segunda-feira, 30 de abril de 2018

7 - DNA da Alma: Recolocando as coisas no seu estado perfeito - ALEF KAF ALEF


7 - DNA da Alma: Recolocando as coisas no seu estado perfeito - ALEF KAF ALEF
Quando a vida parece fragmentada e incoerente, podemos criar a ordem a partir do caos, tranqüilidade a partir da confusão e calma partir do alvoroço, trazendo tudo de volta ao seu estado original perfeito: de volta para o DNA de nossas vidas.

Nos simplesmente não sabíamos disso... até agora.
REFLEXÂO:Antes do início dos tempos, a Luz infinita do Criador se escondeu para criar um ponto de escuridão, um espaço no qual nosso universo pudesse ser gerado.
O objetivo disto era criar uma arena onde não houvesse Luz e ordem, onde pudéssemos, através de nossos próprios esforços de compartilhar e escolher o bem em vez do mal, criar nossa própria Luz espiritual.
Para esconder a Luz infinita, foram erguidas dez "cortinas", cada uma reduzindo um pouco mais a Luz do Criador, até ser criado um lugar praticamente destituído de Luz.
Este é o nosso mundo de caos, de confusão e da segunda lei da termodinâmica, que afirma, entre outras coisas, que tudo deve enfim passar por um processo de deterioração e degeneração - todas as coisas devem se tornar cada vez mais desordenadas.
Isto é conhecido como entropia.
(Se por acaso você já tiver pensado algo assim, é por causa disso que precisa de um litro de água para cozinhar macarrão e de uns dois litros pra lavar a panela.)
As 22 letras do alfabeto hebraico são os instrumentos da Criação.
Elas são o DNA do nosso universo e da nossa alma.
Este Nome nos conecta com o poder total dessas 72 forças da Criação, o que é muito bom, porque traz renovação, ordem e força criativa para as áreas onde precisamos desesperadamente disto.
AÇÂO:  Você recebe o impacto total das forças da Criação.
Você devolve sentido a vidas que muitas vezes, parecem sem sentido, e propósito para um mundo que, muitas vezes, parece sem propósito.
A ordem retorna.
A estrutura emerge.
Tudo se arruma.

MEDITE NESTAS LETRAS E VOCALIZE: Acá 
AÇÃO: Experimente servir uma outra pessoa. Pode ser levar um café na cama para um parente, varrer o chão do local onde você trabalha. Enfim, seja solidário através de uma ação concreta.

Minutos de Sabedoria 136

Minutos de Sabedoria
136
Derrame raios de sol de alegria em torno de si. Desta maneira, formará um círculo de pessoas que sentirão prazer em estar a seu lado. Quando algum amigo seu estiver triste, sabe que encontrará alegria em você. Derrame sua luz sobre todos os que o rodeiam, porque a alegria é obra Divina. Seja um raio de luz a iluminar as criaturas que se acercam de você.

Carlos Torres Pastorino

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
MENTALIZANDO-SE A GRANDIOSIDADE, ELA MANIFESTA-SE CONCRETAMENTE.
 
Nossa verdadeira natureza é o “ser humano perfeito”. E surgimos na face da Terra para manifestar concretamente essa natureza verdadeira. É fato que “mentalizando-se a grandiosidade, ela se manifesta concretamente”. Não se subestime jamais. Mentalize que você é um ser grandioso. As pessoas tornam-se aquilo que acreditam ser. Esta é uma Verdade imutável.




95- Louise Hay

95- “Liberto-me de toda resistência ao dinheiro e permito que ele flua alegremente para a minha vida.”

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 3
Todos os homens tiveram que remover suas armas e abandonar seus animais. Visto de
longe, parecíamos um grupamento de escravos marchando como num cortejo fúnebre. Uma
procissão dentro de um silêncio perturbador pelas planícies decadentes de Zyrk. Todos
pareciam saber que se tratava de uma marcha da morte para a morte. Uma parte dos
soldados de branco ia abrindo caminho. O meu animal fora amarrado ao de Napoleon e
cavalgávamos lado a lado. Ficando sempre atrás do cavalo de Shakur, o mago girava sua
cabeça com frequência de mim para Shakur, estudando-nos com enervante interesse.
Dois outros grupos de soldados de branco vinham atrás de nós. Um deles ficava em uma
estratégica posição intermediária, dando cobertura a Napoleon enquanto vigiavam Kevin e
Richard, ambos amarrados em seus animais. O corpo exangue e sem vida de Richard vinha
tombado sobre um cavalo malhado, que, incomodado, remexia-se com frequência, fazendo o
pescoço de Richard ganhar ângulos cada vez mais retorcidos. Sentia meu corpo enrijecer por
inteiro nas vezes em que, ainda inconsciente, eu o escutava soltar gemidos de dor. Não
poderia cometer novamente a idiotice de demonstrar meu interesse por Rick. Eu o tornara
vulnerável e foi por me amar demais que ele estava ali, naquele estado. Por ter optado me
poupar e decidido entregar suas armas ao crápula do Kevin. Agora era a minha vez de
retribuir. Mas como o livrar daquela gente e ajudá-lo? Minha mente rodava dentro de um
furacão de possibilidades e ideias. Mas uma certeza me fazia permanecer mais forte do que
nunca: eu não podia perdê-lo. Eu não ia perdê-lo! Algo em mim dizia que Rick ia aguentar. Ou
seria apenas desespero e negação?
Precisava ter muito cuidado com minhas reações, principalmente sabendo que Kevin
estava ali. Nas poucas vezes em que girei a cabeça sobre os ombros fingindo me ajeitar sobre
o cavalo e alongar o pescoço quando, na verdade, desejava checar o estado de Rick, dava de
cara com os olhos de serpente de Kevin me observando com intensidade. O maldito fazia
questão de me provocar olhando de Richard para mim e abrindo um discreto sorriso de triunfo.
No entanto, eu podia captar que as coisas também não estavam boas para o seu lado.
Algumas vezes eu o observei de rabo de olho e detectei tensão em seu rosto louro ofídico.
Atrás de nós marchava uma comprida fila de homens amarrados em sequência em uma
grande corda. Depois de horas caminhando por lugares áridos e escarpados, eles começaram
a reclamar de fome, sede e cansaço, mas o segundo grupo de soldados que vinha em seu
encalço não lhes dava atenção e, impiedosamente, forçava-nos a imprimir um ritmo ainda mais
forte. Dentro do torturante silêncio da expectativa, a viagem permanecia tensa. Napoleon não
permitiu nenhuma parada e nossa escassa alimentação foi baseada em tâmaras e ameixas
distribuídas por dois soldados de branco. A água era racionada e fornecida apenas para o
seleto grupo de pessoas montadas. Não reconheci o caminho que Napoleon e seus homens
tomaram, e supus que devíamos estar cavalgando nas áreas neutras da terceira dimensão.
Não passamos nas proximidades da Floresta Fria, do Pântano Negro ou de nenhum dos reinos
que conheci. A atmosfera cinza de Zyrk ficava cada vez mais pesada, tingida de chumbo, e os
únicos sinais de vida presente, como pequenas aves, riachos e vegetações rasteiras, foram
ficando para trás e dando lugar a uma trilha desértica e fria. Eu não precisava olhar para o céu
para saber a hora do dia. Bastava verificar o semblante de preocupação nas faces dos
homens de Shakur e Kevin. O grande terror de todos os zirquinianos apareceria em breve: as
bestas da noite de Zyrk! Jamais me esqueceria das faces de pavor de Max e seus homens em
nossa corrida desesperada para Storm.
Fisgadas de inquietude e ansiedade começaram a me incomodar. O céu ganhava
pinceladas de um azul enegrecido e mortal. Vasculhei ao redor e não encontrei lugar algum
onde pudéssemos passar a noite. O exército branco continuava em sua marcha firme e
constante, alheio ao pânico em ascensão. Reclamações dos homens presos atrás de nós
romperam a mordaça do silêncio. Bramidos por clemência e xingamentos eram seguidos de
berros de desespero, agonia e dor. Dor?
Virei a cabeça para trás e detectei o pequeno tumulto. A agitação entre os presos estava
sendo contida com severidade pelos soldados de branco. Encarei Kevin, que desviou o olhar
de mim, mas poderia jurar que suas pupilas estavam completamente verticais agora, evidência
do perigo iminente. Napoleon e seus homens permaneciam indiferentes ao pavor que se
alastrava pelo grupo. Apesar de estar de costas para mim, também não detectei qualquer sinal
de preocupação de Shakur. O líder de preto não levantou a cabeça para analisar o céu ou fez
qualquer movimento de cabeça ou corpo durante toda a viagem. O estranho homem parecia
estar em um tipo de transe ou algo parecido, pois sua postura ereta confirmava que ele não
estava dormindo. Tornei a olhar para o céu que agora já era completamente cinza escuro.
Tremi.
Mas que droga! Eles não iam se esconder? Eles não pretendiam fugir? Que loucura era
aquela?
— Armar acampamento — ordenou Napoleon repentinamente para seus comandados.
Ali? A céu aberto?!
Sem conseguir abrandar minha respiração, só deu tempo de piscar algumas vezes e
então, sem mais nem menos, a noite caiu. Um negrume tão absoluto que eu não era capaz de
enxergar um palmo à minha frente. Esmagando as cordas que me aprisionavam, minhas mãos
desataram a suar e meu coração começou a bater forte no peito. Aquela taquicardia não era
bem-vinda. Podia pressentir algo ruim se aproximando. Droga! Droga! Droga! O que aqueles
magos sádicos estavam planejando agora? Uma carnificina? Os cavalos começaram a
relinchar, nervosos. O meu animal desatou a balançar a cabeça de um lado para o outro e
arrastava as patas no chão.
— Ôoooo! — pedi, tentando camuflar a tensão em minha voz. Parecia ridículo tentar
acalmá-lo quando meu pulso já havia atingido uma velocidade assustadora.
O murmurinho de vozes começou a se avolumar e, em questão de segundos, o chão
começou a tremer. Ah, não! Eu já havia passado por aquilo antes para saber que não se
tratava de um terremoto... Não precisava fechar os olhos para tentar segurar a onda de pavor
que me tomava. Já estava cega dentro daquela macabra escuridão. Desesperada em me
soltar, desatei a morder as cordas e cheguei a ferir meus pulsos com os dentes.
— Nós vamos morrer! — ouvi o berro que estava guardado em minha garganta vir lá de
trás, provavelmente de um dos homens presos.
— Calado! — Foi a primeira advertência bramida no breu absoluto. Ela conseguia a
façanha de ser, ao mesmo tempo, serena e ameaçadora.
A segunda advertência viria em seguida e seria ainda mais esmagadora: o ganido de um
animal.
Ah, não! Ia acontecer!
— Vocês são loucos! As feras vão nos dilacerar nesse descampado! — insistiu a voz
apavorada.
— Cale-se! — Foi a mesma resposta.
— Merda! Seremos todos mort... Argh!!! — O berro de dor aconteceu ao mesmo tempo
em que um clarão ofuscante explodiu no lugar, como se centenas de lâmpadas fluorescentes
tivessem sido acesas ao mesmo tempo. Mal tive tempo de contrair os olhos devido à súbita
claridade porque o horror da cena seguinte conseguiu fazer meus olhos pularem das órbitas.
Foi tudo tão rápido que tive apenas um centésimo de segundo para ver o homem que
reclamava ser contorcido e arremessado no ar e, em seguida, uma chuva de sangue jorrar
sobre nossas cabeças juntamente com partes dilaceradas do seu corpo. Elas só não nos
atingiram porque, subitamente, estávamos sob a proteção de um campo energético invisível,
uma gigantesca bolha de sabão mágica. Reencontrei minha respiração.
— O aviso foi dado! Não ousem nos desafiar — bradou Napoleon para o grupo
assustado.
— Não era para não deixarem ninguém para trás? — A pergunta sarcástica de Shakur
fez Napoleon cerrar os punhos. À nossa frente, o líder de negro parecia um boneco de cera e
permanecia sem mover um músculo sequer.
— Sertolin autorizou agirmos com firmeza em caso de insubordinação — retrucou o
mago.
Uma risadinha baixa foi a resposta de Shakur. Desafiar Napoleon diante do que acabara
de acontecer? Tinha de admitir: ele era realmente um homem petulante.
— Diminuam a força! Quero chegar com sobra de energia a Sânsalun! — ordenou
Napoleon para seu grupo e as mágicas luzes fluorescentes diminuíram sua intensidade.
Claro! Era por isso que o exército de branco estava tão calmo! Eles sabiam o tempo
todo que estávamos protegidos. Eles apenas ainda não haviam “acendido” suas luzes porque a
claridade do sol os fazia poupar energia.
— Não adianta, híbrida. — O mago me pegou forçando a visão, querendo ver além
daquela bolha de magia onde estávamos aprisionados. Olhei de soslaio para ele e me deparei
com outro sorriso irônico em sua face repleta de pregas. — Não conseguirá enxergar o que
está do lado de fora do grande domo a não ser que permitamos. E o que está do lado de fora
também não é capaz de nos ver.
— A não ser que você resolva expulsar alguém — enfrentei-o com sarcasmo. Ele fechou
a cara.
— Forneçam água aos animais e os deixem descansar. Serão celas individuais para a
híbrida, Shakur, Richard e Kevin! Os demais prisioneiros ficarão em uma grade única!
Os homens de branco removeram nossos animais e retiraram as cordas que nos
amarravam.
— Argh! — urrei quando tentei dar um passo à frente e senti mais do que uma pancada
no nariz. Acabara de receber um choque elétrico! Meus músculos contraíram e, em defesa,
puxaram meu corpo para trás. Agora entendia porque ninguém havia se movimentado. Era
essa a explicação da mansidão generalizada: havia uma barreira invisível e eletrificada
envolvendo cada um de nós. Kevin soltou uma risada alta com o meu gemido, Richard
continuava desacordado e retorcido sobre o próprio corpo, Shakur permanecia indiferente a
tudo que acontecia ao seu redor, imóvel e em pé. Os demais homens foram levados dali.
Provavelmente conduzidos para a tal grade única que Napoleon mencionara, mas não consegui
enxergar mais nada porque um grande campo magnético azul-claro em forma de nuvem surgiu
bem no meio do caminho. Era o local onde os magos foram descansar após uma espécie de
oração, um cântico monótono e repetitivo. Apenas dois deles ficaram de vigília do lado de fora
da nuvem. A claridade foi cedendo e dando espaço a uma discreta penumbra.
Sentei-me no chão e me obriguei a respirar. Precisava de oxigênio para conseguir
raciocinar. Pense, Nina! Pense! Quatro. Apenas esse número pipocava em minha cabeça,
como um pisca-pisca defeituoso e chamativo. O vi de todas as maneiras, tamanhos e cores.
Quatro luas até chegarmos a esse tal de Sânsalun. Ou melhor, apenas essa noite e mais três
dias, pela contagem do Napoleon. Precisava me concentrar. Necessitava urgentemente de um
plano para sair dali, mas era inundada a cada instante com pensamentos que faziam meu
coração comprimir dentro do peito. Mesmo que conseguisse uma forma de fugir daquela
gente, como eu ia viver sabendo que deixei Richard para trás depois de tudo o que ele havia
feito por mim? Mas também tinha certeza de que, mesmo se ele estivesse em boas
condições, jamais me ajudaria no plano que estava determinada a seguir e que não abriria mão
em hipótese alguma: buscar minha mãe. Dane-se Zyrk! Dane-se segunda dimensão! Dane-se
tudo! Quando todos desistiram de mim, quando eu mesma pouca importância dei à minha
existência, foi ela quem nunca duvidou. A única pessoa que morreu dia após dia durante
dezessete anos para me manter viva precisava de mim e eu nunca mais a decepcionaria. Eu ia
salvá-la, assim como ela fez comigo. Pouco importava a minha vida agora ou a de Richard. Era
nela que eu tinha de focar. Apenas nela.
Estava sentada e com a cabeça espremida entre as mãos quando ouvi um estrondo alto,
como se uma ventania raivosa tentasse abrir passagem por uma trinca na cápsula que nos
envolvia. Uma discreta claridade se insinuou. Era exatamente isso o que estava acontecendo:
uma rachadura surgira naquele domo de bruxaria e a silhueta de uma pessoa surgira no meu
campo de visão. Os homens de vigília deram o alerta e a nuvem de energia azul-clara se
dissipou num piscar de olhos. Napoleon desatou a correr em direção à pessoa que se
aproximava. Atrás dele, seus homens mais próximos permaneciam de mãos dadas, como se
unindo forças para um ataque iminente. As luzes tornaram a acender.
— Bom serviço, Napoleon — adiantou-se um senhor bem idoso e baixinho, de barba
branca e óculos fundo de garrafa que surgia pela trinca. Logo atrás dele ainda consegui
identificar o ganido interrompido de uma besta assim que a bolha de magia voltou ao seu
estado anterior e a rachadura desapareceu.
— Milorde?! O que aconteceu? O senhor está bem? — indagou Napoleon visivelmente
atordoado. Ao longe detectei a tal grade onde colocaram os homens de Kevin e Shakur:
provavelmente uma cela elétrica idêntica à que eu me encontrava só que com proporções bem
maiores.
— Perfeitamente bem — respondeu o pequeno senhor.
— Então... O que o traz aqui?! — Havia evidente preocupação e respeito no tom de voz
afetado de Napoleon. Sua postura submissa confirmava minha suspeita: aquele pequenino
senhor era o chefe do Grande Conselho. — Tenho tudo sob controle e estávamos a caminho
de casa.
— Achei que minha presença aqui seria mais útil do que ficar em Sânsalun aguardando.
— Por que não nos comunicou que viria ao nosso encontro? — Napoleon tentava
camuflar seu evidente desconforto com a atitude do líder. — Nós o teríamos aguardado,
milorde.
— Eu sei, meu caro. Foram tantas as decisões repentinas que acabei me esquecendo.
Tinha ciência de que, como sempre, a sua parte seria feita com perfeição — bajulou-o e vi o
peito magro de Napoleon estufar de satisfação. — Onde está Braham?
— Deve estar a caminho, Sertolin.
Sertolin fechou os olhos por um instante e, sem transparecer qualquer tipo de emoção,
comunicou:
— Os primeiros convocados acabam de chegar.
— Como assim? Ainda é noite, meu senhor, e...
— Ordenei que viessem, caro Napoleon. O tempo urge e decidi deixar tudo resolvido
antes mesmo de chegarmos a Sânsalun.
— Mas, Sertolin, nós...
A bolha de magia começou a estalar. Era possível detectar alguns clarões, pequenos
curtos-circuitos aumentando de tamanho em suas margens.
— Não façam resistência! Deixem-os passar pelo campo! — ordenou o líder do Grande
Conselho para os homens de branco que obedeceram imediatamente. — Seja bem-vindo, caro
Leônidas! — adiantou-se Sertolin para o senhor gordo e com visível dificuldade de respirar que
entrava amparado por uma figura sinistra. Encapuzado da cabeça aos pés por um tecido
branco brilhoso, apenas parte do rosto do acompanhante estava descoberto, evidenciando
uma face morbidamente pálida e olhos brancos como leite. Se não fosse por um discreto
trepidar, suas pupilas finas como um fio de cabelo teriam passado despercebidas.
— Só os líderes! A minha ordem não foi clara? — ralhou Napoleon para o soldado de
olhos arregalados que acompanhava os dois. — Por que trouxe Von der Hess também?
Claro! Aquele era Von der Hess!
— Se eu não viesse junto, meu líder não suportaria ficar sob a presença da magia do
Grande Conselho, caro Napoleon. Você sabe que ela é forte consumidora de energia e a
saúde de Leônidas inspira cuidados. — A voz de Von der Hess era surpreendentemente suave,
quase feminina.
Napoleon estreitou os olhos, furioso. Von der Hess não perdeu tempo e, com um sorriso
presunçoso, acrescentou:
— Acredito estar lhes fazendo um favor. Não sei se um motim em Marmon neste tenso
momento de Zyrk seria interessante para vocês administrarem, algo com que perdessem
tempo e energia...
— Uma jogada de mestre, Hess. Vejo que finalmente conseguiu uma forma de participar
de uma reunião do Conselho — disse o velho Sertolin para o mago.
O sorriso de Von der Hess se modificou para um triunfante.
— A paciência é uma qualidade que venho desenvolvendo com os anos, Mon Senhor.
— Isso é bom... — retrucou com a voz modificada o líder do Grande Conselho enquanto
roçava a barba branca.
Novo crepitar na bolha e Kaller surgia acompanhado de outro soldado de branco.
— Seja bem-vindo, Kaller — saudou Sertolin para o líder de Storm.
— Curioso ter chegado antes de Wangor visto que Storm é bem mais distante que
Windston — comentou um mago atrás de Napoleon.
— Wangor é um velho e eu não estava em Storm — rebateu Kaller.
— Claro que você não estava em Storm... — Sertolin repetiu as palavras de Kaller,
parecendo estudar cada um dos presentes, como um experiente jogador que avaliava todas as
cartas na mão, todas as possibilidades antes da próxima rodada.
— Deseja começar a reunião agora, milorde? — indagou outro homem de branco. —
Pode ser que Wangor demore a chegar.
— Pode ser — respondeu o idoso senhor, tornando a observar com deliberada calma
cada um dos presentes e, ao se virar para mim, declarar em alto e bom som: — Quem diria
que, além de tudo, a híbrida seria uma procriadora tão bonita! Deve estar complicando as
coisas para os nossos resgatadores, não?
Sertolin começou a caminhar em minha direção, mas, de repente, ele paralisou no lugar
com os olhos arregalados e a expressão modificada quando, pela primeira vez desde a sua
chegada, ele prestava atenção à figura de Shakur.
— Você...?! — a voz do pequenino senhor saiu sem força. Ele parecia refrear a todo
custo alguma emoção que o tomava.
— Mon Senhor — Com a postura altiva, Shakur fez um discreto movimento com a
cabeça. Fiquei chocada com a forma educada com a qual Shakur o tratou. Sua voz estava,
surpreendentemente, impregnada de respeito.
Caramba! Aquele Sertolin devia ser muito poderoso mesmo porque até o temido Shakur
o respeitava.
Sertolin observou Shakur por um longo tempo em silêncio, suspirou profundamente e,
pensativo, dirigiu-se para uma posição mais central ao escutar outro ruído alto. Uma nova
tempestade elétrica e uma rajada de vento varreram o ambiente por uma fração de segundo.
No instante seguinte um soldado de branco surgiu segurando o braço de Wangor.
— Trouxe quem faltava! — bradou o sujeito de vasta cabeleira preta com alguns fios
brancos presos em uma tiara de ouro.
— Braham! — soltaram em uníssono os magos presentes que até então permaneciam
calados.
O homem sorriu de volta e soltou o braço do meu avô.
— Vovô! — gritei.
— Nina?! Você está bem? — perguntou ele com preocupação, mas não tentou vir em
minha direção.
Eu assenti com a cabeça e ele abriu um sorriso triste.
— Parabéns mais uma vez, Braham. Conseguir convencer Wangor não é para qualquer
um. Suas habilidades vêm me surpreendendo positivamente.
— Obrigado, magnânimo — respondeu o tal do Braham. Na casa dos trinta anos de
idade, ele era o mais jovem entre os magos.
De repente a fisionomia tranquila de Sertolin foi substituída por uma tensa. Ele franziu a
testa e começou a andar em círculos. Parecia agoniado com alguma coisa.
— Tudo bem, senhor? — indagou Napoleon.
— Tudo. Vamos aos assuntos que interessam. Diga os tópicos, Ferfil. — Sertolin
parecia ter pressa agora.
Um senhor de branco com cara de espantalho e nariz pontiagudo roçou a garganta:
— Primeiro tópico: o Grande Conselho determinou que a híbrida permanecerá sob seus
cuidados até que seja estabelecida a sua nova data de partida.
— Não! — rugiu meu avô. — Por favor, Sertolin, ela é minha neta. — Ele implorava
agora. — Eu lhe rogo, deixe-a ficar comigo. Ao menos até o dia da sua partida.
— Sinto muito — respondeu o senhor de barba branca, desviando o olhar. — Eu lhe
concederia este pedido se as pedras-bloqueio estivessem em nosso poder. — E, encarando
cada um dos líderes com olhos de águia, acrescentou: — Mas, como pressinto que alguma
informação importante está sendo ocultada, não posso arriscar.
— Mas, Sertolin, eu lhe prometo...
— Shhh — alertou Sertolin, fechando os olhos e balançando a cabeça em negativa. Meu
avô se encolheu, assim como meu coração. Quanto tempo ficaria em poder deles? —
Continue, Ferfil.
— Segundo tópico: o Grande Conselho condena ao Vértice, em caráter irrevogável e sob
a pena de execução simples, John de Storm, seu principal resgatador.
— Vocês não podem fazer isso! — Foi a vez de escutar o bramido de Kaller.
— John foi considerado cúmplice na fuga da híbrida — esclareceu Napoleon. — Ele está
foragido, mas receberá sua pena assim que o encontrarmos.
— Não há provas! — rebateu Kaller em tom desesperado. Tive pena dele. Mesmo
magoado com o filho, ele o defendia a todo custo. — Magnânimo Sertolin, não faça essa
injustiça. Estão cometendo um enorme equívoco. John foi influenciado pela híbrida. Ele não
traiu as normas do Grande Conselho.
— Trytarus viu John com a híbrida na Floresta Fria, Kaller. Eles estavam acompanhados
de Tom — respondeu o velho líder. — Viu mais alguém, mas não conseguiu identificar.
— Quem garante que as visões são perfeitas naquele local amaldiçoado? — Kaller
tentava convencê-lo do contrário.
— O imprestável do John não me ajudou em nada! — interrompi a conversa dos dois.
Tinha que inventar uma desculpa rápida que pudesse ajudar John. — Ele só queria se
aproveitar de mim, como todos vocês, seus zirquinianos nojentos!
Deu certo! Todos os rostos se viraram para mim.
— Eu entrei naquela floresta por conta própria, porque estava fugindo — continuei. —
Alguns dos seus tentaram me seguir, mas não foram corajosos o suficiente para enfrentá-la.
— Quase me convenceu — retrucou Von der Hess soltando uma risada abafada. — Só
faltaram as lágrimas humanas para o arremate final.
— Não se meta aonde não é chamado! — rebati.
— Não ouse duvidar da palavra da minha neta! — mentindo descaradamente e, para a
surpresa de todos, em especial de Kaller, Wangor saiu em defesa de John. — John de Storm
não ajudou Nina em momento algum. Foi tão incompetente quanto todos os meus homens! Tão
estúpidos que permitiram que uma simples garota lhes passasse a perna e conseguisse fugir
de Windston.
Von der Hess soltou outra gargalhada sinistra e seu capuz branco escorregou, deixando à
mostra boa parte do rosto horripilante. Muito mais do que ser pálido e com as córneas
completamente brancas, sua aparência meio homem, meio mulher se acentuava pela ausência
total de pelos. Ele era calvo, sem barba, sobrancelhas ou cílios.
— Deixe-a falar! — bradou Kaller. — A híbrida já está com seu futuro determinado. Não
tem nada a ganhar em nos contar a verdade!
— Verdade? — Von der Hess ridicularizava sob o exame minucioso de todos. — Ela é
uma híbrida! Preciso relembrá-los de que ela é uma bruxa com poderes obscuros?
— Bruxo é você, sua cobra albina! Quem me garante que não era você ou alguns de seus
homens atrás de mim lá na Floresta Fria? — desafiei-o feroz. — Quem nos garante que não
usou de algum tipo de bruxaria para incriminar John?
— Tão tola! E por que eu faria isso? — indagou tentando parecer indiferente. Entendi o
porquê de suas pupilas permanecerem sempre no seu estado vertical: desta forma Von der
Hess não estaria sujeito a ter suas emoções facilmente identificadas. Ele não poderia esperar,
no entanto, que eu detectaria um denunciador tremor em seu maxilar antes que ele tornasse a
cobrir o rosto com a manta branca.
Lancei-lhe um sorriso desafiador. Ele estreitou os olhos e se inclinou em minha direção.
— Calem-se! — determinou Sertolin. — Todos sabem que as visões de Trytarus nunca
falharam.
— Mas... — Kaller insistia.
— Cale-se — advertiu o velho líder com o tom de voz inalterado. — Prossiga, Ferfil.
— Terceiro tópico: o Grande Conselho condena ao Vértice em caráter irrevogável, e sob
a pena de execução máxima, Richard de Thron, seu principal resgatador. Como seus atos
ultrapassaram todas as penas de execução proclamadas por essa dimensão, foi determinado
que o mesmo será dado em sacrifício a Malazar assim que chegarmos a Sânsalun.
Mas... Malazar era Satanás!
Ah, não! Ainda que Rick sobrevivesse, dentro de quatro luas ele seria dado como
oferenda ao demônio!

meditação diária (cecp) dia 30

Meu estado natural é de perfeita saúde e alegria 

Oração do dia 30 Palavras para concretizar o paraíso aqui e agora.


Oração do dia 30
Palavras para concretizar o paraíso aqui e agora.
A meditação Shinsokan para se unir ao ser absoluto consiste tão-somente em mentalizar, com a mente serena: “Deus está dentro de mim, e o paraíso existe aqui e agora”. 

domingo, 29 de abril de 2018

56 - Dissipando a Raiva: Derrotando-a antes que ela derrote você - YOD KAF PE

56 - Dissipando a Raiva: Derrotando-a antes que ela derrote você - YOD KAF PE
Você pode duvidar de alguma vez ter sido o idolatra - mas a palavra ídolo expressa uma idéia mais ampla do que as estátuas de leões ou touros.
Um ídolo é um objeto, pessoa ou situação que domina seu comportamento.
A raiva é o sinal de que você está agindo de modo idolatra!
REFLEXÂO:
Em algum nível, todos são vulneráveis à idolatria, seja através da busca pela fama, seja através da veneração à riqueza e ao poder.
Reverenciamos imagens, especialmente a nossa própria imagem, à medida que nos sentimos obrigados a projetar para os outros.
A forma mais ostensiva de idolatria, segundo a Cabala, é a raiva. 
Alguma coisa externa está controlando nossas emoções e reações.
Quando o computador pifa, perdendo arquivos importantes, e explodimos de raiva, estamos nos curvando diante de um ídolo de silicone.
Quando levamos uma fechada no trânsito e começamos a xingar, estamos idolatrando um deus metálico. 
Quando perdemos a calma com nosso cônjuge ou filhos, e lhes causamos sofrimento injusto, estamos idolatrando um ídolo da escuridão.
Quando nos devotamos a ídolos, permitindo que situações externas ou outras pessoas instiguem a raiva e a ira dentro de nós, cortamos nossa conexão com a Luz. 
Este é um grande erro, já que a Luz é a verdadeira fonte da satisfação de nossos desejos mais profundos.
AÇÂO:
Invocando o poder deste Nome, você retira o poder e a fascinação dos ídolos que controlam o mundo.
A raiva é purgada de seu coração. 
Sua felicidade e paz mental são geradas a partir de dentro.

MEDITE NESTAS LETRAS E VOCALIZE: Peví
AÇÃO: Experimente doar algo seu que você considere importante ou valioso. Com isso você experimentará a libertação que vem com o desapego.

Minutos de Sabedoria 89

Minutos de Sabedoria
89
Não perca sua serenidade. A raiva faz mal à saúde, o rancor estraga o fígado, a mágoa envenena o coração. Domine suas reações emotivas. Seja dono de si mesmo. Não jogue lenha no fogo de seu aborrecimento. Esqueça e passe adiante, para não perder sua serenidade. Não perca sua calma. Pense, antes de falar, e não ceda à sua impulsividade.

Carlos Torres Pastorino

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária

Seicho-No-Ie do Brasil - Mensagem Diária
DENTRO DE VOCÊ MESMO EXISTE A CAPACIDADE PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS.
 
As lições a serem aprendidas nesta vida são muitas; mas não precisamos nos preocupar, pois existe um princípio maravilhoso, segundo o qual “jamais nos serão apresentados problemas que não consigamos solucionar”. Existem muitos problemas difíceis, mas para o sr. A são apresentados problemas que somente ele pode resolver, assim como para o B são apresentados problemas que somente ele consegue solucionar.

29º Dia do Mês

29º Dia do Mês
1. Neste dia do mês realize um exercício de concentração generalizante: Reveja todos os
exercícios do primeiro ao vigésimo oitavo dia. Mas você deve absorvê-los em um único
instante. Isto é importante! Segure o caminho percorrido neste mês em um único
momento de percepção. Ao fazê-lo, você envia o seu trabalho a uma análise específica.
Neste dia você criar uma plataforma para o trabalho do próximo mês. Você pode
visualizar tudo que você fez na forma de uma esfera e em seguida, defina essa esfera
em uma linha reta se estende infinitamente cujo ponto de partida representa o mês
seguinte. Este fornece não só uma plataforma para o próximo mês, mas também para a
sua evolução sem fim.

2. Dígitos para Concentração
* Concentre-se intensamente na sequência de sete números: 1852142
* Concentre-se intensamente na sequência de nove números: 512942180

3. Olhe para o mundo com seus próprios olhos. Olhe para o mundo com todos os seus
sentimentos. Olhe para o mundo com todas as suas células. Olhe para o mundo com
todo o seu corpo e com tudo aquilo com que você pode ver e que você é. Olhe para o
mundo e para si mesmo, olhe para dentro de si mesmo. Olhe para o mundo com o
conhecimento que o mundo é em torno de você, que te envolve. Olhe para a realidade
que lhe concede vida. Olhe para a realidade que lhe concedeu a eternidade e você
verá que onde quer que você olhe, existe apenas esta realidade que lhe concede a
vida e a eternidade.
O Criador desta realidade é Deus. E Deus, que criou esta realidade, criou a vida eterna.
Ele te vê como você se vê e o vê como você não se vê. Ele é o seu Criador. Ele é o seu
Deus.

94 - Louise Hay

94- “Mereço o melhor e aceito o melhor agora.”

capitulo 2

CAPÍTULO 2
Naquela fração de segundos, perdi as contas de quantas vezes me perguntei se tudo
aquilo era real. Já deveria estar habituada aos pesadelos a que fui submetida nos últimos dois
meses da minha vida, mas os acontecimentos se atropelavam em uma velocidade tão absurda que era praticamente impossível processar tudo que ocorria ao meu redor.
Havia tensão no ar.
Kevin me puxou para junto dele e não reagi. Jamais poderia imaginar que um dia ficaria satisfeita em ir com ele. Se Stela estava realmente viva, ela só poderia estar em Marmon. E
eu precisava de minha mãe. Da força que apenas ela seria capaz de gerar em mim. Tinha que lhe pedir perdão por tudo, especialmente por ter sido tão cega, tão egoísta.
Como não fui capaz de enxergar todas as loucuras que ela fez por mim? Minha mãe, a pessoa que mais amei no mundo, ainda estava viva. E agora era a minha vez de retribuir o sentimento com que fui inundada, salvá-la, assim como ela fez comigo a partir do momento em que fui concebida. Precisava lhe confessar que tinha muito orgulho em ser sua filha e que a amava acima de tudo.
— Você realmente acredita que sairá daqui com ela, rapaz? — indagou sarcástico o líder de Thron enquanto fazia a varredura do horizonte. O sol de Zyrk surgia timidamente e a neblina começava a se dissipar. Ao longe uma nuvem ganhava definição: um exército de imponentes
cavalos brancos avançava em nossa direção.
— O que pretende fazer, senhor? — Muito antes de olhar, reconheci o dono daquela voz humilde: era Ben. — Richard já está muito mal — apontou preocupado para o corpo desacordado do amigo.
Shakur não respondeu e, com a postura rígida, encarou Richard por um longo momento.
Sua figura negra parecia mais enigmática e assustadora do que nunca.
Quis desviar meu olhar, mas me vi aprisionada em uma terrível constatação: agora que o dia clareava era possível averiguar os terríveis danos no corpo inerte de Richard: supercílio aberto, rosto ensanguentado e sujo de areia, lábios sem cor, costas, braços e abdome repletos de cortes, mãos sujas e pernas tingidas em vermelho vivo do sangue que escorria. O sol de Zyrk não refletia apenas a tensão nos rostos que me rodeavam, mas clareava também
meu cérebro e chacoalhava meu raciocínio.
Ao seu modo, Richard não havia me traído!
Ele tinha conhecimento de que Stela estava viva e me escondeu esse fato porque sempre soube que eu não partiria sem ela e que acabaria colocando minha vida em risco ao
permanecer em Zyrk. Não apenas a minha existência, mas a de milhares estava em jogo.
Richard sabia que já estava condenado ao Vértice devido aos stúpidos erros que havia cometido por minha causa. Tinha ciência de que seus dias estavam contados e de que nunca haveria um futuro para nós. Ele havia me enganado novamente, mas não em proveito próprio.
Todas as loucuras que fez foi para me manter viva, para me livrar da sua gente. Senti o gosto amargo da decepção sendo gradualmente substituído pelo doce sabor do perdão. Quem diria?
Minha morte dera sua vida por mim. Ela preferiu abreviar a própria existência para permitir que eu pudesse viver, para que eu tivesse uma história com início, meio e fim.
Pobre Rick! Ele só havia se esquecido de um detalhe monumental: se eu partisse para a segunda dimensão, eu também morreria. Seu coração zirquiniano não tinha entendimento de que só existe vida onde há amor. E os amores da minha vida estavam ali, em Zyrk.
O som de uma corneta ecoou pela planície desértica e senti uma ardência em meu pescoço.
— Merda! O que eles estão fazendo aqui? — praguejando e me trazendo à realidade, Kevin arrancou meu cordão com violência. Vi quando as pedras marrons escorregaram de seus dedos e suas pupilas trepidaram. Instintivamente amassei a fotografia em minha mão. Ele
não ia tirá-la de mim!
Um porta-estandarte vinha à frente de um pequeno exército de imponentes cavalos brancos. Ele tinha uma bandeira com um trevo de quatro folhas. Em cada folha havia o brasão de cada um dos reinos de Zyrk. Três deles me eram familiares e julguei ser de Marmon o
brasão desconhecido onde havia o desenho de uma pena sobre um papiro aberto. Em seguida, identifiquei a flor de Thron, o raio de Storm e o punho fechado de Windston. No centro do trevo havia um círculo com o desenho de um pássaro voando e carregando uma argola em seu bico. Ele parecia atravessar um portal, pois a parte posterior do seu corpo não era visível.
— Parado, resgatador! — começou em alto tom um homem de meia idade montado em um cavalo atrás do porta-estandarte. Ele era tão magro que as linhas pronunciadas dos seus maxilares davam-lhe uma parência cadavérica. — Até segunda ordem, todos os presentes estão presos e serão levados para Sânsalun, onde serão julgados por terem  nfringido as normas fundamentais do Grande Conselho de Zyrk.
Sânsalun? Grande Conselho?
Um murmurinho baixo. Foi tudo que escutei antes de um silêncio perturbador preencher o lugar. Por que ninguém reclamou ou partiu para o confronto? Por que nenhum dos presentes foi contra a ordem dada se o número de homens de branco era bem menor que o grupamento de Kevin e Shakur juntos? Olhei furtivamente para os rosts de Kevin, de seus homens e até mesmo para a metade descoberta da face de Shakur e me deparei com semblantes que variavam entre apreensão e medo. Fui acometida por um surto de compreensão e senti a saliva gelada grudar em minha garganta: conhecendo o temperamento hostil dos zirquinianos, havia um motivo grave para o estado de submissão de Shakur, Kevin e companhia. Os homens de branco montados em seus cavalos também brancos deviam ser exemplares zirquinianos mais poderosos do que aqueles que me rodeavam.
— A híbrida! — soltou o homem cadavérico quando nossos olhares se cruzaram. — Como eu desejei que essa lenda fosse falsa...
— Não entendo, caro Napoleon. O Grande Conselho disse que se manteria afastado deste assunto e... — Kevin tentou argumentar com uma voz calma e gentil. Sua típica voz de serpente pronta para dar o bote.
— Isso foi antes dessa bagunça que vocês aprontaram, resgatador — interrompeu o tal
Napoleon. — Tiveram a chance de eliminá-la ainda na segunda dimensão e a deixaram
escapar. Aqui em Zyrk a híbrida é um perigo incomensurável.
— Mas...
— Calado, resgatador! A não ser que deseje aumentar sua pena — rebateu Napoleon. —
Venha para cá, híbrida! Agora!
Relutante, senti os dedos ofídicos de Kevin liberando meu braço.
— Vá — disse a víbora em alto tom, mas não sem antes cochichar em meu ouvido: —
Não se alegre. Será por pouco tempo.
— Estou contando com isso — sussurrei de volta. Ele fechou a cara.
Por enquanto quero ver no que toda essa confusão vai dar, foi o que eu não disse. O
que também não disse era que eu entrara naquele jogo de cartas marcadas e estava apenas
aguardando a minha vez de jogar. Não havia mais temor dentro de mim e uma força
arrebatadora me impelia a ficar ali e entender meu destino.
Sob a vigilância de todos os olhares, desci com cuidado a montoeira de rochas
irregulares até chegar à base da montanha. Estanquei o passo.
Não! Não! Não! Continuem caminhando, pernas!, ordenava aflita minha razão. Ela sabia
que eu não suportaria vê-lo caído ali tão perto... Ah, Rick! Estava difícil demais não me jogar
sobre seu corpo combalido, sua musculatura e rosto perfeitos ocultados pela capa de sangue
e areia. Não olhe, Nina! Ninguém pode suspeitar sobre o que você sente por ele. Aguente
firme! Mas, e se fosse a última vez que o visse? E se eu o perdesse para sempre? Céus! Eu
precisava tranquilizá-lo, agradecer por tudo que fez para me salvar. A última imagem que
Richard guardou de mim não fazia jus ao sentimento arrasador que nutria por ele. Só um
afago, um mínimo toque, um...
Um relinchar alto. Atordoada, revirei o rosto e me deparei com o enorme cavalo negro de
Shakur passando como um raio por mim e indo em direção ao corpo desacordado de Richard.
O animal estava nervoso. Shakur o impelia a isso. O cavalo empinou nas patas traseiras. O
que aquele líder de negro ia fazer? Ele ia pisoteá-lo? Shakur ia acabar de matá-lo?
— NÃO! — Ouvi um berro, mas não foi o meu porque minha voz entrou em estado de
choque e simplesmente travou na garganta. O cavalo negro bufou ainda no ar e Shakur
conseguiu contê-lo a tempo de evitar outra morte. Quando suas patas dianteiras tocaram o
chão, passaram de raspão pelas costas ensanguentadas de Richard. — Ora, ora... Quanto
tempo! Vejo que seu gênio continua indomável, caro líder!
Shakur não respondeu, permanecendo indecifrável por detrás de sua máscara negra. Vi
quando seus olhos azuis se estreitaram e correram furtivamente de mim para Richard e depois
tornaram a encarar Napoleon. O homem de branco fez um sinal com a cabeça e dois de seus
homens vieram em minha direção. Eles tinham a fisionomia assustada enquanto prendiam as
minhas mãos com cordas e me levavam até o cavalo ao lado do seu líder.
— Esse resgatador é um homem condenado e agora está sob os desígnios do Grande
Conselho — retrucou Napoleon. — Entendo que você queira vingar a morte de Collin, seu filho,
mas Richard de Thron foi condenado ao Vértice e pagará com a pena máxima de Zyrk.
— Isso é ridículo! — trovejou Shakur, balançando as rédeas do seu animal de um lado
para o outro. — Há centenas de anos não empregamos tal penalidade e vocês não podem me
tirar esse direito. Richard traiu Thron e cabe apenas a mim penalizá-lo.
— São ordens do Conselho! — bradou Napoleon. De perto, sua figura era ainda mais
magra que imaginei e veias arroxeadas saltavam em sua pele sem viço. — A híbrida ficará sob
meus cuidados durante todo o percurso até Sânsalun — determinou enquanto puxava as
rédeas do seu cavalo com força exagerada.
— São oito luas até Sânsalun! — reclamou Kevin. — É muito tempo.
— A viagem será concluída na metade do tempo — rebateu Napoleon.
— Então teremos que viajar à noite! — afirmou Ben preocupado.
— Eu não disse que todos concluirão a viagem, resgatador — Napoleon deixou escapar
um sorriso irônico.
Os homens entreolharam-se, evidenciando faces sem cor em semblantes repletos de
vincos. As palavras nas entrelinhas de Napoleon... Muitos deles morreriam durante esse
trajeto até Sânsalun? Era isso?
— Os governantes precisam ser avisados sobre o julgamento! — Kevin se adiantou.
— Já enviamos mensageiros aos três clãs — Napoleon alargou o sorriso torto. —
Obrigado por me poupar um mensageiro, Shakur.
— De nada — rebateu o líder de Thron, encarando-o com sua postura altiva e
assustadora de sempre. — É sempre um prazer estar à frente dos demais. Na verdade, sinto
grande pesar — soltou uma risadinha sarcástica —, em saber que estou à frente inclusive de
incompetentes que integram o quadro atual do Grande Conselho.
Fato: os dois travavam uma discussão particular.
— Shakur ficará em um animal à minha frente para que eu possa vigiá-lo! — Napoleon
fechou a cara e comandou: — Amarrem os resgatadores principais e os prendam aos seus
cavalos. Os demais farão a viagem a pé.
— Pouparíamos energia se deixássemos o resgatador principal de Thron aí mesmo, caro
mestre — comentou um soldado de branco. — Nos poupará tempo e trabalho também. Ele
não sobreviverá à viagem de qualquer forma.
Senti um misto de pavor e angústia com aquelas palavras. Richard não podia morrer. Ele
tinha de aguentar e sobreviver. Ele sempre foi tão forte, resistente à dor, destemido e tão
cheio de vida que a ideia de perdê-lo parecia algo impossível, intangível, como se ele fosse um
super-herói, um imortal. Mas ele não era. E, em questão de dias, horas talvez, ele poderia não
mais existir. Estremeci quando uma voz interior começou a me preparar para o pior.
— Eu sei — Napoleon finalmente parou para estudar o corpo destroçado de Richard. —
Mas o crime deste resgatador foi sério demais para ter uma partida tão simples assim. Ele
servirá de exemplo e deverá ter uma punição à altura de seus erros. Além do mais, Sertolin,
nosso líder, não quer que deixemos ninguém para trás.
— Como preferir, senhor. — O subalterno repuxou os lábios e tornou a se posicionar
atrás de Napoleon.
— Prendam todos! — tornou a ordenar Napoleon e os soldados de branco acataram,
mas, em vez de virem em nossa direção com armas em punho, começaram a rodar os braços
no ar como vaqueiros girando cordas para laçar um animal. Comprimi os olhos quando uma
súbita ventania avançou sobre o meu rosto. Vários redemoinhos de energia surgiram no ar,
faiscantes e perigosos, e uma grande teia de eletricidade foi sendo tecida bem diante de
nossos olhos. Então entendi o que estava acontecendo ali afinal de contas: Magia! Era por
isso que ninguém contestou a ordem dada por Napoleon: ele tinha poderes sobrenaturais e
não vinha acompanhado de um exército comum, mas sim de um batalhão de magos
disfarçados em trajes de soldados brancos.
— Não! — berrou Ben, avançando com seu animal para proteger Shakur quando
Napoleon moveu suas mãos em direção ao líder de preto. Num passe de mágica, seu cavalo
tombou, desacordado, enquanto o corpo do pobre coitado era suspenso no ar. Ele se
contorcia com violência, como se estivesse em convulsão. Ben queria berrar, mas voz alguma
era emitida de sua boca e apenas um filete de sangue surgiu em seu lugar. Seu rosto foi
tomado pela cor roxa e seus olhos começaram a ficar estranhos, ausentes. Céus! Napoleon o
estava matando!
— Pare com isso! Não irei resistir — trovejou Shakur, apontando o dedo para Napoleon.
— Liberte o infeliz, Napoleon!
Detectei o olhar frio do bruxo ficando hesitante. Em seguida Napoleon diminuiu o
movimento de seu braço, abriu um sorriso mordaz e Ben caiu desacordado aos pés do líder de
Thron, que apenas soltou um suspiro rouco, abaixou a cabeça e deixou os ombros tombarem,
em sinal de sua própria rendição.
— Como conseguiram as pedras malditas? Onde elas estão? — indagou subitamente
Napoleon.
Kevin fez uma cara cínica, Shakur não se mexeu e os resgatadores de ambos os grupos
permaneceram em um silêncio perturbador. Por que Napoleon não utilizava sua poderosa
magia para detectar onde as pedras-bloqueio estavam? Por que ninguém ali falava a
verdade? Por que não delataram a víbora do Kevin? Encarei Kevin que olhou rapidamente
para mim e notei um discreto trepidar de suas pupilas. Tive uma vontade louca de gritar e dizer
que as malditas pedras estavam ali, com ele. Assim aquele crápula também seria condenado
ao Vértice e eu me veria livre de sua cara asquerosa para sempre. Mas algo dentro de mim
sinalizava para ficar quieta como todos os demais.
— Se algum de vocês souber sobre o paradeiro destas malditas pedras-bloqueio é
melhor que fale agora ou também será considerado cúmplice na fuga da híbrida. É meu último
aviso — ameaçou sombrio Napoleon, desconfiado com o suspeito silêncio. — Muito bem.
Vocês pediram.