quinta-feira, 13 de setembro de 2018

1 - ANTE O GRANDE RENOVADOR

1 - ANTE O GRANDE RENOVADOR
Senhor, lembrando a Tua crucificação entre malfeitores, sacrificado em Teu ministério de
amor universal, ouvimos apelos de vários setores religiosos do mundo presente,
invocando-Te o nome para incentivar os movimentos tumultuários da renovação política
que convulsiona o Planeta...
Asseguram-Te a posição de maior revolucionário de todos os tempos. Afirmam que
abalaste os fundamentos sociais da ordem humana, que alteraste o curso da civilização,
que transformaste os povos da Terra,
Quem Te negará, Senhor, a condição de Embaixador Celeste? quem desconhecerá Teu
apostolado de redenção?
Entretanto, divulgando a mensagem da Boa-Nova, jamais insultaste o governo
estabelecido...
Amigo de todos os sofredores,e necessitados, nunca congregaste os infelizes em sinistras
aventuras de ódio ou indisciplina. Aproximavas-Te dos desamparados, curando-lhes as
enfermidades, ensinando-lhes o caminho do bem, estendendo-lhes mãos benfeitoras e
diligentes. Dirigindo-Te à massa anônima e desditosa, em nome do Eterno Pai, não
preconizaste movimentos armados de desrespeito às autoridades legalmente
constituídas. Ao invés do incitamento à revolta, recomendavas que a Lei de Moisés fosse
respeitada, que os sacerdotes dignos fossem honrados, asseverando que o Reino de
Deus não surgiria com aparências exteriores e, sim, com a elevação espiritual do homem
de qualquer raça ou nacionalidade, sinceramente interessado em aproveitar os dons
divinos.
Expondo princípios superiores ao coração popular, não disputaste lugar saliente, junto ao
romano dominador, a pretexto de patrocinar a liberdade e, sim, aconselhaste acatamento
a César com a obrigação de resgatar-se o tributo que se lhe devia.
Erguendo novas colunas no templo da fé viva, conclamando mãos limpas e corações
puros ao serviço do Céu, não desprezaste a legião dos pecadores e criminosos, que se
abeiravam de Ti, sedentos de transformação para a tarefa bendita... Não falaste a eles de
uma tribuna dourada, acentuando fronteiras de separação. Comungaste com todos no
caminho da vida, a pleno chão, abraçando leprosos e delinqüentes, avarentos e rixosos,
bonecas e mulheres desventurados. Não impunhas, no entanto, qualquer compromisso
que envolvesse a administrarão dos interesses públicos, nem traçavas, com astutas
palavras, qualquer insinuarão ao desespero. Pedias tão somente renovassem o coração
para que a Luz do Reino lhes penetrasse as profundidades do ser.
Sustentando o sublime ideal de obediência a Deus, nunca ordenaste morte ou punição
aos companheiros menos corajosos. Suportaste as fragilidades dos discípulos mais
queridos, confiando no futuro, certo de que se podiam faltar a Ti, nos instantes mais
duros, não falhariam para com o Pai, nas grandes horas, desde que não te desanimasses
 5
na semeadura da fraternidade e proteção, pelo esforço da palavra e do exemplo no
círculo educativo.
Se confiavas num mundo vasto, onde reinaria a solidariedade nas relações humanas,
jamais tentaste apressar diretrizes absolutas pelo império da força. Começaste sempre a
propaganda dos propósitos divinos em Ti mesmo, revelando o próprio coração, cultivando
o trabalho e a esperança, com suprema fidelidade ao Poder Mais Alto que marcou
estação adequada à semente e à germinação, à flor e ao fruto. Em momento algum
mobilizaste a violência, alegando necessidades do serviço superior e, em todo o Teu
apostolado, jamais desdenhaste o menor ensejo de amparar o próximo, edificando-o.
Para isso, abraçaste os velhos e os doentes, os deserdados e os tristes, os aleijados e as
criancinhas...
Nunca disseste, Senhor, que os discípulos deveriam dominar em Roma para serem úteis
na Judéia, nem prometeste primeiros lugares, nas Estradas da Glória, aos companheiros
diletos, ainda mesmo em se tratando de João e Tiago que Te foram carinhosos amigos.
Mas garantiste a vitória sublime a todos os homens que se fizessem devotados servos
dos semelhantes por amor ao Pai Celestial.
Invariavelmente, solicitaste socorro e proteção, desculpas e auxílios para os que Te
perseguiam, gratuitamente, irônicos e ingratos...
Tua ordem era de amor e paz para que todo espírito se converta ao Infinito Bem...
Hoje, contudo, improvisam-se guerras sanguinolentas e sobram discórdias em Teu nome.
Há companheiros que disputam situações de relevo, a fim de servirem à Tua causa, como
se o sacrifício pessoal não constituísse a Tua senha na obra redentora. Outros Te
recordam os ensinos para justificar a inconformação e a desordem.
Sim, foste, em verdade, o Grande Renovador, Transformaste os séculos e as nações,
trabalhando e perdoando, ajudando e servindo, esperando e amando sempre!...
Um dia, na praça pública, quando ficaste a sós com humilde e infortunada irmã, que se
vira fustigada pelo populacho ignorante, perguntaste -lhe, emocionadamente:
– Mulher, onde estão os perseguidores que te acusam?
Hoje, Mestre, lamentando embora o tempo que também perdi na Terra, iludido e
envenenado quanto os outros homens, lembrando-Te ainda na cruz afrontosa, sozinho
em Tua exemplificação de amar e renúncia, abnegação e martírio, ouso interrogar-Te,
com as lágrimas de meu profundo arrependimento :
– Senhor, onde estão os renovadores que Te acompanham?

Nenhum comentário:

Postar um comentário