárquico, mas não da forma como é descrita. O iniciado encontra-se na companhia daqueles que o precederam, e não é rejeitado, mas sim, visto e notado e então posto a trabalhar.
Iniciação é também uma série graduada de liberações, resultando na conquista de crescente liberdade daquilo que jaz por trás de sua experiência; isto traz consigo a permissão dada pela alma para prosseguir no Caminho. Estas libertações são o resultado do Desprendimento, da Despaixão e da Discriminação. Ao mesmo tempo, a Disciplina reforça e torna possível o árduo trabalho necessário para mudar de grau. Todas estas quatro técnicas (pois é isto que elas são) são precedidas por uma série de desilusões que, quando compreendidas, não deixam ao aspirante outra escolha senão caminhar para uma luz maior.
Gostaria que vocês estudassem a iniciação sob o ângulo da libertação, olhando-a como um processo de liberdades arduamente conquistadas. Este aspecto básico da iniciação - quando percebido pelo iniciado - liga sua experiência a uma firme relação com a da humanidade toda, cuja luta fundamental é a conquista daquela liberdade "pela qual a alma e seus poderes podem desenvolver-se e todos os homens podem ser livres devido a uma liberdade individualmente conquistada."
Se vocês estudarem as nove iniciações, olhando-as sob este ângulo, verão como cada uma delas marca definidamente um ponto de consecução, e assim, todo o assunto da iniciação reveste-se de uma nova beleza e mais digno da dor e luta pela conquista. Quero dar-lhes não mais do que apenas uma indicação do que quero dizer.
Iniciação I | Nascimento. Libertação do controle do corpo físico e seus apetites. |
Iniciação II | Batismo. Libertação do controle da natureza emocional e da egoística sensibilidade do eu inferior. |
Iniciação III | Transfiguração. Libertação da antiga autoridade da personalidade tripla, marcando um momento de clímax na história de todos os iniciados. |
Iniciação IV | Renúncia. Libertação de todo autointeresse, e a renúncia da vida pessoal no interesse de um todo maior. Até mesmo a consciência da alma deixa de ser importante e uma percepção mais universal e mais próxima da Mente divina toma o seu lugar. |
Iniciação V | Revelação. Libertação da cegueira - uma liberação que capacita o iniciado ver uma nova visão. Esta visão diz respeito à Realidade que jaz além de qualquer outra até então sentida ou conhecida. |
Iniciação VI | Decisão. Liberdade de escolha. Já tratei dessas escolhas numa parte. |
Iniciação VII | Ressurreição. Libertação do domínio da vida fenomênica dos sete planos de nossa Vida planetária. É, na realidade, um "erguer-se acima" do plano físico cósmico. |
Iniciação VIII | Transição. Libertação da reação de consciência (como vocês entendem esta palavra) e uma liberação para um estado de percepção, uma forma de reconhecimento consciente que não tem relação com a consciência, como vocês entendem esse termo. Pode ser considerada como completa liberdade da sensitividade, contudo com um pleno florescer daquela qualidade a que vocês dão o inadequado nome de "compaixão". Mais não posso dizer. |
Iniciação IX | Recusa. Libertação de todas as possíveis formas de tentação, particularmente com referência aos planos superiores. É preciso ser constantemente lembrado (e por isso minha constante reiteração) que nossos sete planos são os sete subplanos do plano físico cósmico. |
Esta meta de liberdade é, na realidade, o principal incentivo para palmilhar o Caminho do Retorno. Uma das coisas mais espiritualmente excitantes no mundo de hoje é o uso, em todos os países, da palavra LIBERDADE. Foi o grande discípulo F. D. Roosevelt que "ancorou" a palavra em um novo e mais universal sentido. Ela tem agora um significado mais pleno e mais profundo para a humanidade.