44 – Francisco Cândido Xavier
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NUVENS
“E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu
amado Filho, a ele ouvi.”
(LUCAS, 9: 35)
O homem, quase sempre, tem a mente absorvida na contemplação das
nuvens que lhe surgem no horizonte.
São nuvens de contrariedades, de projetos frustrados, de esperanças
desfeitas.
Por vezes, desesperase envenenando as fontes da própria vida. Desejaria,
invariavelmente, um céu azul a distância, um Sol brilhante no dia e luminosas
estrelas que lhe embelezassem a noite. No entanto, aparece a nuvem e a
perplexidade o toma, de súbito.
Contanos o Evangelho a formosa história de uma nuvem.
Encontravamse os discípulos deslumbrados com a visão de Jesus
transfigurado, tendo junto de si Moisés e Elias, aureolados de intensa luz.
Eis, porém, que uma grande sombra comparece. Não mais distinguem o
maravilhoso quadro. Todavia, do manto de névoa espessa, clama a voz poderosa da
revelação divina: “Este é o meu amado Filho, a ele ouvi!”
Manifestavase a palavra do Céu, na sombra temporária.
A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias inquietantes e aflições
amargosas. É conveniente, contudo, que as criaturas guardem serenidade e
confiança, nos momentos difíceis.
As penas e os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentos
profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e amorosa de Deus fala
sempre através deles.
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